Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2024

Diversidade de solos e rochas pode explicar deslizamentos e alagamentos em PG, afirma professor 

2023-03-13 às 15:29

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (13), o professor doutor em Geografia, Isonel Sandino Meneguzzo, explicou que os deslizamentos e alagamentos que ocorrem em Ponta Grossa podem ser explicados devido às particularidades de solo e rochas do município.

Com relação às chuvas intensas que atingiram o município na última sexta-feira (10), quando foram registrados diversos pontos de alagamento na cidade, Meneguzzo explica que, segundo dados cedidos pelo professor Gilson da Cruz, a estação meteorológica da Universidade Estadual de Ponta Grossa registrou 23,3 milímetros de chuva em um curto intervalo de tempo. “Esse é um problema porque o solo não vai conseguir absorver aquela água, e temos muita impermeabilização do solo, temos muito asfalto, concreto, calçada, por isso a água não vai ter por onde escoar, as manilhas que temos são dimensionadas para absorver determinada quantidade de água”, avalia.

No caso do Lago de Olarias, local que sofria com constantes alagamentos em dias de chuvas, antes do parque ser implementado, não houve inundação do arroio, o que ocorreu foi um alagamento da marginal oeste. “Estão mexendo nos arredores daquela região, acredito que estejam fazendo loteamentos, mas deixaram o solo exposto, estão tirando a vegetação que cobria a encosta e deixaram o solo exposto, é óbvio que a enxurrada vai trazer todo esse solo para baixo. Pelo o que eu observei, ali são propriedades particulares, mas deveria haver uma fiscalização por parte do poder público municipal com relação a isso”, aponta, citando que os dados são do professor Joel Laroca, do departamento de Engenharia Civil da UEPG, mentor intelectual do projeto do Lago de Olarias.

Áreas de risco mapeadas em PG

O município possui particularidades com relação à diversidade de tipos de rochas e solos, o que faz de Ponta Grossa um local com uma predisposição maior para ocorrência de deslizamentos e alagamentos, por exemplo, segundo o professor.

Entre as áreas de risco mapeadas para este tipo de fenômeno, estão a região de Uvaranas, Ronda, pontos específicos no Sabará, alguns pontos do bairro Olarias e a ligação entre as vilas Palmeirinha e Nossa Senhora das Graças, no local conhecido como ‘Serrinha da Palmeirinha’. “É uma área complicada sob diversos aspectos, infelizmente tem inúmeras ocupações irregulares, consolidadas há décadas. Para tirar uma família desse local não é algo fácil sob diversos aspectos, cria um vínculo naquele lugar, tem a sua vida, família, tem uma história, mas não podemos negligenciar. Ali envolve a inundação do arroio, um risco elevado de deslizamento”, explica o professor.

Outro ponto em que ocorre alagamentos frequentes é na rodovia BR-376, na ponte do Rio Ronda. Meneguzzo aponta que este é um problema crônico do município. “Além da questão dos entulhos e lixo, também tem a questão topográfica dali, se observar aquela região, é uma área plana, é natural que o rio sofra uma variação de nível, e óbvio que com a chuva ele eleve o seu nível. Ali, uma das possíveis soluções, poderia ter sido construída a estrada em um nível um pouco mais elevado, mas hoje se vai mexer naquela área, olhe o tamanho do transtorno que pode causar”, avalia.

Prevenção

Na opinião do professor, este tipo de problema poderia ser, ao menos, minimizado já que existem dados consolidados e conhecimento sobre os tipos de rochas, solos e declividade da área urbana. “Falta os nossos gestores executarem políticas que visem medidas preventivas, por exemplo, tem certos lugares da cidade que a legislação ambiental não permite que hajam ocupações humanas. Infelizmente, por vários motivos, entendo essas questões sociais, mas tem alguns locais que as pessoas não podem morar, porque em algum momento vai acontecer algum tipo de problema”, argumenta.

Confira a entrevista na íntegra: