O candidato a deputado estadual Beto Okazaki (Republicanos), falou sobre suas propostas para a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), durante o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta segunda (5).
Adalberto Luiz Pereira Okazaki, de 45 anos, é representante comercial e natural de Cascavel, mas vive há quase uma década e meia em Ponta Grossa. Bolsonarista convicto, é candidato pela primeira vez.
“Não sou um candidato do conglomerado de empresários, não sou candidato de um bloco político. Sou candidato dos ativistas, das pessoas que querem mudança, da inovação, para tirar de lá os velhos, que já estão lá e não deram resultado”, afirma. Okazaki argumenta que se cansou de cobrar posição de quem ocupa cargo político e que, por isso, colocou seu nome à disposição para que ele mesmo possa ser cobrado.
Passou a acompanhar e participar mais ativamente da política a partir de 2017. Antes disso, já encampava as manifestações a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Sentíamos que faltava muita informação e que precisávamos correr atrás. Não me entendia, ainda, como uma pessoa de direita. Naquele período, nem sabia diferenciar o que era direita e o que era esquerda, porque não tinha nenhuma curiosidade de entrar nos méritos desses debates”, diz.
Segundo ele, se fez necessário entender o cenário político. “Comecei a fazer minha pesquisa. Minha formação é dentro da área de pesquisa, sou formado em Teologia. Vivemos num universo de leitura, de análise de textos e de análise de fatos. Isso me facilitou a busca pela formação política e me descobri, primeiramente, como direita e depois, como conservador”, expõe.
Okazaki não se define como militante e se descreve como alguém de “postura racional”, sem estar relacionado a “paixões” ou “fatores emocionais”. Porém, se apresenta como “ativista de direita”.
Nasceu, cresceu e se formou em Cascavel, mas está em Ponta Grossa há 14 anos. Casado com a filha mais nova de Nassima Sallum, Lili. Representante comercial há quase 18 anos, veio a Ponta Grossa fazer um atendimento nas lojas Maxitango, quando acabou conhecendo a esposa.
Teve oportunidade de conviver com a empresária e ex-vereadora ponta-grossense por apenas três anos e meio, antes que ela falecesse, em 2012. “O que me espantou foi que eu não conhecia ela, vim a conhecer depois e, quando andava aqui em Ponta Grossa, na rua, com ela, as pessoas a saudavam a todo momento, ela não conseguia andar sem ser parada. Todo mundo queria falar com ela”, recorda.
O envolvimento com a política surgiu em função da participação de Okazaki num grupo chamado Lux Brasil, iniciativa comandada por Emílio Dalçoquio, empresário do ramo dos transportes. “Nessa iniciativa, estão muitos empresários, entre eles, o Junior Durski, do Madero e o Luciano Hang, da Havan”, diz.
Okazaki é líder de expansão do grupo Lux Brasil. “Estamos com um trabalho no Paraná com 50 unidades, 50 grupos que atuam na política local, porque nossa ideia é politizar os cidadãos comuns, que não são da classe política. Se for da classe política, não tem problema nenhum, não há uma regra para isso. Mas o interessante é que são novos entrantes na política, que estão aprendendo a política da maneira correta”, diz.
Sem polarização, com pluralização
Por “maneira correta”, o candidato não define apenas o modo como seu grupo pensa. Ele nega que exista polarização política no Brasil. “Existe pluralização de ideias. Não viveria num mundo que exista só o conservadorismo. Acredito que precisamos conversar com o progressista. Seria interessante que pudéssemos dialogar muito bem”, afirma.
Uma das plataformas de campanha do candidato é, justamente, “ligar essas duas extremidades para ajudar o Paraná”.
Ainda segundo Okazaki, a Lux está se expandindo até para os Estados Unidos com sua influência. “Já temos senador republicano ajudando a Lux, que formamos lá, na região de Boston [capital do estado de Massachusetts], na região de Dallas [no Texas], Miami [na Flórida]. Estamos lá sendo parceiros dos Republicanos lá nos EUA, inclusive, fazendo algumas interferências dentro da política americana, de maneira prática”, comenta.
O grupo Lux Brasil decidiu que precisava ter um representante próprio na Assembleia e deixar de apenas se envolver em manifestações nas ruas e debates políticos virtuais nas redes. “Precisamos ir para a política de maneira prática e começamos a busca por um candidato do nosso grupo. Conversamos com muitos e não conseguimos viabilizar alguém que tivesse o interesse ou disponibilidade de pleitear nesse momento”, relata.
