Segunda-feira, 18 de Novembro de 2024

“Credibilidade vale mais do que audiência”, afirma Robson Silva, novo apresentador do Tribuna da Massa

2020-11-05 às 18:00

O programa Tribuna da Massa, exibido pela Rede Massa em Ponta Grossa, está de cara nova. Desde a última terça-feira (3), a atração é comandada pelo jornalista Robson Silva. Ele é natural de Realeza, município localizado no sudoeste do Paraná, e tem quase 35 anos de experiência em comunicação.

Robson conta que começou a trabalhar desde muito cedo. Com 14 anos conseguiu o primeiro emprego numa rádio local, com 15 anos já era repórter de rua e aos 16 passou a integrar a equipe do estúdio. “Depois disso as coisas foram acontecendo naturalmente. Meu pai era policial militar e a gente mudava muito de cidade. Em cada lugar eu conseguia emprego numa rádio e adquiria um pouquinho mais de experiência”, lembra. 

“Fazer televisão nunca me passou pela cabeça, até porque eu não tinha TV em casa até 12 anos de idade. Fui comprar a minha primeira televisão com o dinheiro que eu ganhava vendendo coxinha na rua, antes disso eu assistia na casa do vizinho”, recorda. A oportunidade de começar a trabalhar em televisão surgiu quando Robson se mudou para Pato Branco e começou a trabalhar num grupo que possuía emissora rádio e TV juntas. 

O jornalista acabou se encantando com a televisão e hoje acumula passagens pelas mais importantes emissoras do país. Robson apresentou o programa ‘Aqui Agora’ no SBT, em Foz do Iguaçu, e também o ‘Tribuna da Massa’, em Curitiba. Na Band, foi responsável por levar o programa ‘Brasil Urgente’ para os municípios do interior e por implantar o ‘Cidade Alerta’, exibido pela Record, em cidades menores. 

Compromisso de levar informação

Em todos esses anos de profissão, Robson fez de tudo um pouco na televisão, mas foi nos programas populares que encontrou o seu verdadeiro talento. “Esse tipo de programa já não pode mais ser considerado policial, e sim popular”, defende. Ele destaca que o Tribuna da Massa, por exemplo, trabalha com informações e notícias de interesse da comunidade. “A notícia é interessante do ponto de vista da curiosidade, a informação é algo que você vai levar durante a vida toda”, explica. 

Ele admite que hoje não consegue se imaginar fazendo outra coisa. “Minha vida é informar e para isso eu tenho que me manter bem informado e uma coisa leva a outra. Você pega essa paixão pela informação e por absorver o conhecimento e você consegue transmitir essa paixão através da informação”, enfatiza. 

Rebelião estendeu o último programa em quase três horas

Ao longo da carreira, vários assuntos emocionaram e mexeram a fundo com o apresentador. Entretanto, ele garante que o mais marcante foi o último programa que apresentou em Curitiba. “Eu tinha acabado de pedir demissão e a gente combinou que eu não iria fazer uma despedida. Nesse último programa, houve uma rebelião na Penitenciaria de Piraquara e ficamos 2h50 no ar com o líder da rebelião em cima da penitenciaria conversando comigo pelo telefone celular e uma câmera embaixo mostrando ele na tela”, conta. 

De acordo com Robson, uma das exigências era que a transmissão não fosse interrompida e que o programa continuasse no ar. “Eu fique naquela obrigação de ficar batendo papo com o cara até que chegou o momento em que apareceu uma bandeja com uma cabeça em cima. Com todo o respeito, eu pedi para o líder da rebelião que tirasse aquilo, porque tinha milhares de mães assistindo e qualquer uma delas poderia achar que era o filho”, frisa. O pedido foi atendido e o programa só terminou porque a Cavalaria da Polícia Militar atropelou câmeras e cabos, interrompeu a transmissão, e invadiu a penitenciária. 

O apresentador comenta que, muito além da mudança na programação, a preocupação era com as vidas que poderiam ser pedidas. “Eu me senti bastante responsável até porque a gente conseguiu dialogar com calma e com respeito. Morreram alguns presos, mas poderia ter sido bem pior e ter morrido muita gente se os ânimos tivessem se alterado”, reconhece. 

Televisão começa a recuperar a credibilidade

De acordo com Robson, ele nunca teve problemas com a Justiça ou recebeu processos por danos morais e acredita que isso se deve ao trabalho sério e comprometido com a verdade. “A gente notou que a televisão o rádio vinha perdendo muita força para as mídias sociais. De repente, no meio dessa pandemia, teve tanta fake news que as pessoas começaram a perceber e a se perguntar se outros veículos haviam divulgado”, diz. Ele reforça que a população começou a usar o rádio e a televisão para confirmar se uma notícia é verdade ou não. 

O apresentador não poupa críticas às fake news e às informações incorretas que circulam na mídia. “Eu não sei como que as pessoas conseguem ter tempo para sentar e inventar uma história mentirosa que não vai acrescentar nada para ela, só vai trazer prejuízo para as pessoas e se sentir bem com isso. Eu não sei que tipo de ser humano é esse”, dispara.

Não vale tudo pela audiência

É uma linha muito tênue entre o jornalismo popular e o sensacionalista, admite Robson. “A gente não precisa da audiência a qualquer custo. Hoje a credibilidade é muito mais importante do que os números. Eu não trabalho para o Ibope, meu compromisso é com quem me assiste em casa. Não importante se são duas pessoas ou dois milhões de pessoas, é com elas que eu tenho compromisso”, enfatiza.  

Ele confessa que já seguiu por uma linha sensacionalista na época em que apresentava o programa ‘Aqui Agora’. “Eu confesso que lá no comecinho da minha carreira, até porque o programa que eu apresentava era um programa totalmente policial e bastante sensacionalista, eu tinha que seguir essa linha do nacional. Hoje, olhando para trás eu não faria algumas coisas que eu fiz”, reconhece.

Para Robson, um dos maiores arrependimentos é ter condenado algumas pessoas sem que ele tenha sido julgado e condenado pela Justiça. “Nós não somos juízes, nem promotores, muito menos advogados de defesa para fazer esse tipo de coisa”, alfineta.

Na visão do apresentador, o tempo do jornalismo sensacionalista já passou e as pessoas não toleram mais esse tipo de postura da imprensa. “As coisas foram mudando e hoje, graças a Deus, a gente tem um jornalismo respeitado, sério, sem sensacionalismo, com ética e que traz o retorno da credibilidade”, afirma. 

Mesma linha de comunicação  

De acordo com Robson, é uma responsabilidade muito grande substituir Jocelito Canto no comando do Tribuna da Massa. Ele conta que conheceu o apresentador há mais de 30 anos quando trabalhou numa rádio em Santo Antônio do Sudoeste. “Saí de lá e fui para outra cidade, passou um tempo o diretor me ligou pedindo para que eu voltasse a apresentar o programa. Ele tinha contratado um gaúcho que ficou uns dias ali, mas foi embora para Ponta Grossa e deixou o espaço vago. Esse cara chama-se Jocelito Canto”, brinca.

Robson garante que se identifica muito com a linguagem popular usada por Jocelito e o estilo criado para o programa. “A gente tem a mesma linha de comunicação é por isso que eu acredito que o povo de Ponta Grossa não estranhou. Não foi uma mudança muito grande, porque eu me identifico muito com ele”, afirma. “A nossa diferença é que eu não sou político, não tenho tendência e nem expectativa, nunca fui e nem quero ser”, ressalva. 

Entretanto, ele reconhece o tamanho da responsabilidade que é estar à frente do programa. “Nós estamos fazendo 24 pontos no Ibope contra 13 da Rede Globo. É uma responsabilidade manter esses números, apesar de eu não trabalhar para o Ibope. O comercial cobra da gente os resultados, porque é aí que vende e o patrão fica feliz quando a gente vende”, enfatiza

Compromisso com a comunidade

Para o futuro do Tribuna da Massa, o apresentador planeja manter a mesma linha de compromisso com a comunidade e intensificar ainda mais as denúncias de problemas pontuais de bairros da região. “Ninguém vem para um programa desses para ficar famoso ou para aparecer. A pessoa procura um programa desses quando já se esgotaram todas as alternativas de resolver o problema dela. Ela já falou com o presidente do bairro, com o diretor, já foi lá tentar falar com o prefeito, fez protocolo e aí, quando não tem mais jeito, ela procura a imprensa”, alega. 

Robson também ressalta a alegria de estar em Ponta Grossa e o carinho que recebeu das pessoas. “Foi uma receptividade maior do que eu esperava e isso me deixou muito à vontade”, comenta. Ele lembra que começou a apresentar o Tribuna da Massa aos sábados um mês atrás para ver como era aceitação do público. “A gente criou um laço bem bacana e quando eu cheguei foi uma surpresa agradável pata todo mundo. Nós temos uma equipe de guerreiros, gente de sangue novo lutando pelo jornalismo sério e eles têm todo o meu respeito”, salienta. 

O Tribuna da Massa vai ar de segunda a sábado, ao 12h30, pela Rede Massa.