Durante entrevista ao Programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (20), Edenilson Aparecido Pereira, conhecido como Mestre Dengue, explicou o conceito da capoterapia. “Em 1996, o mestre Gilvan era vice-presidente da Confederação Brasileira de Capoeira e fazia-se muitas apresentações em escolas. Como hoje, houve um desinteresse por parte dos alunos e ele percebeu que tinha um Centro de Convivência da Pessoa Idosa do lado e a musicalidade que ele fazia chamava mais atenção dos idosos, e deu um estalo ali. Fazer algo com a música voltado ao idoso, que já tem alguma experiência, algumas restrições. A capoterapia foi fundada em 1998 com o objetivo de levar a capoeira ao público da terceira idade, devolver essa alegria a elas. Tratamos como um novo estilo de vida”, conta, lembrando que a capoeira não é apenas uma arte marcial, mas sim uma expressão cultural.
A terapia, segundo ele, possui vários benefícios, como incentivo de mobilidade e de memória. E os resultados têm sido positivos. “O que os idosos nos trazem é muito grande. Eles vêm até o centro de convivência, trocam experiências. O feedback, o carinho é muito grande. Eles passam a viver melhor. Não é só a música da capoeira”, afirma. Hoje, há grupos que praticam a capoterapia na Vila Cipa e no Centro de Ponta Grossa, na Concha Acústica. Para idosos que não possuem mobilidade, Edenilson afirma que há possibilidade de integrar a Capoterapia itinerante.
A terapia também fornece resultados positivos em adolescentes, conforme conta o Mestre Dengue. “Temos depoimentos de médicos e psiquiatras, psicólogos e professores, que nunca se tomou tanto ansiolítico quanto hoje. Esses profissionais atestam que essa terapia tem feito diferença na vida dos jovens e adolescentes, muito embora tenha sido projetada para o público idoso”, conta.
Edenilson atua também levando capoeira para juventude através do Projeto Piá de Vila, que atende na Palmeirinha e no Boa Vista, todas com custo financeiro zero para o aluno. Há, no entanto, um acompanhamento escolar. “O projeto conta com ajuda de apoiadores e eu cobro assiduidade na escola, ver se a criança está indo para escola, como ela se comporta”, afirma. “Tenho alunos que hoje levam o filho para treinar e eles sabem que o trabalho os mudou. A criança precisa ter disciplina. O bom capoeirista não é aquele que se faz na roda de capoeira, é aquele que conversa educadamente, respeita os ideais, que sabe participar e valorizar uma sociedade”, reflete.
Confira abaixo a entrevista na íntegra: