Terça-feira, 20 de Maio de 2025

Confusão na Câmara de PG: Protestos, ameaças e gritaria dominam a sessão nesta quarta (9)

2022-11-09 às 17:19
Foto: Eduardo Vaz/D’Ponta News

Na sessão ordinária desta quarta-feira (9) manifestantes bolsonaristas que estão acampados na Praça Marechal Floriano Peixoto, em frente ao quartel da 5ª Brigada da Cavalaria Blindada, tumultuaram na Câmara Municipal de Ponta Grossa. Isso porque os vereadores iriam votar uma moção de aplauso destinada ao Ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Porém, antes da sessão, o autor do projeto, vereador Dr. Erick (PSDB), pediu para que a moção fosse retirada da pauta do dia.

Revoltados com a proposição, os militantes estenderam faixas com as frases: “Esquerdismo em Ponta Grossa não! O agro não é fascista!”; “Está sobrando tempo na câmara? Que pauta é essa?”; “Manifestação é direito do povo! SOS FFAA!” e “Dr. Erick você é servidor, funcionário eleito e pago pelo povo. Está aqui para nos servir”. Além disso, os presentes no plenário também vaiaram e tumultuaram as falas dos vereadores Dr. Erick, Josi do Coletivo (PSOL) e Geraldo Stocco (PV).

Foto: Eduardo Vaz/D’Ponta News

Tumulto

No início da sessão, o presidente da Câmara Daniel Milla precisou interferir diversas vezes pedindo para que os manifestantes respeitassem as falas dos vereadores e afirmou que não permitiria ofensas e ameaças.

No entanto, quando Dr. Erick fez uso da palavra, os militantes direitistas tumultuaram com gritaria e palavras de baixo calão. “Quero dar as boas-vindas para todos que estão aqui e dizer que vocês estão aqui graças à democracia. Graças ao direito ao voto. Tem uma placa ali dizendo SOS forças armadas, isso não é democracia, isso é pedir pela volta da ditadura militar. Ditadura militar nunca mais!”, disse Erick, ao que os manifestantes reagiram com gritos.

Na sequência, o parlamentar levantou da mesa executiva e gravou um vídeo com o celular. “Os cidadãos de bem, os fascistas estão ameaçando a minha integridade física porque eu sou contra a volta da ditadura da militar. Todo esse pessoal está pedindo a volta da ditadura. Eu repudio isso, porque a minha bandeira é verde e amarela, sim, mas o meu país é a democracia”, diz no vídeo.


Josi do Coletivo (PSOL) 

Na tribuna, Josi do Coletivo informou que o mandato coletivo vai encaminhar requerimento solicitando informações à Prefeita Elizabeth sobre a conservação do patrimônio tombado e a quantidade de autuações de trânsito realizadas na Praça Marechal Floriano Peixoto e no seu entorno, desde o dia 2 de novembro, quando os manifestantes passaram a ocupar o espaço público, indignados com a eleição de Lula à presidência. “Uma vez que hoje a praça encontra-se descaracterizada com um acampamento de um movimento antidemocrático que ali se encontra”, diz.

Ao ser interrompida, Josi pede ao presidente da Casa de Leis que garanta a sua fala. “Queremos saber se a Prefeita tomou ou vai tomar alguma atitude ou se é conivente com essa situação vergonhosa”, completa. “Pedir intervenção militar é crime porque é um atentado ao Estado Democrático de Direito, garantido pela Constituição Federal. Manifestações pacíficas e democráticas sempre serão bem-vindas, afinal, vivemos em democracia. Mas acampar em frente a uma praça que é patrimônio tombado pedindo por intervenção militar é o cúmulo da extrapolação dos limites democráticos”, finaliza. Os militantes reagem em coro, entoando: “O povo unido jamais será vencido”.

Na sequência, Josi afirma que foi ameaçada e pediu para dois homens fossem retirados do plenário. O pedido não foi aceito pelo presidente da Câmara. “Manifestação é livre, mas ameaça na nossa Casa, nós não vamos permitir, nós somos vereadores eleitos democraticamente”, finaliza.

Geraldo Stocco (PV)

Stocco afirmou que considera o protesto realizado na Câmara, legítimo, mesmo discordando em diversos pontos, como o afrontamento às urnas eletrônicas. “Se nós podemos nos manifestar hoje, é porque não existe uma ditadura. Se podemos nos manifestar hoje é porque os militares estão fazendo a sua parte, estão cuidando da democracia. A gente pode se manifestar desde que a gente não propague mentira”, diz. “Quero frisar que o nosso mandato é contra a qualquer manifestação que defenda a ditadura militar. Eu sei que não é a grande maioria de vocês que pede a ditadura militar, mas têm infiltrados no meio de vocês que defendem a ditadura e que têm ameaçado alguns vereadores. Isso deslegitima o movimento de vocês. Tomem cuidado, vossas excelências estão sendo massa de manobra de futuros candidatos aí no meio de vocês”, conclui.

Manifestantes se dissipam

Após a votação dos projetos de lei da Ordem do Dia, o vereador Dr. Erick pediu para se retirar da sessão devido a um compromisso em um CMEI. Com a aprovação do plenário, o parlamentar se despediu os manifestantes mandando beijos. Com a saída do parlamentar, a maioria dos manifestantes deixou o plenário da Câmara.

Em entrevista exclusiva ao portal D’Ponta News, ele falou mais sobre as ameaças que recebeu devido ao projeto de moção de aplauso ao Ministro Alexandre de Moraes. Clique aqui e confira.

Confira a transmissão da sessão na íntegra: