Depois de dois anos e meio de pandemia, estamos agora num cenário diferente e melhor, com menos casos graves e que necessitam de internamento, não significando descuido com as medidas não farmacológicas de prevenção e tratamento da Covid. Temos que continuar com a vacinação e as medidas preventivas.
Chamo atenção para um aspecto que deve ser levado em conta neste momento, o cansaço e o estresse dos profissionais de saúde. Passamos pela pandemia com louvor devido a fundamental contribuição dos profissionais de saúde, que confirmando o juramento de dedicação ao paciente, sem medo e com muito amor, colocaram em risco seu maior bem, a própria vida. São heróis anônimos! Deixaram suas famílias, seus entes queridos e numa inesquecível e maravilhosa atuação, foram imprescindíveis no salvamento de milhares de vida. Nossa eterna gratidão!
Durante o pior da pandemia, vimos exemplos magníficos de entrega, doação e profissionalismo, sendo que agora, os profissionais estão manifestando sinais de crise. O estresse e o cansaço psico mental, evidentes em todos, agora está se somando ao cansaço físico, resultante da volta a normalidade. Não está fácil! Mesmo com férias e descansos, os profissionais de saúde continuam com estafa e cansados.
Com a pandemia, muitas doenças e agravos chamados de crônicos não transmissíveis (diabetes, hipertensão e ainda os cirúrgicos eletivos), tiveram os cuidados adiados e que agora, passado o pior, estão pressionando os sistemas de saúde. A “represa” foi aberta e muita gente está procurando estabelecimentos e equipamentos de saúde, somado aos agravos de urgência e emergência. A consequência deste grande número de pessoas doentes é a sobrecarga do sistema e o pior, a estafa dos profissionais de saúde. “Estamos cansados e estressados” é muito dito.
Trabalhar em saúde é muito gratificante e prazeroso, mas muitos estão sobrecarregados e no limite porque não está se levando em consideração suas demandas e dificuldades, faltando infraestrutura e condições para o exercício profissional.
É preciso olhar para os profissionais de saúde com muito cuidado. A situação é crítica e merece atenção. A sobrecarga de serviço em clínicas, hospitais, unidades de saúde, laboratórios e farmácias, e outros estabelecimentos, públicos e privados, está fazendo com que uma tempestade de problemas possa acontecer em breve.
Vemos UPAs, Unidades Básicas de Saúde, clínicas e hospitais com revolta dos usuários quanto à qualidade do atendimento, críticas e xingamentos são direcionados muitas vezes mas os profissionais, que não são os culpados, estão se superando e fazendo o máximo, falta apoio institucional! Não dá para continuar assim.
Os profissionais estão pedindo socorro e não estão sendo adequadamente ouvidos. Quando um familiar ou paciente perde a cabeça por dificuldades em atendimento, deve ser olhado para as causas dos trabalhadores em saúde estarem se desdobrando para atender bem. Os profissionais são vítimas de falta de planejamento, infraestrutura e adequação do número ideal das equipes. E com isso podem cometer erros, frutos de cansaço e falta de condições e que podem caracterizar negligência, imprudência e imperícia.
Se algo não for feito em breve, será inevitável o aumento de reclamações contra os valorosos profissionais, com o risco de que erros, “burnout” e tantos problemas de saúde, irão agravar a condição mental e física dos heróis da saúde mas que são humanos e também precisam de auxílio.
Os profissionais de saúde não estão falando mas eles querem ajuda. É fundamental que os Governos adotem medidas para resolver os problemas, as categorias precisam de ajuda. A hora é agora!
por Prof. Everson Augusto Krum