Quinta-feira, 16 de Maio de 2024

Médico e paratleta Carlos Garletti é homenageado pela Assembleia Legislativa do Paraná

2024-04-29 às 14:28

Um acidente de parapente em 2002 mudou a vida de Carlos Henrique Garletti. O impacto fez com que ele sofresse uma fratura na lombar, o que diminuiu a força de suas pernas. No entanto, o fato de gostar de esportes acabou fazendo com que ele redirecionasse seus esforços para a prática do tiro esportivo. “Antes de me acidentar eu era maratonista, fazia triathlon de longa distância, era muito envolvido com esporte. E quando eu me acidentei acabei usando o esporte como uma forma de reabilitação. Claro, comecei a fazer natação, a tentar fazer exercícios para poder recuperar, né? E tive a oportunidade uma vez de assistir uma competição de tiro paralímpico esportivo. Eu falei ‘cara, que legal’, sempre fui muito bom de tiro, mas isso com os amigos, né, e acabei podendo me dedicar um pouco a isso e conseguindo ter um resultado muito significativo já na primeira competição”, conta.

Ele conta que os primeiros resultados começaram a aparecer em 2003 e três anos depois participava pela primeira vez de uma competição internacional, na Europa. “Fui o primeiro atleta brasileiro a conseguir um índice olímpico numa prova oficial e isso já abriu a vaga para que nós colocarmos um atleta em Pequim, em 2008, que acabou sendo eu de novo”, detalha.

Em uma das ironias grandes ironias que a vida proporciona está o fato de que, além de atleta paralímpico, Garletti atua como oftalmologista em Ponta Grossa e em diversos países do mundo, trabalhando como médico classificador funcional. Sua atuação no esporte e na medicina rendeu, na última quarta-feira (24) uma homenagem na Assembleia Legislativa do Paraná.

“Eu pedi para o comitê me mandar para fazer um curso, eles aceitaram, e fui em 2008 para a Turquia. Acabei me tornando o primeiro classificador de tiro das Américas, isso em 2008, né? Nisso eu acabei me envolvendo mais com o esporte, então além de atirar, eu participava também na parte médica e nisso surgiu uma parte para poder fazer parte de classificação de atletas cegos”, conta. Em complemento, Garletti diz que já apresentou trabalhos em congressos de experts e que integra o grupo de apenas 45 médicos do mundo que estão aptos como classificadores internacionais. “Para mim é muito gostoso porque, primeiro, você está fazendo uma coisa voltada ao esporte, que é uma coisa que eu gosto demais. Segundo, você está lidando com a parte médica, que é uma coisa especializada que eu tenho. Poder fazer isso de uma forma que você consiga juntar as duas é uma coisa assim maravilhosa, tanto que é algo assim que eu dedico muito tempo. Você acaba conhecendo muita cultura, viaja o mundo. Eu já conheço cinco continentes fazendo isso, então acaba sendo uma coisa muito gostosa”, afirma.

Treinos e conquistas

Carlos coleciona participações em diversas competições, como Parapan-Americanos, Copas do Mundo e Abertos Internacionais. Entre suas conquistas estão: Prata no R6 Rifle deitado 50m SH1 nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; prata na carabina de ar 50m misto nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019; bronze na Copa do Mundo da França em 2013, bronze em uma das etapas da Copa do Mundo na Espanha em 2014, prata no Aberto da Alemanha em 2015; ouro e prata no Aberto Internacional no Rio de Janeiro em 2013, ouro e prata no Aberto na Colômbia em 2018.

“Eu sempre falo que as conquistas são frutos do teu trabalho. É um trabalho que a gente vem realizando faz muito tempo e acaba colhendo os frutos. Não dá para falar ‘ah, mas isso foi sem querer’ ou então ‘foi sorte’. Esporte de altíssimo rendimento não existe esse negócio de pura sorte”, aponta. Uma das conquistas que Garletti mais destaca é a da primeira medalha, no Parapan-Americano de Lima, em 2019. “Teve uma repercussão muito legal a de 2023, mas não foi tão bonita quanto a de 2019”, aponta.

Sobre os treinos, o atleta afirma que montou um estande de tiro em sua casa, mas que às vezes vai até Curitiba ou Carambeí para praticar. “A gente tem que se adaptar porque, infelizmente, o Brasil tem muita pouca estrutura para tiro se você for comparar com outros países. Você tem faculdades, por exemplo, nos Estados Unidos e na Coreia, que a essa parte da educação física faz parte do tiro esportivo”, detalha.

Homenageado na Assembleia Legislativa do Paraná

Por proposição do primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Alexandre Curi, e do deputado Pedro Paulo Bazana, a sessão solene de quarta-feira (24), no Plenário da Casa, homenageou 89 atletas e técnicos do paradesporto do Paraná. Entre os selecionados estava Garletti.

“Isso faz parte do reconhecimento. Infelizmente você vai perceber que hoje em dia o único esporte que a gente consegue ver que tem um reconhecimento muito forte no Brasil é o futebol. Todos os outros esportes são delegados a um segundo plano. Embora o Brasil seja campeão mundial de vôlei e campeão em outros esportes, você só vê falando de futebol. Então qualquer tipo de reconhecimento acaba se tornando uma coisa muito válida. É muito gostoso você ter isso aí. A gente agradece bastante aos deputados que tomaram essa iniciativa e tomara que continue havendo essa forma de reconhecimento”, finaliza Garletti.