Quarta-feira, 09 de Abril de 2025

Diretor de escola de idiomas salienta a importância de saber falar inglês; apenas 3% dos brasileiros são fluentes

2022-10-14 às 15:09

Com a globalização, saber outro idioma amplia as oportunidades no mercado de trabalho, ainda mais para quem mira nas empresas multinacionais ou atua em profissões liberais. Ainda que o inglês seja o idioma mais falado no mundo (1,268 bilhão de falantes), apenas 3% dos brasileiros são fluentes. O diretor da inFlux Ponta Grossa Alan Pablo Ribeiro explica a importância de saber falar outra língua, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Jonathan Jaworski, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta (14).

A disciplina de Inglês é obrigatória no currículo escolar somente a partir do 6º ano do ensino fundamental. Muitas escolas, especialmente da rede privada, incluem o idioma em seus currículos desde a alfabetização e, em Ponta Grossa, várias delas já adotam o ensino bilíngue. “É uma tendência de que tenhamos o ensino nessas duas formações, tanto em Português, quanto em Inglês, de matérias básicas”, analisa.

Saber inglês expande as oportunidades de comunicação, mesmo sem sair do país, de acordo com o empresário, por ser a segunda língua, também, de muitos hispânicos e latino-americanos. “Muitas vezes, você vai ao Rio de Janeiro e acaba conversando em inglês com um mexicano ou um uruguaio, por exemplo”, afirma.

Alan menciona que o mandarim chinês, a segunda língua mais falada no mundo vem ganhando sua importância por uma questão macroeconômica. Vale lembrar que o idioma, falado por 1,12 bilhão de pessoas, é a língua oficial do país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes.

O idioma inglês passou a ser mais difundido no mundo a partir do fim da Segunda Guerra Mundial. Além disso, já desde a primeira metade do século XX, os filmes hollywoodianos foram distribuídos em escala global e o mercado internacional sempre esteve na mira de grandes conglomerados de entretenimento transacional – como a Disney e a Warner, por exemplo. A difusão da cultura pop, principalmente americana, também ajudou a proliferar, cada vez mais, a língua inglesa entre os não-nativos.

“Temos o entendimento que, com o advento da tecnologia, houve uma quebra de barreira. Hoje, qualquer pessoa no mundo pode escutar essa transmissão. Outra quebra de barreira que, com certeza, está acontecendo vai acontecer mais profundamente, nos próximos anos, é com relação à linguagem. Não apenas a linguagem falada, mas a linguagem cultural”, comenta.

De acordo com Alan, quando se fala de língua, não devemos nos limitar ao aspecto da comunicação, mas nos debruçar sobre as questões culturais que ela envolve. “Essa troca é muito importante e o mundo, com essa globalização, essa conexão cultural com o mundo vai sendo aumentada, ano a ano”, acrescenta.

Muitos termos em inglês acabaram sendo incorporados ao nosso cotidiano, observa Alan, mesmo que acabemos “abrasileirando” sua pronúncia, de forma que foram incorporados ao nosso dicionário. “Isso acontece de forma muito natural. As crianças, no seu processo de aprendizado, acabam já falando, porque é prático, fácil, aquele momento que ela já acessa os sistemas do cérebro, que ela já começa, rapidamente, a captar e repetir aquilo”, pontua.

Sobre a dificuldade em entender as particularidades da conjugação verbal ou da concordância nominal em português, para os falantes nativos de língua inglesa, Alan observa que o processo é similar ao das nossas crianças que, em seu processo de alfabetização, muitas vezes questionam quando o aumentativo, o diminutivo ou a diferença entre masculino e feminino mudam muito a palavra original.

“O Português é realmente um pouco mais complicado, mas quando começamos a trabalhar um processo natural de aprendizagem com essa equivalência e colocar no dia a dia, você nota uma criança de dois anos, dois anos e meio, já conseguir se comunicar completamente, mesmo sem saber ler e escrever. Porque ela está repetindo, no dia a dia, o que estamos falando, estamos equivalendo coisas que, às vezes, ela nem sabe e aí, com quatro ou cinco anos, ela começa a fazer perguntas difíceis”, analisa.

Método de aprendizagem

Alan destaca que o método de ensino-aprendizagem de inglês se transformou muito nos últimos anos e adotou formas muito mais práticas. “Antes, existia uma dificuldade muito maior porque pegávamos listas de verbo e de vocabulário enormes e era aquela ‘decoreba'”, diz. Segundo ele, quando se pratica a gramática em situações do dia a dia e usando essa equivalência, o aprendizado se torna mais fácil, mais leve e mais rápido.

“No processo de comunicação, muitas vezes, não vemos, mas a importância disso nos negócios, na área acadêmica e na área informacional, uma vez que apenas 1,5% do conteúdo da internet, hoje, está em português”, frisa.

Mercado de trabalho

Profissionais que conseguem se comunicar bem em inglês conseguem ganhar até 65% mais. “A correlação do inglês com o mercado de trabalho é direta, não só pela questão de ter em currículo, mas por aproveitar as oportunidades que o mercado concede”, avalia Alan. De acordo com o diretor da inFlux, esse componente no currículo – cada vez menos um “diferencial” e cada vez mais um requisito elementar – não precisa se restringir ao fato de haver multinacionais no país e na nossa região, mas para o mercado de trabalho como um todo.

Alan destaca que muita gente busca os cursos de inglês dizendo que precisa aprender o idioma “para a empresa”. “É importante salientar que você não fala para a empresa. Você fala para você”, diz.

O empresário destaca a necessidade de saber falar inglês não apenas quando se mira as empresas multinacionais, mas o próprio empresário local. “Temos cases de empresários que foram fazer projetos e campanhas fora do Brasil utilizando a língua inglesa. Ou vão fazer cursos. No mercado de trabalho, o inglês é um ‘trampolin'”, afirma.

Dominar a língua é cada vez menos um diferencial e cada vez mais um requisito básico, em grandes empresas, especialmente para quem está no nível estratégico, que seria o topo, da gestão em uma empresa (C-Level). “Claro que, em níveis iniciais, ainda é um diferencial, para conseguirmos só separar um pouquinho isso, em níveis de analista, níveis técnicos, ainda hoje é um diferencial no mercado de trabalho”, complementa.

A fluência em inglês, no mercado de trabalho, se encaixa numa das três frentes de habilidades, que se chama hard skill. As hard skills são habilidades cada vez mais exigidas pelas empresas, como falar inglês, saber usar Excel ou Power BI (como se fosse um aprimoramento do Excel), lidar com informática, programação. As soft skills são habilidades mais comportamentais – como a proatividade e a facilidade em se comunicar, falar em público. A terceira seria a people skill, que seriam as habilidades de troca, de se relacionar, de atuar em equipe.

inFlux

A inFlux Ponta Grossa fica na Rua Cel. Francisco Ribas, 44, Centro. O telefone é o (42) 3028-6494. Mais informações no site e nas redes sociais: @influxpontagrossa.

Confira a entrevista de Alan Pablo Ribeiro na íntegra: