Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Cena Local D’P: Perigo na palma da mão – Conheça os males do uso excessivo de telas na infância e adolescência

2022-04-02 às 15:52

por Enrique Bayer

Conheça os males do uso excessivo de telas na infância e adolescência e descubra caminhos para uma relação mais saudável entre os pequenos e os eletrônicos

É bem provável que, se você convive com crianças, já tenha se perguntado de onde eles tiram tanta energia. Por outro lado, é possível também que tenha experimentado momentos de paz e tranquilidade, especialmente quando os pequenos estavam com celulares nas mãos, assistindo a alguma coisa.

Não é uma experiência incomum: a Pesquisa sobre o Uso da Internet por Crianças e Adolescentes no Brasil aponta que, em 2019, 89% da população entre nove e 17 anos era usuária de internet, o que corresponde a cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes, dos quais 95% tinha acesso à rede no telefone celular.

Apesar de os dispositivos normalmente tranquilizarem os baixinhos, pais ou responsáveis precisam exercer algum tipo de controle sobre o uso, que pode afetar o desenvolvimento neurológico e social das crianças.

A neuropsicopedagoga Marilize Soistak, que atende em Ponta Grossa, aponta que o uso excessivo de telas por crianças pode causar sérios danos ao desenvolvimento dos pequenos. “Estudos consistentes demonstram que o uso de telas, especialmente pelas crianças de até três anos, pode causar atrasos no desenvolvimento da fala e da linguagem, dificuldades relacionadas ao sono e deficits de memória e atenção”, alerta.

De acordo com a neuropsicopedagoga, também é possível que a criança desenvolva tendência ao isolamento social, transtornos relacionados à alimentação, aumento de ansiedade, apatia ou irritabilidade. Para diminuir os riscos de ocorrência desses quadros, ela recomenda que crianças de até dois anos só devem ser expostas às telas se necessário (veja box ao fim da matéria).

Marilize explica que o uso de telas faz com que o cérebro da criança libere dopamina, hormônio associado aos desejos e ao prazer. Por isso, é importante estabelecer uma rotina que inclua todo o núcleo familiar, distribuindo tarefas. Peça para os pequenos organizarem os brinquedos ou a mesa para as refeições, por exemplo.

Na visão da neuropsicopedagoga, é importante que os pais sejam exemplos e, mais do que isso, capazes de explicar quais as razões de determinadas limitações. Além disso, é fundamental propor alternativas e estimular a autonomia dos pequenos desde cedo. “Com sabedoria, paciência e amor aumentam as chances de você criar um lar onde o seu filho se sinta seguro e livre para crescer e aprender, tornando-se um adulto responsável, respeitoso e criativo”, afirma.

 

COMO USAR AS TELAS

Crianças de dois a cinco anos: no máximo uma hora por dia

Crianças de dois a dez anos: no máximo duas horas por dia, com supervisão

Adolescentes e jovens de dez a 18 anos: no máximo três horas por dia, sem “virar a noite”

Em qualquer idade: não usar telas durante as refeições e desconectar uma hora antes de dormir, para garantir a qualidade do sono

Fonte: Marilize Soistak, neuropsicopedagoga

 

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #289 Março/Abril de 2022.