Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024

Desocupação de imóvel no Jardim Boreal gera críticas à PM

2023-02-18 às 16:50

Policiais militares da Choque e outros agentes, que prestaram reforço, fecharam o cerco a um terreno particular ocupado por dezenas de famílias, no início da tarde deste sábado (18). A Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL-PG) relatou, em publicação nas redes sociais, que houve abuso da parte dos policiais na desocupação, que encerrou com a prisão de Leandro Dias, que lidera o movimento.

O terreno de 13 hectares, localizado na Rua Argentina Vargas de Oliveira, 141, no bairro Piriquitos, foi ocupado por 70 famílias da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) por volta das 19h30 de sexta (17), conforme publicação da FNL PG no Facebook. No local, seria construído o Jardim Boreal II.

Os ocupantes manifestaram a intenção de criar ali o “Cinturão Verde Ponta-grossense”, a fim de dar finalidade ao imóvel adquirido pela iniciativa há cerca de uma década. “Para produzir alimentos baratos, em um local próximo a cidade, gerando emprego e renda aos trabalhadores”, dizem os ocupantes.

Segundo o professor Sérgio Luiz Gadini, docente de Jornalismo da UEPG, a Polícia Militar cercou uma área onde dezenas de famílias com crianças ocuparam na sexta-feira (17). Gadini denuncia que a ação foi executada sem aval judicial.

Os ocupantes estavam sendo retirados de um terreno que pertence ao Município de Ponta Grossa e que havia sido designado para abrigar um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, através da Companhia de Habitação de Ponta Grossa (Prolar).

O terreno teria sido vendido R$ 4 milhões a uma construtora privada. Ainda de acordo com Gadini, a área estaria abandonada há pelo menos 10 anos e a Polícia Militar teria atendido a um pedido do proprietário para desocupar o imóvel.

As imagens registradas pelo docente da UEPG, divulgadas no formato de Reels em seu Instagram, mostram agentes do Choque da Polícia Militar do Paraná e a chegada de outras viaturas para dar reforço às medidas para desocupação do terreno.

O ex-deputado estadual e comunicador Jocelito Canto também criticou a medida. “Confusão grande no Boreal. Tudo porque a prolar não cumpriu a entrega de casas prometida pelo prefeito Rangel. A nova prefeita fechou a prolar por corrupção e vendeu o terreno para uma construtora particular. Neste momento polícia enfrenta ocupantes”, disse, em publicação no Instagram.

Jocelito reproduziu um vídeo feito por moradores do Jardim Boreal, próximo ao portão do terreno em questão. As imagens mostram os moradores das imediações apreensivos com o uso do que aparentam ser artefatos explosivos ou bomba de efeito moral, para tentar fazer com que os ocupantes se rendam.

Até o momento, a Polícia Militar se limitou a afirmar que “todas as medidas estão sendo tomadas para restabelecer a situação de normalidade”.