Durante o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 e 90,9), o psiquiatra Dr. Tarcísio Fanha Dornelles participou de bate-papo sobre ansiedade.
Dr. Tarcísio explica que a ansiedade é adaptativa, porque “ela tem uma função evolutiva para a espécie humana, serve para preparar o ser humano para alguns perigos”, afirma. Sendo assim, a ansiedade por si só não é ruim, é um desconforto difuso, serve para preparar a pessoa para uma reação de fuga ou luta, segundo o médico. “Isso se torna um problema quando esse sistema de alarme fica desregulado e começa a disparar por qualquer coisa, na ausência de um perigo”, destaca.
As formas de manifestação da ansiedade podem ocorrer de diferentes maneiras. “Na forma de uma crise, que chamamos de crise de pânico, uma crise aguda; uma sensação de morte iminente muito grave. Ou pode ser um desconforto difuso, não tão agudo, mas que impacta diretamente na vida do indivíduo, não deixa ele racicionar direito, não tem essa crise, é como se ele vivesse sob ameaça”, diz o psiquiatra.
Entre os impactos que a doença pode ter na vida de uma pessoa estão a alteração do sono, do apetite, desempenho no trabalho e distração, conforme explica Dr. Tarcísio. “Com a insônia inicial, a pessoa deita no travesseiro, não consegue dormir porque fica pensando e passa o dia inteiro cansado. O apetite, algumas pessoas comem demais e outras param de comer. O desempenho no trabalho, quando percebe que para fazer um mesmo trabalho começa a demandar um esforço maior, a cabeça está em outro lugar”, pontua.
Sintomas
Além dos sintomas físicos, como sudorese, dor de cabeça, dor de estômago, coração acelerado e falta de ar, a ansiedade também pode se manifestar por meio de doenças clínicas, como manifestações dermatológicas, gastrite, síndrome do intestino irritável, enxaqueca, dermatites, etc.
A busca pela ajuda deve acontecer no momento que o indivíduo perceber que estes sintomas provocam um incômodo e impactam o cotidiano de alguma forma. “O que é importante sempre levar em consideração é: ‘eu não era assim e agora isso começou a me incomodar’. Chamamos de quebra de funcionalidade”, pontua Dr. Tarcísio. O ideal é passar por uma avaliação médica para que o grau da ansiedade seja avaliado. “Na modalidade leve pode ser tratada com psicoterapia, mas moderada e grave vai precisar da medicação”, explica.
Mulheres
Segundo o médico, a maior incidência de ansiedade é no público feminino. “Mulheres estão mais propensas a terem ansiedade por conta da sobrecarga de trabalho”, enfatiza. Entre os fatores que podem contribuir para isso, estão a dupla jornada de trabalho das mulheres. “A gente não pode confundir a capacidade multi tarefas que é mais aprimorada na mulher, com a incidência dos transtornos ansiosos, que em geral tende a ter mais incidência nas mulheres, por conta da dupla jornada de trabalho, que às vezes é tripla, quando a mulher vai para o mercado de trabalho, ela continua com as cobranças do trabalho doméstico e às vezes isso sobrecarrega”, afirma.
Crianças
No público infantil, a ansiedade pode se manifestar na dificuldade para ir ao banheiro e com a falta de apetite, por exemplo, já que as crianças se expressam de maneiras diferentes.
Sobre o papel dos pais neste cenário, o médico destaca que é preciso equilibrar a cobrança e a expectativa em cima dos filhos. “A criança precisa de limite, precisa ir pra aula, o que gera a ansiedade naõ é a cobrança, é a expectativa que os pais criam nos filhos”, destaca.
Confira a entrevista completa: