Segunda-feira, 18 de Novembro de 2024

​Infraestrutura e localização capacitam Ponta Grossa a receber Escola de Sargentos das Armas

2021-05-05 às 09:09

Cotada para sediar a Escola de Sargentos das Armas (ESA) do Exército Brasileiro, a cidade de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, reúne uma série de requisitos que a capacitam para abrigar a estrutura. O empreendimento deve receber investimentos de R$ 1,2 bilhão e reunir um contingente de militares que pode chegar a 10 mil pessoas, entre alunos, instrutores, familiares e todo o pessoal necessário para fazer a escola funcionar. Além de Ponta Grossa, também disputam a implantação da unidade as cidades de Recife (PE) e Santa Maria (RS).

A infraestrutura e a localização de Ponta Grossa são pontos que se somam a seu favor. Quarta em número de habitantes no Paraná, com uma população de 355 mil pessoas, é a cidade de maior porte mais próxima da Capital. Fica a 108 quilômetros de Curitiba, a cerca de 130 quilômetros do Aeroporto Internacional Afonso Pena e a 200 quilômetros do Porto de Paranaguá.

Mais que isso, é um verdadeiro ramal logístico, com um entroncamento rodoviário que permite acesso fácil às demais regiões paranaenses e aos estados vizinhos. É cortada pela BR-376, a Rodovia do Café, que faz a ligação do porto e da Capital com o Norte e Noroeste do Paraná, além de estados como São Paulo e Mato Grosso do Sul. Também tem o escoamento facilitado para Santa Catarina, Rio Grande do Sul e até Brasília.

A maior parte dessas rotas é feita por rodovias duplicadas, que devem ganhar ainda novas melhorias com investimentos já em execução e com o novo programa de concessões de estradas do Paraná, previsto para ser levado a leilão ainda neste ano.

“O Estado se prepara para ser a central logística da América do Sul, e Ponta Grossa está no centro desse projeto, por ser um grande entroncamento rodoferroviário que consolidou a cidade como um importante eixo logístico, sede de grandes empresas de transporte”, afirma Henrique Palermo do Vale, assessor da prefeitura encarregado pelo projeto da ESA.

A região também é considerada um ponto nodal para o transporte ferroviário entre o Sudeste e o Sul do Brasil, modal que deve receber investimentos de R$ 10 bilhões nos próximos anos com a renovação antecipada da Malha Sul. “Toda essa estrutura nos torna uma cidade muito competitiva. Ponta Grossa se encontra em processo de desenvolvimento muito intenso, de crescimento industrial e atração de investimentos”, destaca Henrique Palermo do Vale.

O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, lembra que o Governo do Estado tem grandes projetos para o município, também com vistas à implantação da ESA. “A secretaria dará toda a assessoria e investimentos necessários para a viabilização dos acessos, da logística e mobilidade para garantir a instalação desse projeto”, ressalta. “O Paraná é o hub logístico do Brasil, e nesse sentido Ponta Grossa é estratégica, tanto que temos aqui investimentos históricos do Exército voltados para a área logística”.

DESENVOLVIMENTO  Energia e saneamento são outros pontos favoráveis da cidade, que tem 100% dos domicílios abastecidos pela rede de água tratada e um índice de coleta e tratamento de esgoto que atinge 91% da população, o que a posiciona na 14a posição entre as cidades com o melhor saneamento do País, de acordo com o Instituto Trata Brasil. O município também é atendido pela rede de gás natural operada pela Compagas e conta com grandes investimentos da Copel e da Sanepar.

Somados, esses fatores foram cruciais para atração de diversos investimentos privados nos últimos anos. Com o apoio do programa de incentivos fiscais do Governo do Estado, na última década o município ganhou cerca de 19 novas indústrias, incluindo multinacionais e empresas de grande porte, além de oito que foram ampliadas e outras 11 que estão em processo de instalação.

A indústria de Ponta Grossa ocupa hoje a 51a posição entre as cidades brasileiras, com Valor Adicionado Industrial de R$ 4,6 bilhões. Nos últimos oito anos, o parque industrial do município ganhou um incremento de R$ 2,6 bilhões em investimentos privados, que geraram cerca de 13,9 mil empregos diretos e indiretos.

Isso inclui a implantação e ampliação de cervejeiras como a Heineken e a Ambev, de gigantes do agronegócio como a Bunge, Cargill e BRF, além da Continental, Grupo Madero, Makita e Tetra Pak. A cidade também passou a se destacar ao abrigar as montadoras DAF e TatraBras. A montadora tcheca é, inclusive, especializada na fabricação de caminhões pesados, incluindo veículos militares e de defesa.

Para a prefeita Elizabeth Schmidt, um dos diferenciais da cidade é sua condição fiscal, com nota A de capacidade de pagamento, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional. “É uma garantia de que o município tem capacidade de endividamento e pagamento e pode investir na sua infraestrutura e em projetos para melhorar a qualidade de vida da população”, explica.

