Depois de meses de frio, eis que o calor volta a reinar e, com ele, vem a temporada de muito mais pele à mostra. Mas, para que ela se mantenha saudável e bonita, precisamos redobrar a atenção. Para falar sobre esses cuidados e sanar outras dúvidas, o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta quinta (24) trouxe o dermatologista Bruno Mendes.
Um cuidado imprescindível para este período é o protetor solar. “Se for para escolher alguma coisa da rotina de cuidado com a pele, uma coisa seria o protetor solar, porque ele faz a prevenção de tudo o que tratamos na dermatologia: mancha, envelhecimento, ruguinhas e o próprio câncer de pele. Mais do que deixar os pacientes belos e prevenir envelhecimento e as marquinhas que, invariavelmente, vão acontecer, estamos prevenindo o câncer de pele”, enfatiza o médico dermatologista.
Dezembro Laranja
Em dezembro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) promove a conscientização acerca dos riscos do câncer de pele, orientando a população a manter hábitos adequados de proteção solar (fotoproteção) e a realizar regularmente visitas ao dermatologista para obter uma avaliação especializada.
Mendes observa que, de todos os tipos de câncer, o de pele é o de maior incidência. “Tem mais câncer de pele do que de mama, do que de próstata. É muito frequente. No consultório, praticamente, todo dia, diagnosticando”, diz.
Segundo o dermatologista, quando se menciona “câncer de pele”, se fala de modo genérico, porque existem vários tipos de cânceres de pele. “Existem duas grandes divisões: câncer de pele não-melanoma, que é o mais frequente, e câncer de pele melanoma. O não-melanoma, normalmente, não leva o paciente a óbito, mas tem uma morbidade, então, a conduta é cirúrgica, que ocorre em área fotoexposta – que tomou sol: rosto, mão, antebraço”, afirma.
Conforme o especialista, o paciente costuma, primeiro, perceber um sinal diferente nessas áreas do corpo ou alguma lesão que não cicatriza, que ocasionalmente pode sangrar e, às vezes, pode ficar mais “vermelhinho” ou um pouco mais escuro. Esse é o tipo não-melanoma. “Quando passamos para o câncer de pele melanoma, aí já é mais grave. O tratamento depende muito da espessura do melanoma”, diferencia.
FPS
A variação do Fator de Proteção Solar (FPS) não é mera questão de mercado para diferenciar o preço do produto, destaca o dermatologista, quando se questiona o porquê de, nas farmácias, um protetor solar com FPS 60 ou superior ser muito mais caro que o fator 30. “Na verdade, tem diferença mesmo. O Fator de Proteção Solar é quantas vezes a tua pele fica mais protegida ao sol do que a tua própria pele [sem protetor]. Se eu sair ao sol durante cinco minutos, já fico vermelho. Se eu usar um protetor FPS 30, eu estarei 30 vezes mais protegido; se for 70, 70 vezes mais protegido. Faz diferença: quanto maior a proteção, melhor”, frisa.
O dermatologista salienta que a partir do fator 30 já há um bom nível de proteção solar. “Entretanto, esse FPS 30 é medido em situações ideais, num laboratório. Você tem que passar 2mg/cm², isso é muito protetor. Para a cabeça, é como se fosse uma colher de chá. É bastante e a gente não passa. Um estudo mostrou que usamos de 30% a 50% dessa medida. Se você usa um protetor 30, vai estar, na verdade, com um FPS 15 ou 10. Se você usa um protetor solar com FPS maior, digamos, 60, 80, você estará usando, no final das contas, um FPS 30”, compara. “A matemática não é bem essa, mas a proteção cai muito, porque não usamos a quantidade necessária”, emenda.
A tecnologia dos protetores solares avançou muito com o passar dos anos e, hoje, além do fator de proteção solar contra raios UVB – que podem ocasionar o câncer de pele – oferecem proteção contra raios UVA – mais relacionado ao envelhecimento da pele. “Se usarmos o protetor solar de forma correta e contínua, ele previne o envelhecimento”, diz. Muitos deles, pontua o especialista, já acrescentam elementos de skincare.
Mendes alerta que o dano solar à pele é cumulativo. Se hoje você toma um “torrão” e, depois de descamar, a pele parece renovada, regenerada, no futuro, surgem os danos, porque esse “torrão” gera mutações nas células da pele.
No pós-sol, o dermatologista recomenda a adoção de uma rotina de skincare que inclua, principalmente, o hidratante. “Uma pele hidratada é uma pele mais resistente aos estímulos externos, como a exposição solar e a poluição”, frisa. E essa hidratação não deve ser apenas tópica, com o uso de cremes e loções, mas também por via oral, consumindo bastante água.
Confira a entrevista com o dermatologista na íntegra: