Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

D’P Esporte: Rafael Peixoto – Da bola ao microfone!

2022-04-08 às 16:21

por Michelle de Geus

Após cinco anos defendendo a camisa do Operário, o lateral esquerdo Rafael Peixoto conquistou o carinho da torcida e foi decisivo para a conquista de alguns dos principais títulos estaduais e nacionais do clube. Desde 2020, “Peixoterror” abandou o futebol profissional e agora usa a sua paixão e conhecimento para atuar como comentarista esportivo

 

Durante cinco anos, o lateral esquerdo Rafael Farias Peixoto entrou em campo usando a camisa do Operário Ferroviário Esporte Clube. O carisma único e o talento com a bola o transformaram em ídolo da torcida do Fantasma. Defensor com o maior número de gols da história recente do clube, o atleta ficou carinhosamente conhecido como “Peixoterror”. Em 2020, ao ser desligado do Operário, Peixoto seguiu o caminho já conhecido por outros craques e migrou dos campos para os microfones. Atualmente, o atleta emprega a sua simpatia e o seu conhecimento como comentarista esportivo do programa Manhã Total, da rádio Lagoa Dourada.

Peixoto confessa que, quando foi comunicado sobre a decisão da diretoria do clube, ainda não tinha em mente mudar de carreira. “Embora eu não tenha jogado em nenhum outro time neste período, permaneci treinando durante aproximadamente um mês, como se fosse continuar a carreira como atleta. Só então eu decidi, com a minha família, que já era a hora de parar”, explica. Os convites para atuar como comentarista esportivo em emissoras locais não demoraram a chegar, e a paixão pelo futebol fez com que ele aceitasse o desafio. Antes da estreia na Lagoa Dourada, Peixoto também esteve à frente dos microfones da rádio CBN.

Aos 38 anos de idade, o ex-atleta não esconde as dificuldades de uma grande mudança nesta altura da vida. “O início foi, sim, muito desafiador. Eu jamais imaginei que essa seria a carreira que eu seguiria pós-futebol, ainda mais depois de quase 20 anos como atleta. A minha rotina mudou drasticamente, mas estou muito feliz com a decisão”, garante, ressaltando que tem estudado e aprendido muito para transmitir aos ouvintes a melhor experiência possível e que não descarta a possibilidade de seguir carreira como comentarista esportivo. “Hoje essa é a minha profissão. Então procuro estudar e aprender cada dia mais. Agora, o futuro só Deus sabe, mas tenho gostado muito de comentar e estar ligado ao futebol”, aponta.

 

         O jogo de um novo ângulo

Deixar o campo e encarar o microfone não é tarefa fácil. É preciso analisar friamente todas as jogadas e, ao mesmo tempo, transmitir aos ouvintes a emoção de cada partida. Por conta disso, Peixoto relata que o trabalho como comentarista mudou a sua forma de enxergar o futebol. “A visão que temos como atleta talvez não seja de análise, mas, sim, do que você precisa fazer naquele momento. Já como comentarista, você precisa ter uma visão mais ampla e técnica do jogo”, compara.

Deixar de lado a preocupação com gols, faltas, defesas e marcações é uma das coisas que mais atraem Peixoto no trabalho como comentarista. “A parte mais emocionante é analisar o jogo de forma mais geral e ter que transmitir aos ouvintes o que acontece na partida. É claro que a experiência de ter sido um atleta profissional contribui muito para isso”, avaliar.

“Eu jamais imaginei que essa seria a carreira que eu seguiria após o futebol, ainda mais depois de quase 20 anos como atleta”

 

FICHA TÉCNICA

Data de nascimento: 27 de janeiro de 1984

Local de nascimento: Pelotas, Rio Grande do Sul

Altura: 1,86 m

Peso: 81 kg

Categorias de base: Internacional e Juventude.

