Com o Plenarinho lotado, a Assembleia Legislativa do Paraná iniciou a semana em alusão ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). Desafios e as expectativas de acompanhamento das pessoas portadoras de autismo foram discutidos em audiência pública na manhã desta segunda-feira (03). Evento proposto pela deputada Flavia Francischini (União) reuniu especialistas, representantes de entidades e pais de pessoas com autismo que apresentaram as dificuldades e perspectivas para garantir qualidade de vida a estes indivíduos e suas famílias. A reunião contou também com a participação de vários deputados da casa.
O presidente do Legislativo, deputado Ademar Traiano (PSD), acompanhado da esposa, Rose Traiano, que é Coordenadora das Ações Solidarias da Assembleia, destacou que a iniciativa da deputada Flávia. “É lógico, todos os deputados e deputadas se inserem nesse contexto. A questão autismo é um tema recorrente e este olhar tem que realmente transcender sobre qualquer outra iniciativa de interesse pessoal ou no campo político. Nós precisamos trabalhar a ideia de elaborarmos um projeto de lei juntando todos os autores, deputados e deputadas para que se transforme em política pública do estado e porque toda e qualquer iniciativa isolada não chega ao objetivo principal. Então esse é o nosso desejo. Audiência pública contribui para na sequência nós trazermos aqui também outros atores que conhecem o tema para que a gente possa enfim compilar ideias e fazer um projeto único” finalizou o deputado.
A preponente da audiência, deputada Flávia Francischini, descreveu a emoção de falar, não só como parlamentar, mas como mãe autista. “Hoje tem aqui representantes do Poder Legislativo, do Poder Executivo e do Poder Judiciário. A sociedade civil, todo mundo junto por uma causa que antes era tão desconhecida e que hoje está cada vez mais sendo mostrada. Isso é muito importante, todo mundo querendo aprender o mundo. A sociedade querendo conhecer, aprender, respeitar e viver com eles. Qualquer um pode ter um filho, um neto, um primo autista. Então, é a necessidade de que a gente aprenda, que a sociedade aprenda, mostrando que quer ser mais cidadã, que quer incluir sim, isso é importante”.
O desembargador Wellinton Emanuel Coimbra de Moura, presidente do Tribunal Eleitoral do Paraná, afirmou que “o Tribunal da Democracia e da cidadania não poderia deixar de participar de um evento onde se busca a inclusão de todos, sejam eles os autistas, sejam eles os idosos, sejam eles os jovens, e todos aqueles que necessitam estar dentro da sociedade. É por isso que fazemos questão de participar. Importante estar discutindo políticas públicas, colocando temas sempre em pauta. Sem sombra de dúvida, penso que por mais que já fizemos, nós temos que fazer muito mais para um país melhor”.
O secretário de Estado da Justiça e Cidadania, Santin Roveda, enfatizou que “uma pauta tão importante, que é o espectro autista, que é a criança, o adolescente, o adulto, o idoso que tem autismo, que convive na sociedade em diferentes níveis, mas colocar na pauta do legislativo, mostrando que como as APAEs hoje em dia tem muita força, tem força política, força financeira, tem seu fundo, tem uma das estruturas. Então a minha presença aqui como secretário de justiça e cidadania é representando o nosso governador Carlos Massa Ratinho Júnior e fortalecendo ainda mais essa pauta, esse assunto tão relevante para o estado do Paraná’.
Convidada para palestrar, a psicóloga e diretora de uma clínica em Curitiba, Maria Helena Jansen, explicou que houve um aumento na incidência de casos de autismo nos últimos anos, há um caso a cada às seis crianças. “Nós precisamos cuidar dos autistas e das famílias, e principalmente da inclusão deles na sociedade. As necessidades são muitas. Muitos autistas têm excelentes habilidades, potencial altíssimo, mas têm dificuldade no trabalho, pelas suas características, esse é o cuidado que precisamos ter”.
Dados
A Organização Mundial da Saúde estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo dois milhões no Brasil. Sendo que uma em cada 88 crianças apresentam sinais do transtorno. Em 2019, ano anterior a pandemia, números mostram que no Paraná existem mais de 100 mil crianças autistas, cerca de 0,96% da população.
Como identificar:
Dificuldade em manter contato visual
Movimentos repetitivos
Sensibilidade a alguns sons
Dificuldade de socialização
Alteração nas funções motoras
Demora ou incapacidade de desenvolver a fala
Problemas com autonomia
Preferência por determinadas comidas
Dificuldade de concentração
Dificuldade com a mudança de rotina
da Alep