A chama do espírito esportivo está acesa durante toda a semana na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Até este domingo (29), acontece a 69ª edição dos Jogos Estudantis da Primavera (Jeps). Estudantes de nível fundamental, médio e superior da região competem em 19 modalidades e mostram que o esporte e o lazer podem caminhar juntos.
De forma coletiva ou individual, as modalidades deste Jeps foram Atletismo; Basquetebol; Basquete 3×3; Beach Tennis; Ciclismo; E-sports Fifa; E-sports LOL; Futebol; Futebol Society; Futsal; Handebol; Judô; Natação; Skate; Taekwondo; Tênis de Mesa; Voleibol; Vôlei de Areia; Xadrez. Foram 6021 inscritos, entre atletas e dirigentes, de 115 instituições e 21 municípios. Organizado pela Coordenadoria de Desportos Recreação (CDR), o evento tem o objetivo principal de promover o esporte, conforme destaca o chefe do CDR, Rodolfo Dellagrana. “Buscamos envolver a população de Ponta Grossa, não só os atletas, mas os familiares e até o comércio, no sentido de promover a prática esportiva”. O que importa, no fim de tudo, é que os estudantes continuem praticando esportes, mesmo depois de saírem das competições, explica Dellagrana. “Com isso, os Jeps mantêm a saúde e o bem-estar físico e social dos atletas”.
Abertura
Olhos atentos e brilhantes foram o destaque da noite da última sexta-feira (20). A cerimônia de abertura dos 69º Jeps encheu o ginásio do Bloco G de jovens atletas ansiosos pelas competições. No meio de estudantes sentados, separados por delegações, estava Nayara Haas. A atleta de futsal já compete há setes anos nos Jeps. “Pra mim, é uma honra, mas dessa vez vim como estagiária, então em vez de estar dentro das quadras, eu fico fora ajudando as meninas”, conta. O motivo de estar do outro lado das redes é porque agora ela é aluna da Licenciatura em Educação Física. “Estar aqui como acadêmica é um sonho realizado, acho que qualquer estudante aqui que queira seguir na Educação Física precisa vir competir nos Jogos, porque você acaba aprendendo sobre a rotina de treinos”, complementa.
A cerimônia contou com um momento especial entre os competidores, comunidade universitária e autoridades: o acendimento simbólico da chama olímpica. A atleta profissional em salto com barreira, Wanessa Zavolski, foi a responsável por carregar a tocha a atravessar o Ginásio. Ao final, ela e o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, deram início oficial do evento. “Me sinto muito grata e feliz por participar, pois eu sou uma atleta que competiu por muitos anos nos Jeps, e hoje foi o momento de passar o bastão para os outros atletas”, afirma. Wanessa participou dos Jogos por mais de 10 ano, ganhando uma média de 4 ou 5 medalhas. Agora experiente, ela olha orgulhosa para os novos e promissores competidores. “Fico feliz de saber que novos atletas estão chegando, eu vejo que o esporte está evoluindo e o futuro do esporte está nesses novos atletas”, acrescenta.
Perto de completar sete décadas de existência, os Jogos Estudantis da Primavera iniciaram antes mesmo da criação da UEPG. Na década de 1980, início da implantação do Campus Uvaranas, a pista de atletismo foi a primeira estrutura a ser construída. Para Sanches Neto, o fato marca a íntima ligação entre a instituição e os esportes. “Desde as competições estudantis, até as de alto desempenho, valorizamos o esporte. Aqui celebramos a passagem de grandes atletas, como Adhemar Ferreira, e também de estudantes da região, como um momento de união”, aponta. Para ele, o mais representativo da edição é a presença dos estudantes. “Para nós é um momento de apresentação da nossa universidade, onde nós nos abrimos perante toda a comunidade”, complementa. O vice-reitor, professor Ivo Mottin Demiate, agradeceu a presença de todos no evento de abertura e desejou bons jogos. “Queria parabenizar todos as pessoas responsáveis pela organização, professores, alunos e agentes universitários, pois este evento é um grande orgulho para nossa universidade e para nossa cidade”.
Para 2025, ano do septuagésimo aniversário, o planejamento para os Jeps já começou, segundo Rodolfo Dellagrana. “Queremos aumentar o número de participantes de algumas modalidades. chamando mais federações esportivas, e por isso esperamos que seja um evento maior que o dos últimos anos”, destaca.
