Sábado, 18 de Maio de 2024

D’P Pessoas: Boró

2022-09-07 às 15:03
Foto: Giulia Dell Anhol

A música sempre esteve presente na vida do cantor, músico e compositor Bortolo Dell Anhol Junior, mais conhecido como Boró. Já na infância, ele gostava de ouvir sertanejo raiz, pop italiano, rock inglês e MPB. Na adolescência, ele teve a sua primeira banda, voltada ao rock nacional dos anos 80.

Por Michelle de Geus

Um dos músicos mais conhecidos e experientes da noite ponta-grossense, Boró defende que todo lugar precisa de música e, ao contrário de muitos artistas que se mudam para o eixo Rio-São Paulo, ele afirma que faz questão de permanecer em Ponta Grossa, onde, além de tocar, produz a carreira de vários cantores locais.

Entre as suas maiores influências, estão Almir Sater e Renato Teixeira, que, junto aos maiores clássicos dos anos 80, ainda fazem parte de seu repertório quando toca nos bares da cidade.

Na entrevista a seguir, Boró fala um pouco mais sobre a sua relação com a música, uma de suas maiores paixões.

O que a música significa para você?

Significa a possibilidade de melhorar o humor das pessoas, mesmo que por poucas horas. A música interfere no dia de quem a ouve, e eu faço questão de tocar com inteligência e sensibilidade.

Você já teve a oportunidade de dividir o microfone com alguns ídolos. Como foi isso?

Eu tive a oportunidade de fazer um show de abertura para o Renato Teixeira e foi muito bonito. Também fiz apresentações com o Fábio Jr., Zeca Baleiro e Oswaldo Montenegro.

Das canções que você compôs, existe alguma que seja especial?

A minha paixão agora é a composição de música para crianças. A minha netinha tem um ano e agora eu estou escrevendo canções para ensinar o nome dos bichinhos e as cores.

Recentemente, você afirmou que a música é uma necessidade básica do ser humano. Você acredita que é impossível viver sem arte?

Com certeza. A arte é uma ferramenta para o imaginário coletivo e não é possível viver sem ela.

De modo geral, como você enxerga a produção musical atual?

Hoje, a música, a literatura e o cinema estão mais fraquinhos. Caiu muito a qualidade da arte popular no Brasil e no mundo.

Na sua opinião, como está o cenário musical ponta-grossense?

Ponta Grossa é um seleiro de bons músicos. Temos várias bandas e cantores de qualidade em vários estilos diferentes. Hoovaranas e Cadillac Dinossauros são muito bacanas; Alisson Camargo, Álvaro Bueno e Silvestre Alves são ótimos; e Cláudio Chaves, Guilherme Santos e Geordani Castilho são feras.

Embora beneficie muitos artistas que buscam se estabelecer no mercado, a Lei Rouanet vem sendo muito criticada. Como você enxerga essa questão?

A legislação é muito útil e pode, sim, ser uma ferramenta para o artista, desde que seja para músicos locais ou desconhecidos do grande público. Os famosos não deveriam poder usufruir da lei.

A manifestação política é algo muito presente na música e tem se tornado mais evidente. Você acredita que existe espaço nos palcos para esse debate?

Eu não misturo palco com política, e acho isso inapropriado, mas respeito quem pensa diferente de mim.

Por fim, que lições a música te ensinou?

A música me ensinou que é possível unir pessoas de diferentes gerações, etnias, culturas, línguas e nacionalidades. A música é uma “cola” de gente que funciona no mundo todo, e por isso deve ser utilizada com altruísmo e responsabilidade.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #290 Agosto de 2022.