Segunda-feira, 16 de Junho de 2025

Diretor da VCG explica: Prefeitura é quem define linhas novas e mudanças de itinerário

2022-10-06 às 13:48

Sempre que surge um novo residencial ou loteamento na cidade, que não é atendido por nenhum itinerário de ônibus, os moradores ficam na dúvida sobre como devem proceder para que a linha seja estendida até lá. Em outras situações, há alterações de trajeto para encurtar distâncias e agilizar o transporte ou, ainda, para adequar a demanda.

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta quinta (6), o diretor de relações institucionais da VCG, Rodrigo Venske, explica que essa é uma atribuição da Prefeitura. A Viação Campos Gerais é a operadora do sistema de transporte coletivo, uma concessionária – ou seja, o transporte público é determinado pela Prefeitura Municipal de Ponta Grossa.

“Quando a pessoa entra no nosso site e vê a tabela com os horários de ônibus, ela vê o que a Prefeitura nos determina”, comenta. O diretor da VCG explica que o Município sugere mudar algum itinerário ou encurtar o horário – por exemplo, passar de 15 em 15 minutos e não mais a cada 17 – e, ocasionalmente, a empresa percebe que a mudança não será eficaz porque acumula atrasos.

Nesse caso, a VCG tem que solicitar essa alteração à Prefeitura, porque a Viação não tem autonomia para definir horários, itinerários e locais de embarque e desembarque. É o Município quem vai analisar variáveis como, por exemplo, a distância que um passageiro precisa percorrer até o ponto de ônibus mais próximo. “É um estudo de demanda efetiva, não o número de moradores em volta, mas o número de pessoas que usa o transporte coletivo”, diz.

Segundo Venske, quando um usuário liga no 0800 da empresa e demanda uma mudança de itinerário ou a criação de uma nova linha, o atendente explica que a VCG não possui essa autonomia, mas direciona o pedido à Prefeitura. A Secretaria de Infraestrutura e Planejamento faz uma verificação interna e um estudo de demanda.

“Todas as pessoas esperam que o transporte coletivo seja um transporte individual. Por exemplo, se eu entro no meu emprego às 8h da manhã, quero que o sistema funcione de tal forma que eu chegue no ponto, entre no ônibus e desembarque no terminal a tempo. O sistema é público, então, muitas vezes, não conseguimos fazer com o que o sistema se adeque àquela pessoa, pois não é feito para aquela pessoa, é feito para todos, então usamos uma média”, argumenta.

De acordo com o diretor de relações institucionais da VCG, algumas demandas acabam não sendo atendidas porque as pessoas fazem reivindicações que, no cômputo geral, pode não haver passageiros suficientes naquela rua.

Venske destaca que, historicamente, a falta de planejamento urbano em Ponta Grossa gerou bairros muito distantes em relação ao Centro, que geram uma quilometragem muito alta.

Pontos de ônibus

O modelo de concessão do transporte público atual determina que a VCG opera apenas os ônibus. Não cumpre a ela a manutenção dos terminais de transporte coletivo, nem dos pontos de ônibus. “Hoje, nos terminais, por exemplo, limpeza e conservação são da Prefeitura. Controle de acesso, da Prefeitura. Pontos de ônibus é a Prefeitura que faz. Hoje, o modelo de concessão é esse, porque, no contrato de licitação previa a licitação dos ônibus”, detalha.

Venske ressalta que essa regra não diz respeito apenas a Ponta Grossa. Nos demais municípios, é natural que a Prefeitura assuma a responsabilidade por esse mobiliário urbano.

“Em Curitiba, existe uma concessão, por exemplo, de publicidade e ela custeia. Se você for a Curitiba, vai ver alguns pontos diferenciados em que há uma publicidade, que é de uma outra empresa concessionária, que se chama Clear Channel. Ela deixa o ponto conservado e explora aquela publicidade. Ponta Grossa poderia seguir esse modelo também”, sugere.

Frota

A Viação Campos Gerais opera hoje com 189 ônibus ativos. “Os ônibus que têm mais idade rodando hoje estão com 12 anos”, relata. A última renovação de frota ocorreu no período pré-pandemia, segundo Venske.

Segundo o diretor da VCG, quase a totalidade da frota é composta de ônibus Mercedes-Benz, com carroceria de primeira linha. “Temos hoje uma frota de excelente qualidade porque a manutenção é excelente. Existem problemas? Lógico, é uma operação de 200 ônibus, praticamente, por dia, rodando, é muita quilometragem por dia”, diz.

Venske compara preços e afirma que um ônibus da Volkswagen custa bem menos que um Mercedes, para a compra do chassi. “Somos livres para escolher. Apresentamos os valores para a Prefeitura e a Prefeitura utiliza os mais baratos, ela não me remunera o valor do Mercedes, mas fazemos questão de ter uma frota unificada. É bom para a operação, porque a peça é unificada e eu consigo ter uma economia, mas é bom para a população, porque eu consigo entregar um serviço de melhor qualidade”, explica.

Média de passageiros

Os ônibus da VCG transportam, em dias úteis, uma média de 60 mil equivalentes – isto é, pagantes – o que perfaz uma média de 75 mil a até 80 mil passageiros, ao se incluírem as gratuidades e estudantes. Antes da pandemia, segundo Venske, houve uma queda de 70% na circulação de passageiros, de 100 mil para 30 mil.

O diretor de relações institucionais alega que a redução de pessoal, com as demissões ocorridas na pandemia, foi “relativamente pequena”, de 15% a 20% do quadro, que hoje conta com cerca de 1050 funcionários. “Mas isso não foi num dia único, estou falando de um período de dois anos e meio”, justifica.

“Conseguimos preservar muitos empregos, por muito tempo, porque houve o benefício da suspensão do contrato de trabalho, que pagávamos uma parte, o governo federal pagava outra. Conseguimos manter por praticamente um ano e pouco, porque teve o período de afastamento, da suspensão, e mais o dobro, porque a regra era um mês afastado e um de estabilidade ao funcionário”, diz.

Treinamento dos funcionários

Os funcionários da VCG passam por treinamento contínuo, em dois aspectos: o técnico e o humano. O treinamento técnico envolve questões como direção defensiva e econômica. O treinamento humano, sobre o atendimento ao usuário do transporte coletivo, ocorre uma vez por mês para os funcionários que estão retornando das férias, de modo que todos sejam treinados uma vez ao ano.

Venske afirma que a VCG só continua em operação, hoje, graças aos funcionários. “Se não fossem nossos colaboradores, nossos motoristas, nossos cobradores, pessoal do administrativo, PDV, arrecadação e manutenção, não estaríamos aqui, porque a pandemia foi muito dura para eles. Porque houve parcelamento de salários, atrasos de pagamentos, de 13º. Houve negociações com o sindicato [Sintropas], fizemos tudo isso dentro da lei, mas sabemos que isso gera reflexos para as pessoas. Essas pessoas foram fundamentais e a VCG só está firme e forte hoje graças a elas”, enfatiza.

De acordo com o diretor de relações institucionais, a VCG tem procurado retribuir esse empenho de seus funcionários com reuniões de agradecimento, em que é oferecido um café para grupos de 50 colaboradores. Os convites têm sido feitos, primeiro, aos funcionários mais antigos e, gradativamente, aos mais novos.

Confira a entrevista na íntegra: