Em comunicado enviado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente no dia 27 de janeiro de 2023, o Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR) informou as diversas dificuldades enfrentadas pelo órgão, além de solicitar providências da administração de Ponta Grossa. Um dos pontos destacados na nota é um surto de cinomose entre os animais atendidos. O memorando indica que entre novembro e janeiro, foram contabilizados 61 óbitos no local, sendo que 27 (5 adultos e 22 filhotes) tiveram o diagnóstico clínico compatível com a doença.
O documento, publicado nas redes sociais por uma internauta, e ao qual a reportagem D’Ponta News teve acesso na íntegra (acesse clicando aqui), aponta que, na época em que foi enviado, outros 25 animais apresentavam sintomas clínicos severos que poderiam indicar a virose. O comunicado ainda dá detalhes de como a doença age, explicando que “afeta o sistema digestivo provocando enterite, pneumonia e encefalite. Os animais acometidos eliminam os vírus por urina, fezes e secreções respiratórias”, além de explicar como se dá o tratamento e prevenção ao vírus.
Falta de medicamentos
Assinado pela veterinária Renata Madureira, a nota informa que o CRAR sofre com superlotação, falta de remédios, vacinas e de funcionários para cumprir as atividades de maneira efetiva. Entre os medicamentos, faltam substâncias que são utilizadas no tratamento de cinomose, como amoxicilina com clavulanato, metronidazol, vermífugos e probióticos. Conforme o comunicado, desde o mês de dezembro de 2022 há escassez de vacina para prevenção da doença.
Outro ponto de destaque é a “falha na limpeza e a alimentação dos animais como o que aconteceu dia 27/01/2023 em que ambos os zeladores funcionários do CRAR não realizaram essas atividades”. O documento finaliza afirmando que a avaliação técnica veterinária nas condições apresentadas pode configurar “uma forma grave de maus tratos”.
Confira abaixo a nota na íntegra:
“Como responsável técnica do canil do CRAR localizado no município de Ponta Grossa comunico que estamos passando por um surto de Cinomose.
Na contagem de óbitos contabilizados nos últimos 3 meses tivemos o total de 61 óbitos, sendo que destes 27 animais tiveram o diagnóstico clínico compatível com cinomose. Além disso, desses 27 óbitos aproximadamente 60% ocorreram nos últimos 30 dias.
Desses 27 óbitos 5 eram adultos e 22 eram filhotes.
Atualmente estamos com 25 animais doentes apresentando sinais clínicos severos sugestivos de cinomose.
A cinomose é uma virose que afeta o sistema digestivo provocando enterite, pneumonia e encefalite. Os animais acometidos eliminam os vírus por urina, fezes e secreções respiratórias.
O tratamento comumente utilizado é baseado em conter a infecção secundária em vias digestivas e respiratória. A limpeza do local desses animais deve ser realizada constantemente a fim de conter a disseminação do vírus.
Os animais doentes devem ser isolados dos demais animais sadios.
A prevenção é baseada na vacinação com no mínimo 3 doses de vacina óctupla.
Atualmente o canil trabalha com a lotação acima do seu limite, com falta de medicações utilizadas para o tratamento da cinomose como amoxicilina com clavulanato, metronidazol, vermífugos e probióticos. Adicionalmente, há falta de vacina para a prevenção desde o mês de dezembro de 2022.
E falha na limpeza e a alimentação dos animais como o que aconteceu dia 27/01/2023 em que ambos os zeladores funcionários do CRAR não realizaram essas atividades (limpeza e alimentação). Comunicamos que pela avaliação técnica veterinária manter os cães no canil doentes sem acesso a medicação adequada e limpeza adequada é compatível como uma forma grave de MAUS TRATOS.
Solicitamos providências da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Atenciosamente: Renata Madureira
Ponta Grossa, 27 de janeiro de 2023.”
A Prefeitura de Ponta Grossa enviou a seguinte nota sobre o caso:
“A Secretaria de Meio Ambiente informa que houve um surto na cidade e que acabou acometendo os animais de rua, sejam os abrigados pelas ongs, como também os pelo CRAR.
Além disso, este surto fez com que o CRAR acabasse recebendo em maior número muitos dos animais que iriam para clínicas.
Contudo, o surto já foi controlado, a partir de medidas de higiene e isolamento.”