Nesta terça-feira (4) foi realizada uma audiência pública da empresa Ambiental Campos Gerais, promovida pelo Instituto Água e Terra (IAT). O objetivo foi a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)/ Relatório de impacto do meio ambiente (RIMA), do projeto de aterro de resíduos urbanos classe II e aterro de resíduos da construção civil, planejado para ser construído no bairro Bocaina em Ponta Grossa.
No local pré-definido para funcionar os aterros, há uma pedreira onde irá se utilizar da cava e servirá como atenuação do impacto já existente que a extração de diabásio causa no solo. A pedreira continuará em operação, trabalhando em conjunto com a operação do aterro sanitário, segundo relatório do RIMA.
O documento afirma ainda, que o empreendimento “atende e apresenta compatibilidade com as atuais políticas setoriais, principalmente no que diz respeito à responsabilidade em que os geradores de resíduos têm em destinar corretamente os rejeitos oriundos de suas atividades econômicas, não passíveis de reaproveitamento”.
O projeto está em fase de licenciamento ambiental e está previsto um período de até dois anos até o início das operações. O aterro é privado e segundo o Engenheiro ambiental e coordenador geral dos estudos do projeto, Cassio Fernando Foquesatto, um dos benefícios para a cidade seria o Imposto Sobre Serviço (ISS), e diz ainda que todo resíduo produzido em Ponta Grossa gera uma receita de aproximadamente R$ 89 mil mensais para o município.
Opinião da população
Algumas das reclamações dos moradores do bairro estão o aumento do fluxo de veículos, a falta de ciclovias e sinalização, infraestrutura, além da poeira que já dificulta a vida dos moradores, e consequentemente será dispersada ainda mais dentro do bairro, com a circulação dos 75 caminhões de lixo que estão previstos para o funcionamento.
A população, durante a audiência, cobrou uma restauração do pavimento em vias que circundam o futuro aterro e que irão abranger parte do bairro. Também foi apontado a falta de comunicação por parte dos órgãos com os moradores da região, segundo eles, não foi disparado nenhum aviso ou não abrangeu todos os residentes do bairro para a realização da audiência, que serviu para sanar dúvidas da população e explanação de como o projeto funcionará.
O vereador Celso Cieslak, que também participava da audiência como ouvinte, condenou que o evento não foi comunicado de forma efetiva entre os moradores da região, e disse que a proposta não traz nenhum benefício para os moradores e nem para o município. “Vocês precisam falar para o pessoal aqui que é a empresa que vai ganhar dinheiro em cima disso, acredito que o pessoal desta banca que está apresentando o projeto, nem deveria estar defendendo esta empresa”, disse.
Ainda sobre os perigos que o aterro pode trazer para o meio ambiente na localidade pré-definida, Cieslak aponta que em caso de acidente com os caminhões de transporte de chorume, irá contaminar os arroios que ali estão. “Não há caminhão que consiga lacrar a carga pra descer aquela estrada em segurança. Vai descer chorume, vai cair no meio da estrada e vai para os arroios. Não é assim que funciona, esta audiência pública nem deveria estar sendo realizada aqui, deveria ter sido lá na Câmara dos Vereadores, lá na casa do povo. Ninguém quer um aterro em Ponta Grossa”, finalizou o parlamentar.
Ao final da audiência, foi definido que o empreendedor irá realizar uma visita técnica informativa aos residentes do bairro Bocaina, junto da associação dos moradores, para informar detalhadamente o projeto, impactos e ações mitigadoras.