O secretário municipal de esportes, Ben Hur Chiconato, celebra o fato dos Jeps serem uma das competições mais tradicionais do esporte brasileiro. “Eu tive a possibilidade de jogar lá nos anos de 1970 e toda vez que acontece os Jeps vem uma emoção muito grande, pois a gente sabe da importância do esporte na vida dos jovens”, pontua. É um momento de festa no âmbito esportivo, escolar e universitário, de acordo com Chiconato. “Com certeza agrega e muito na história do município de Ponta Grossa. Também vemos escolas de outros municípios e isso mostra o nível de importância dos Jogos Estudantis na Primavera”, finaliza.
Competições
Debaixo de um sol a pino, Vinícius Modesto Rodrigues correu com toda a energia. O estudante do Colégio Agrícola Augusto Ribas competiu nos 800 metros e relata uma rotina de treinos intensos. “Foi um desafio aliar minha rotina de estudos com os treinos, então eu avalio que fui muito bem na competição, e assim a gente vai melhorando a cada dia”. A poucos metros da pista de atletismo, onde Vinícius corria, estava Matheus Henrique, do Colégio Estadual Nossa Senhora das Graças. Ele e seu time tinham acabado de ganhar por 1×0 do jogo de Futsal. “Sensação muito boa conseguir sair com a vitória, pois foi difícil conseguir uma classificação nessas primeiras etapas, mas aqui estamos, mantendo a cabeça erguida”, comemora. Não teve como esquecer a gratidão ao primeiro treinador pela vitória. “Eu dedico ao meu professor Luís, que morreu há três anos pela Covid-19. Foi ele que me incentivou a representar o colégio em diversos jogos. Eu também jogo muito pelo incentivo da minha família e dar orgulho a eles me incentiva a ser um bom atleta”.
Manobras radicais, velocidade e muito incentivo de um pai orgulhoso. Enquanto a pequena Ana Júlia Machado Barbosa, de 10 anos, fazia o percurso e as tricks que a consagraram campeã do grupo II feminino do skate, no domingo (22), o pai filmava, gritava palavras de incentivo e se emocionava com a evolução da filha. Ela pratica skate há 3 anos, sob a influência de uma vida toda do pai, que também é skatista. “Eu adorei, estou muito feliz”, contou, exibindo feliz o troféu e a medalha.
Os Jeps são velhos conhecidos do judoca Duncan Urban. Ele, que é acadêmico de Licenciatura em Ciências Biológicas e representou a Atlética Hunters, ficou com a medalha de prata na categoria acima de 100kg no grupo III masculino. “Estou bem feliz com o resultado”, comemorou. Duncan é atleta desde a infância e só parou por conta de uma lesão no joelho, em 2020. “Eu gosto muito dos Jogos da Primavera, porque não abrange só nossa cidade, mas também outros lugares. É uma oportunidade para os atletas daqui e para os de fora, para testar habilidades, para competir e também para incentivar o esporte”, diz. O veterano dos tatames mostra que os ensinamentos do “caminho suave” fizeram a diferença: “No judô, a gente prega o respeito. Nós dizemos Arigatô gozaimashita, que quer dizer obrigado por me ensinar. Você respeita quem é mais novo, e também quem é mais velho, quem veio antes”.
Os Jogos são carregados de lições de aprendizado para os atletas, com ensinamentos sobre disciplina, respeito e equilíbrio. Quem traz este relato foram os competidores de Taekwondo, que se enfrentaram no domingo (22), no ginásio do Colégio Sagrada Família- São José. Melanie Luize de Lima, de 14 anos, pratica a modalidade há um ano e vem colecionando medalhas e participações em torneios como os Jeps, onde recebeu a medalha de ouro. “Me tornei uma pessoa mais paciente, passei a respeitar mais os outros. Minhas notas na escola também melhoraram. Me identifiquei com o taekwondo desde que comecei a praticar e hoje vejo como ele me ajudou”, comenta a atleta. Além de atividade física e exercício de disciplina, o Taekwondo, arte marcial coreana, aproxima os participantes, como relata João Abreu, que assistia à luta de seu filho Natan. “É um exercício que faz bem para o corpo, a mente e a alma. Eu trabalho o dia inteiro e o Natan está na escola, então os treinos são o momento em que estamos mais próximos”, ressalta.
da assessoria