há 3 horas
Amanda Martins

Em mais um capítulo decisivo da recuperação judicial do Paraná Clube, a Assembleia Geral de Credores (AGC) aprovou, nesta quinta-feira (19), um novo plano que prevê uma medida inédita no futebol brasileiro: o leilão da SAF do clube. A decisão desagradou a diretoria paranista e levou a NextPlay Holding SA, única empresa que havia apresentado proposta vinculante de compra, a retirar oficialmente sua oferta.
O novo plano ainda depende da análise e aprovação da juíza da recuperação judicial, Mariana Gusso, que deve se manifestar nos próximos dias. Se homologado, o leilão deverá ocorrer até fevereiro de 2026, quando acontece a próxima reunião de credores.
Leilão inclui SAF e sede da Kennedy
O plano aprovado determina o leilão da SAF, estruturada como Unidade Produtiva Isolada (UPI) do futebol, e também da sede da Kennedy, que seriam ofertadas de forma independente. A proposta modificativa apresentada pela NextPlay, que incluía um novo modelo de pagamento das dívidas, foi rejeitada pelos credores.
Sem o aval, a empresa retirou sua oferta. Segundo parte dos credores, as alterações solicitadas pela NextPlay não transmitiam segurança sobre os pagamentos a longo prazo.
Clube critica decisão; credores defendem transparência
Em nota, o Paraná Clube afirmou ser contrário ao plano aprovado e sustentou que o modelo de leilão “gera insegurança jurídica”, podendo afastar investidores e comprometer a estabilidade do processo de recuperação judicial. O Comitê de Credores, porém, avalia que o leilão é o melhor caminho.
Risco de falência divide opiniões
Com a saída da NextPlay, até então a única proposta concreta, aumentam as incertezas sobre o futuro paranista. Parte dos credores entende que, se o leilão não ocorrer até fevereiro, o clube pode enfrentar risco real de falência.
Outra ala ligada ao Tricolor acredita que o plano ainda será modificado e que há espaço para ajustes que atraiam novos investidores, sem ampliar o risco de colapso financeiro.
Enquanto isso, o Paraná precisa planejar sua participação na Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense de 2026, tentando retornar à elite estadual.
Como era a proposta da NextPlay
A oferta retirada previa:
R$ 10 milhões investidos em 2026, ano em que o clube disputará apenas a Divisão de Acesso;
Crescimento gradativo de aportes conforme o calendário fosse ampliado;
Investimento mínimo de R$ 21,9 milhões na temporada prevista para retorno à Série D, em 2028;
R$ 10 milhões para transformar a Vila Olímpica (Érton Coelho Queiroz) em novo Centro de Treinamento;
Regularização jurídica e reforma da Vila Capanema;
Proposta global que poderia chegar a R$ 687 milhões, dependendo de metas de desempenho.
Segundo o clube, o plano também destinava mais de R$ 130 milhões aos credores e previa o pagamento integral do passivo fiscal.
Nota do Paraná Clube
O Paraná reforçou que respeita o direito de decisão dos credores, mas lamentou a falta de consenso. Para a diretoria, o texto aprovado “afasta potenciais investidores” e compromete o andamento regular da recuperação judicial. Com a retirada da NextPlay, o processo segue seu trâmite até decisão final do Judiciário.