O sistema SUS mostrou ser de grande importância para o Brasil, tendo em vista nossa característica de país emergente e com grande número de pessoas em condições financeiras desfavoráveis, cerca de 150 milhões de usuários, ressaltando que é uma das principais obrigações dos governos que recolhem tanto em impostos, concedem isenções e que devem retornar com bons serviços à população.
Na última semana começou oficialmente a campanha eleitoral para diversos cargos públicos, a maioria com poder de influência na Saúde de nosso país. Gestores e legisladores podem e deveriam, contribuir com políticas públicas e leis de grande impacto para toda a população. Vão aqui algumas propostas e ações em níveis federal e estadual para os políticos eleitos este ano.
Para quem presta serviço aos governos, é primordial o reajuste da tabela SUS, pois os hospitais, clínicas e prestadores de serviço, estão beirando a insolvência e a suspensão de atendimentos ao SUS. A redução dos investimentos em saúde, baseado no PIB, é evidente e preocupante.
Outra forma de auxílio, seria a adoção de incentivos fiscais aos hospitais e clínicas que atendem o serviço público. O financiamento, com bons valores, para credenciamento de prestadores de serviço ligados ao SUS, seria atrativo para quem hoje não está no sistema mas com notável importância para ampliação de consultas, cirurgias e exames. Está mais do que na hora de uma política especial aos prestadores do SUS.
Durante a pandemia, a atenção a doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, foi muito prejudicada. Agora temos ainda mais pacientes descompensados e carentes de auxílio. É primordial a efetiva implantação e financiamento dos projetos de TeleSaúde e consultas à distância, que já mostraram a eficácia em atendimento e diminuição de filas com especialistas, evitando deslocamentos para cidades polo de atendimento, otimizando tempo e atenção dos profissionais.
A pandemia exacerbou também uma situação preocupante relacionada a saúde mental. Mais pessoas adoeceram (depressão e ansiedade), e se somaram aos já pacientes com distúrbios mentais, formando uma grande população carente de atendimento, com destaque para dependência em álcool e em drogas ilícitas. É inevitável a ampliação da rede de atendimento psico social para adolescentes e adultos e uma discussão sobre desospitalização e leitos psiquiátricos.
Como importante coadjuvante aos atendimentos dos municípios, é fundamental o fortalecimento e incremento do investimento nos Consórcios de Saúde, possibilitando aumento de consultas e exames especializados. Em sinergia com programas de mutirão de cirurgias em áreas de reconhecido vazio assistencial com o objetivo de zerar as filas de espera com destaque para doenças oculares, saúde do homem (urologia) e doenças das mulheres (ginecologia).
Além disso, vimos recentemente que seria de grande importância, a criação de um programa de atenção especializada a crianças, nas áreas de neuropediatria, endócrino e obesidade. Ter um olhar especial a nossos pequenos, futuro de nossas gerações, seria de grande impacto e muito bem vindo.
Outro programa estratégico seria o de incentivos e concessões voltados a medicamentos e insumos essenciais. Tivemos e temos problemas com produtos de pouco retorno financeiro para a indústria mas de grandiosa importância assistencial, como o caso da dipirona injetável ou de falta de medicamentos para tosse e antibióticos. Temos que ter capacidade governamental para responder com rapidez aos problemas de desabastecimento.
A melhora dos salários ou vantagens aos profissionais de saúde é uma atitude de reconhecimento e grande valorização prática e com certeza muito bem vinda para os valorosos atuantes na saúde. A proposta de carreira nacional para servidores da saúde poderia esbarrar na dificuldade de implantação devido a diferenças sócio econômicas entre as diferentes regiões de nosso país.
Que nossos políticos, candidatos e eleitos, se debrucem sobre as demandas e problemas, discutam e debatam com urgência e encontrem soluções técnicas e apartidárias para a Saúde do Brasil. A hora é agora.
por Prof. Everson Augusto Krum