“Boas estradas, água, energia, gás, Ponta Grossa reúne todas essas potencialidades. São projetos que não estamos sonhando em realizar, mas que já estão incorporados na infraestrutura da cidade”, destaca a prefeita. “A instalação da ESA seria uma grande conquista para o município, pensamos principalmente no futuro da nossa cidade, que será reconhecida por contar com uma escola do Exército desse porte, que vem para ficar por muitos anos”.

ESCOLA DE SARGENTOS  Criada em 1945, a Escola Sargento Max Wolf Filho está instalada em Três Corações (MG) desde 1949. É um estabelecimento de ensino superior do Exército voltado à formação de sargentos de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicação. O patrono da unidade é um sargento paranaense, natural de Rio Negro e membro da Força Expedicionária Brasileira, morto em combate na Itália durante a Segunda Guerra Mundial.

Com a possibilidade de ampliar a formação de oficiais, incorporando outras unidades de ensino da corporação, o Exército iniciou os estudos para a transferência da unidade. Em um primeiro momento, foram consideradas 18 cidades para receber a estrutura, sendo que Ponta Grossa, Santa Maria e Recife continuam na disputa.

Nas outras duas cidades, a previsão é que ESA ocupe áreas já pertencentes ao Exército. Em Ponta Grossa, está sendo destinado um terreno de 4,5 mil hectares no distrito de Itaiacoca, onde hoje está instalada a Fazenda Modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em contrapartida, o Exército destinaria à Embrapa uma área no município vizinho de Palmeira.

“Essa é uma das vantagens de Ponta Grossa. Caso a ESA seja instalada na cidade, o Exército vai incorporar ao seu patrimônio um terreno de cerca de 50 quilômetros quadrados, uma área estratégica, boa para construir”, afirma o secretário estadual da Segurança Pública, Romulo Marinho Soares. “Para o Estado e o município, além da geração de emprego e renda que uma estrutura como essa representa, contar com uma escola das Forças Armadas desse porte traz uma ótima visibilidade”.

Em abril, uma comitiva do Exército esteve na cidade para conhecer a estrutura, dentro do processo de vistoria e estudos para implantação da unidade. O general José Russo Assumpção Penteado, comandante da 5a Divisão do Exército, responsável pelos estados do Paraná e Santa Catarina, destacou na ocasião a importância da academia para a formação militar.

“Com a migração, a nova estrutura vai reunir toda a formação de sargentos do Exército Brasileiro. Estamos falando de 2,2 mil a 2,4 mil alunos e uma população no entorno disso de 9 mil a 10 mil pessoas”, explica. “Certamente o Exército escolherá o melhor local para a formação dos oficiais que são a base da corporação. São três bons locais que estão sendo estudados detalhadamente”.

“O diferencial de Ponta Grossa é que é uma área que não pertence ao Exército, nas outras duas cidades os locais destinados já são campos de instrução do Exército. A centralidade de Ponta Grossa é outro diferencial, já que uma das cidades fica ao Norte do País, na região Nordeste, e outra bem ao Sul”, salienta. “Com relação ao eixo, Ponta Grossa está melhor localizada, mas as outras também têm suas vantagens competitivas. A opção que o Exército adotar será a melhor para formação dos sargentos”, ressalta o general Penteado.

Após o processo de avaliação e estudos das três cidades, o Alto Comando do Exército deve decidir no início do segundo semestre onde será instalada a nova Escola de Sargentos de Armas.

CONTRAPARTIDAS – A prefeitura de Ponta Grossa oferece uma série de contrapartidas ao Exército para a instalação da escola, que inclui facilidades às Forças Armadas, isenção fiscal e a garantia de obras de infraestrutura que garanta o funcionamento do espaço, como a construção de um novo contorno rodoviário nas proximidades, um acesso adicional à ESA, ampliação da infraestrutura aeroportuária e disponibilidade de serviços de saneamento, energia e comunicação de alta qualidade na área de operação.

Entre as propostas apresentadas também há a criação de uma Zona Especial Militar no perímetro da ESA, que dará flexibilidade para os projetos da escola e da futura Vila Militar e a cessão de um hangar no Aeroporto de Sant’Ana, que passará por grande transformação nos próximos meses, para uso da ESA e das Organizações Militares. A prefeitura também deve disponibilizar 20 mil metros quadrados em áreas na cidade para residências militares e imóveis para o estabelecimento de um Hospital Militar de Guarnição e um Colégio Militar.

“O municípior tem muito a ganhar com a ESA. Ponta Grossa está preparada para receber esses alunos e seus familiares com conforto e segurança e, num futuro próximo, usará toda essa repaginação da área para atrair novos investimentos industriais e comerciais, elevando, ainda mais, as conquistas sociais”, arremata a prefeita Elizabeth Schmidt.

da AeN