Sábado, 07 de Junho de 2025

ONG oferece aulas de tênis de mesa e atendimento multidisciplinar para pessoas com deficiência em PG

Projeto 'Além da Mesa' atende 78 alunos com diferentes condições de saúde e conta com trabalho 100% voluntário de especialistas
2025-06-06 às 18:21
Arquivo cedido

Um projeto social gratuito vem transformando vidas em Ponta Grossa por meio do esporte. Criado pelo professor de Educação Física Fabiano Gioppo, o projeto ‘Além da Mesa’ oferece aulas de tênis de mesa para pessoas com deficiência, além de atendimento psicológico, fisioterapêutico, nutricional e social, tudo com apoio voluntário de profissionais e destinado também aos familiares dos alunos. A iniciativa surgiu há cerca de um ano e meio e já conta com 78 alunos atendidos regularmente.

“Hoje, todos os profissionais que atuam conosco são voluntários. O atendimento é gratuito, tanto para os alunos quanto para os familiares. O objetivo é acolher e promover qualidade de vida por meio do esporte e do cuidado integral”, conta Fabiano, que também é diretor do paradesporto na Secretaria Municipal de Esportes da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.

Como surgiu o projeto
A ideia do ‘Além da Mesa’ surgiu durante uma carona. Um ex-aluno de Fabiano, Mário Jorge que hoje é mentor do projeto, ofereceu transporte a um amigo com Parkinson. A situação sensibilizou o professor, que poucos dias depois já iniciava os primeiros atendimentos em escolas parceiras da cidade. “Começamos atendendo alunos com Parkinson no Colégio Sepam, depois com Síndrome de Down no Colégio São Jorge, e assim o projeto foi crescendo”, relembra. Com o aumento da demanda, surgiu a necessidade de consolidar a ideia como uma organização formal.

Em julho de 2024, foi oficializada a ONG Além da Mesa, que logo conquistou apoio de instituições como o Sicredi, GMAD (via Instituto GMAD) e outros parceiros que ajudaram a viabilizar a sede própria na Rua Benjamin Constant, no centro da cidade. Desde janeiro deste ano, o local é a base das atividades, que agora incluem turmas para autistas, pessoas com deficiência física, surdos, mulheres em tratamento contra o câncer de mama, além de pacientes com Alzheimer, esclerose múltipla e outras condições.

“A meta é passar dos 100 alunos atendidos até o final do ano. As turmas são reduzidas, com aulas divididas em períodos de uma hora, de terça a sábado. A gente respeita o ritmo de cada grupo. Tem alongamento, pausas, conversas, troca de experiências. É um ambiente acolhedor e saudável”, afirma Fabiano.

Um projeto além da mesa
O nome do projeto surgiu de uma reunião entre o idealizador e profissionais da saúde, quando ficou claro que o propósito ia além do esporte. “A ideia era trabalhar o tênis de mesa, mas também oferecer apoio psicológico, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia e assistência social. Por isso é ‘além da mesa’, porque cuidamos do ser humano como um todo”, explica.

Atualmente, a ONG já conta com nutricionista e assistente social. O atendimento psicológico e fisioterapêutico é feito conforme a necessidade. A proposta é expandir ainda mais, com a criação de novas oficinas e turmas. “Essa semana mesmo iniciamos um curso de Libras, porque temos muitos alunos surdos. Também queremos iniciar oficinas de artesanato, informática e capacitações voltadas ao mercado de trabalho. Já conseguimos inserir um cadeirante e um amputado no mercado de trabalho por meio de parcerias com o Sicredi”, comemora Fabiano.

Um dos diferenciais do projeto é a sensibilidade em atender grupos que muitas vezes ficam à margem das políticas esportivas. Exemplo disso é a turma voltada a mulheres em tratamento contra o câncer de mama. “Uma das alunas me contou que, após a retirada das mamas, muitas mulheres se tornam pessoas com deficiência. Então criamos uma turma inédita, só para elas. Estamos divulgando para atrair mais participantes, porque é uma atividade que ajuda na autoestima e no bem-estar”, diz.

Há também cafés mensais com os alunos de Parkinson e Alzheimer, além da “Baladown” , um momento de lazer com música e karaokê pensado especialmente para os alunos com Síndrome de Down.

Expectativas e expansão
Segundo o idealizador, o projeto cresce a cada semana, o que já impõe desafios. A ONG ainda precisa de mais um professor de tênis de mesa para ampliar os horários de atendimento e busca apoio para ampliar o espaço físico futuramente. “O plano é permanecer na sede atual por mais um ano, mas sabemos que logo será necessário um espaço maior”, adianta.

Para quem deseja participar, o projeto ainda tem vagas. Basta visitar a sede que está localizada na Rua Benjamin Constant nº 787 ou entrar em contato diretamente com Fabiano no número (42) 9109-4617. “As atividades sempre serão gratuitas. A gente acolhe o aluno e, a partir dali, vai vendo outras necessidades com apoio da equipe técnica. Nosso foco é a qualidade de vida, o vínculo, o cuidado”, conclui. “Formar atletas é consequência. O que a gente faz aqui é muito maior. Um sorriso de um aluno com Parkinson que chegou com depressão profunda vale mais que uma medalha”, finaliza Gioppo.

Arquivo cedido


Por Camila Souza.