Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Eduardo Vaz, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (6), Lucas dos Santos, que trabalha como gari na empresa Ponta Grossa Ambiental, responsável pela limpeza urbana do município, e João Carlos Cardoso, coordenador de segurança do trabalho, contaram detalhes sobre o cotidiano da coleta de resíduos.
João Cardoso explica que a função da segurança do trabalho é a prevenção de acidentes e a manutenção da integridade física e a saúde dos colaboradores do grupo, em especial os que trabalham com a coleta. “Os riscos existem, são muitos, e são situações em que eles são expostos e que não dependem só deles de evitar um possível acidente, mas também da população. Eles trabalham com riscos invisíveis na maioria das vezes”, afirma.
Lucas Santos é coletor há cerca de 10 anos e reflete que a maior dificuldade da profissão é trabalhar com o descarte incorreto de lixo. “Hoje em dia não estamos mais cortando a mão com cacos, porque a empresa disponibilizou uma luva que mudou a nossa vida, que é anticorte. Mas é claro que se for uma agulha ela não vai segurar. As pessoas não entendem que é um ser humano que vai pegar o lixo, não entendem que eu tenho esposa, tenho filho e uma casa para voltar de tarde”, diz. Ele relembra que materiais cortantes, como cacos de vidro e seringas, devem ser descartados dentro de embalagens rígidas, de forma a evitar acidentes.
Por outro lado, Lucas afirma que a população está cada vez mais consciente sobre a separação do lixo orgânico e reciclável. João Cardoso, coordenador de segurança do trabalho, conta que as escolas têm um papel essencial neste trabalho. “Temos uma campanha chamada lixo seguro, desde 2013, divulgamos a importância de descartar o lixo corretamente, principalmente os resíduos que geram acidentes, como caco de vidro. Essa campanha, nós vamos nas escolas estaduais e municipais, e o retorno é muito bom. Também falamos sobre a importância da reciclagem, de separar o resíduo, são trabalhos que as escolas já tem no currículo”, pontua.
Situações inesperadas acontecem, porém com o devido treinamento é possível contornar estas situações, conforme explica Cardoso. “A gente orienta que se ver que o cachorro está solto, não coleta. Se vai oferecer risco, não coleta. Passa a informação para o motorista, que vai comunicar a central. Normalmente a gente leva um ofício para o morador e orienta que o lixo não foi coletado porque o cachorro estava solto, oferecendo risco e se continuar solto, infelizmente vai comprometer a coleta”, afirma.
Em casos de mordidas de cachorros, por exemplo, o gari conta que a conduta nunca é agredir o animal, mas sim se defender. “Quando alguém leva uma mordida, o motorista para, a gente avisa a central e a central comunica o João, e eles vão até o local do acidente, nisso a gente já faz a comunicação inicial da ocorrência. São feitos os primeiros socorros até ser encaminhado para o hospital”, completa.
Apesar das dificuldades da profissão, Lucas revela que o reconhecimento que os garis recebem, principalmente vindo das crianças, é gratificante. “É isso que faz a gente cada dia mais querer trabalhar, ter disposição e ser visto, todos somos pais de família”, conclui.
Confira a entrevista completa: