Antes de concluir os estreitos, Kriger quer focar no triatlo, se preparar para o mundial da modalidade e, até 2025, participar de um ultraman – prova de três dias composta por 10 km de natação oceânica, 421 km de ciclismo e 84 km de corrida.
A Secretaria estadual do Esporte iniciou nesta segunda-feira (19) a capacitação dos profissionais de educação física que se inscreveram para atuar nos Jogos de Integração do Idoso (JIIdos). Os jogos acontecerão entre os dias 26 de agosto e 1° de setembro, em Guaratuba e Pontal do Paraná, no Litoral do Estado. Neste ano, a abertura das competições terá como convidado especial Joel Kriger, 69 anos, conhecido por suas aventuras em esportes.
Sedentário até os 50 anos, Joel se apaixonou pelo esporte em 2003 e de lá pra cá escalou sete das mais altas montanhas do mundo e agora completa o desafio dos sete mares. Com quase 70 anos, ele ainda quer disputar um triatlo e participar de um ultraman. Na sua palestra, Kriger abordará o esporte como caminho para motivar as pessoas.
Promovidos pelo Governo do Estado, os Jogos do Idoso buscam integrar os participantes por meio de oficinas e competições esportivas de modalidades adaptadas, como vôlei de praia, vôlei câmbio, vôlei no escuro (participantes acima de 70 anos), peteca, basquete relógio e handebol por zona. É possível participar de competições individuais como tênis de mesa, dama, xadrez e dominó.
Em 2019, dos JIIdos foram incluídos na lista de Jogos Oficiais do Estado, com a participação, naquele ano, de 15 municípios. Em 2021, houve a adesão de mais de 40 municípios paranaenses. A participação de profissionais de educação física capacitados pela Secretaria do Esporte possibilita reforçar o atendimento durante as competições e, além disso, há um melhor desenvolvimento das competições. A hospedagem e alimentação dos participantes é bancada pelo governo estadual.
Paixão
Na sua participação, Joel Kriger vai também distribuir seu livro ‘Suba, Nade, Corra, Pedale’, que tem como retorno cestas básicas para pessoas necessitadas. Nascido em 1953, Kriger se formou em Computação no Rio de Janeiro. Ele conta que em fevereiro de 2003 um amigo o convidou para um trekking (modalidade de caminhada feita em locais que possibilitam maior contato com a natureza), no campo base do Everest, no Himalaia. Foi neste episódio que a aventura da sua vida começou.
“Fui porque disseram que eu não conseguiria”, conta Joel, hoje um inquieto da prática do esporte. Quando voltou ao Brasil, Kriger voltou a treinar com apenas um objetivo: subir os sete cumes – as montanhas mais altas de cada continente. Em 2008, ele passou pela África e cumpriu uma das metas, subiu o Kilimanjaro, a montanha mais daquele continente. “É a montanha mais bonita de todas, você sai da floresta tropical, passa pela savana africana, passa pelo deserto e quando você chega lá em cima tem neve”, complementou.
Em maio de 2022, 14 anos depois, Kriger se tornou o brasileiro mais velho a chegar ao topo do Everest, aos 68 anos. Ele passou mais de um mês subindo a montanha até chegar ao topo, na madrugada de 15 de maio. “A vida da gente tem muitas coisas que dão essa satisfação, mas chegar ao Everest foi um sucesso pessoal, que dependeu de esforço, da compreensão da família. É mais uma etapa da minha vida que foi cumprida”, disse.
A conquista o ajudou a concluir o ‘desafio dos sete cumes’, juntando ao Everest e ao grupo de Kilimanjaro, o Elbrus (Europa), o Cartzen (Oceania), o Denali (América do Norte), o Aconcágua (América do Sul) e o Vinson, no Polo Sul.
Sete mares
Um de seus objetivos passou a ser, então, completar o desafio dos sete mares, que consiste em atravessar sete canais ou estreitos, dentro do que é conhecido como maratona em águas abertas: Estreito de Cook, Estreito de Tsugaru, Canal da Mancha, Canal do Norte, Canal de Catalina, Canal de Moloka’i e Estreito de Gibraltar, o qual Joel afirma ser ‘um passeio’.
O Canal da Mancha, percurso de 40 quilômetros que separa a Grã Bretanha da França, é a meta para 2023. A prova é individual, sem roupa de borracha, apenas um creme que é passado pelo corpo para proteção e um barco acompanhando o trajeto.
Joel não finalizou a prova na primeira vez que tentou. “Nadei por sete horas e ‘quase morri’”, conta. A dois quilómetros do fim, o mar o empurrava para trás enquanto ele, por vinte minutos, nadava sem sair do lugar. “Foi exaustão total, você via a terra e não chegava e os acompanhantes me tiraram da água porque achavam que eu não ia conseguir”, afirmou. Em agosto, ele pretende voltar ao canal para terminar a prova.
Antes de concluir os estreitos, Kriger quer focar no triatlo, se preparar para o mundial da modalidade e, até 2025, participar de um ultraman – prova de três dias composta por 10 km de natação oceânica, 421 km de ciclismo e 84 km de corrida.