Clubes profissionais: Pelotas, São Paulo (RS), Guarani, Novo Hamburgo, Caxias, Bagé, Iguaçu, J. Malucelli, Linense, Camboriú, Concórdia, Juventus (SC) e Operário

 

         Do outro lado do muro

De perguntas inconvenientes a respostas grosseiras, a relação entre jogadores de futebol e profissionais da imprensa nem sempre é das mais tranquilas. Após a experiência nos dois lados do microfone, Peixoto acredita que é possível construir um bom relacionamento entre atletas e mídia, desde que baseado no diálogo e no respeito. “A relação do jornalista com o jogador de futebol se torna tranquila quando é feita com respeito, sem entrar em questões pessoais e apenas focando no futebol. O jornalista sabe que o papel dele é de formador de opinião, da mesma forma que o atleta sabe quando a crítica ou o elogio têm a ver com o jogo ou com qualquer outro problema fora de campo”, pondera.

 

         Um ano promissor para o Operário

Além da disputa do Campeonato Paranaense, em abril o Operário começa a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Na condição de ex-jogador do clube e agora comentarista, Peixoto acredita que o Fantasma vem apresentando um bom desempenho. “Hoje, vejo o Operário vivendo um grande momento dentro de campo. Acredito que, por ter um bom grupo de atletas, tem dado confiança para a comissão técnica rodar o elenco e manter o nível de atuação”, analisa. O comentarista acredita que o clube tem tudo para continuar criando boas condições para gols e se destacar nas competições. “Ainda estamos no começo do ano, com muitos jogos pela frente, e provavelmente mais alguns atletas cheguem para ajudar, mas o Operário vive um bom momento e vai fazer um ótimo ano”, prevê.

 

         Nome gravado na história do clube

A história de Peixoto e do Operário se confundem. Foi no clube que o atleta, natural de Pelotas (RS), encontrou a sua verdadeira casa. De todos os times em que atuou, foi a camisa do Fantasma que ele vestiu por mais tempo. Foram cinco anos (2015-2020) entrando em campo para defender o alvinegro, uma trajetória que só não foi contínua porque, em 2016, quando o clube foi rebaixado no Paranaense e ficou sem calendário no segundo semestre, Peixoto foi emprestado para o Linense.

O atleta conquistou o carinho da torcida e passou a ser considerado um ídolo do clube. “Quando cheguei, não imaginava que ficaria tanto tempo e conquistaria tantos títulos com o clube”, afirma. Peixoto participou da ascensão do Fantasma no cenário estadual e nacional. A sua atuação ajudou a garantir os títulos de Campeão Paranaense 2015, Campeão Brasileiro da Série D 2017, Campeão Brasileiro da Série C 2018 e Campeão Paranaense da Segunda Divisão 2018. “Sou grato a Deus por tudo que passei com a camisa do Operário e pelo carinho do torcedor até hoje”, afirma.

         Tamanha admiração não é por acaso. Em pouco mais de três anos, foram quatro troféus conquistados. Peixoto também é considerado o jogador da defesa com o maior número de gols na história recente do clube. Ele esteve em campo em 125 jogos e balançou as redes 14 vezes. De todas essas oportunidades, apenas em 12 confrontos o lateral esquerdo não estava no elenco principal. Ao todo, foram 65 vitórias, 29 empates e 31 derrotas com a camisa alvinegra.

Por conta de tudo isso, o ex-jogador não esconde a mistura de sentimentos ao ser desligado do clube. “Fiquei muito triste, mas, ao mesmo tempo, entendo que uma hora o ciclo acabaria, assim como a minha carreira de atleta um dia chegaria o fim. Para mim, o mais importante é que posso voltar ao clube e conversar com todos tranquilamente, sem mágoas ou ressentimentos”, destaca.

“Fiquei muito triste [com a demissão do Operário], mas, ao mesmo tempo, entendo que uma hora o ciclo acabaria”

TRAJETÓRIA NO OPERÁRIO

Jogos: 125

Gols: 14

Titular: 113 jogos

Reserva: 12 jogos

 

Aproveitamento:

Vitórias: 65

Empates: 29

Derrotas: 31

 

Principais títulos:

Campeão Paranaense 2015

Campeão Brasileiro da Série D 2017

Campeão Brasileiro da Série C 2018

Campeão Paranaense da Segunda Divisão 2018

 

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #289 Março/Abril de 2022.