Sexta-feira, 03 de Maio de 2024

Conheça a história de superação do artesão cego que faz lustres em PG

2022-04-29 às 17:04
Foto: Laísa Morais

Cego há oito anos, Márcio de Oliveira é um exemplo de superação. Em 2010 ele perdeu a visão do olho esquerdo em uma tentativa de assalto e quatro anos depois sofreu um acidente de carro em Guarapuava, cidade onde morava, e ficou cego do olho direito. Após um período em depressão, ele começou a frequentar a Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadevi), desenvolveu habilidades com o artesanato e reaprendeu a ser independente.

Márcio relembra que o período em depressão que viveu em 2014 não foi fácil. “Com o acidente eu acabei perdendo tudo, desde amigos até oportunidades. Eu fiquei quatro, cinco meses em depressão, achando que a vida tinha acabado”, comenta. Após a indicação de pessoas conhecidas, ele começou a frequentar a Apadevi de Guarapuava. “Lá tem a sala de artesanato, os alunos fazem colares e pulseiras com miçangas. Comecei a fazer colares com agulha, depois fui para o fio e percebi que ali Deus estava me moldando o tato”, relembra.

Percebendo o desempenho de Márcio, o irmão dele o incentivou a iniciar no ramo de lustres. Com este estímulo, inicialmente o artesão produziu uma cortina com miçangas para colocar na porta e, junto da esposa Ivete Staciak, foi oferecer para as lojas da cidade. “Chegamos em uma loja que inaugurar e a mulher perguntou se eu não fazia lustre. Na hora eu falei que fazia e ela me pediu um lustre pra entrada, bem grande. E eu nunca tinha mexido com o tal do lustre na vida. Falei pra ela que eu não tinha situação financeira para fazer e ela comprou todos os materiais que eu precisava. Ela me deu oportunidade”, conta.

O primeiro lustre tinha a base quadrada de 90 cm x 90 cm por 1 metro e 80 centímetros de altura. “Dali para frente Deus só foi me moldando”, diz. Quando ele e a esposa vieram para Ponta Grossa, foi procurado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROX-UEPG) com o pedido de um lustre de 3,5 metros de altura, em um modelo que Márcio nunca havia feito. “Era no sistema de cabo de aço com fixador, mais uma vez eu disse que faria, eu nunca tinha visto antes um assim. Eu fiz uma réplica menor para ele aprovar e ele gostou”, pontua.

Hoje, Márcio e a esposa possuem a loja Brilho Celestial Lustres e já conquistaram muitos clientes em Ponta Grossa. “Fiz um lustre para uma cliente numa estrutura de suporte de 70 cm x 1,2 m  por 4 metros e 50 centímetros de altura. Apenas neste, usei 18 mil pedrinhas de cristal”, afirma. “Hoje, pelo o que eu sei, não tem nenhuma pessoa cega que faça esse tipo de trabalho, os lustres são todos ideias da minha cabeça, inspiração de Deus, o dom é Dele, Ele me deu de presente. As fórmulas e os desenhos eu faço tudo na minha cabeça”, destaca.

A Brilho Celestial Lustres, está localizada na rua Silva Jardim, 244, na região central de Ponta Grossa, próximo à rotatória da Biblioteca Municipal. O telefone para contato é (42) 99927-1716. 

Confira a galeria de fotos:

Fotos: Laísa Morais
Fotos: Arquivo pessoal