Foi aí que o grupo sugeriu que Okazaki o representasse nessa seara. De início, ele chegou a recusar a proposta, por considerar que não tinha o capital político necessário para esse pleito. “Nunca fui vereador, nunca fui nem filiado a partido político. Diante da insistência do grupo e do aval deles, em dizer que estariam comprometidos com uma campanha, ajudando e participando, então coloquei meu nome à disposição. Não é um projeto particular de poder, é um projeto coletivo de conservadores do Paraná, que pretendemos instalar. Colocar os pés na Alep e abrir as portas, do lado de dentro, para o pessoal de fora entrar”, diz.
Dentro da Assembleia Legislativa, Okazaki afirma que estará disposto a conversar com todos os grupos, para além das divergências sobre interesses. “Existe um ditado que diz ‘aquele que luta contra monstros, cuide-se para não se tornar um deles; aquele que olha muito tempo para dentro do abismo, o abismo passa a olhar para ele’. Com essa convicção, estamos indo para esse momento, pois sabemos que vai chegar a hora de se sentar à mesa com todo mundo, que pensa muito diferente ou que pensa parecido”, comenta.
O candidato defende que a política precisa ser pautada no interesse do bem comum. “Se for útil e benéfico para a sociedade, não importa de onde venha a ideia. Aquilo que não for útil e, muito menos, benéfico, nós não participaremos. Independente da ala ou do posicionamento filosófico ou político-partidário, se for útil e benéfico para a sociedade, terá nosso aval”, reitera.
“O que estiver entre meus princípios, dentro dos valores que eu defendo, não vou abrir mão nunca. Mas também não vou ofender ou voltar ao primitivismo, que há dentro de mim, para agredir a outra pessoa. Vou, de maneira intelectualizada, cuidando de todo o processo moral de uma conversa, explicar o erro dela”, argumenta.
Oposição com proposição
Okazaki relembra que, no fim do ano passado, a Prefeitura de Ponta Grossa enviou, no apagar das luzes da véspera do recesso legislativo, um projeto de lei à Câmara que pretendia elevar em cerca de 50% o IPTU. O grupo de empresários do qual ele faz parte era parcialmente contra o projeto e buscou informações a respeito junto aos vereadores que eles apoiavam.
“Tentei conversar com outros vereadores, que nos despistaram e não nos chamaram para essa conversa e não queríamos que não aprovasse, mas queríamos que a sociedade pudesse participar conversando”, afirma.
O candidato avalia que um político não deve fazer oposição meramente para ir contra qualquer ideia. “Nossa ideia é proposição. Não concordamos, mas queremos ver o que, juntos, podemos fazer de melhor”, propõe.
Ele volta a usar o caso do IPTU como exemplo e sugere que, se tivesse havido uma audiência pública com sociedades representativas e líderes comunitários, apresentando a fórmula do cálculo do imposto, o grupo poderia não ser contrário à proposta.
Sem diálogo, os empresários começaram a divulgar o nome dos vereadores que aprovaram o projeto sem discuti-lo com a comunidade. Esse evento, no entanto, custou a Okazaki o apoio público do pessoal da Prefeitura que era simpático à sua candidatura.
Crescimento do IDH
Uma das bandeiras levantadas por Okazaki é a necessidade de lutar para elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios do estado do Paraná, visto que alguns deles estão elencados entre os piores índices do Brasil. “O IDH é uma forma de se medir o potencial do capital humano daquele lugar. Uma empresa, quando vai se instalar, uma multinacional ou qualquer outra, de grande porte, olha, primeiro, qual é a capacidade humana da localidade”, comenta.
Entre os critérios para se medir o IDH de uma localidade, está o de saúde, que considera, principalmente, a mortalidade infantil de crianças menores de um ano. Outro, bastante importante, é o de educação. O terceiro é a renda per capita.
O plano de campanha de Okazaki apresenta um projeto chamado IDH+, que pretende equilibrar os três estágios – saúde, educação e renda – para melhorar o IDH. Em primeiro lugar, ele considera necessário fazer um trabalho pré-natal com as gestantes e, depois, manter esse acompanhamento para que a criança se desenvolva de maneira saudável.
Depois, nas escolas, trabalhar para que as crianças melhorem seu rendimento de aprendizado. “Precisamos fazer com que elas tenham boa estrutura na escola”, afirma. O candidato aponta que há problemas nessa área no atual governo, porque as licitações de obras, por exemplo, são coordenadas por uma empresa de Manaus, o que atrasaria os cronogramas. “Temos que mudar isso em forma de lei, aí que entra o deputado”, acrescenta.
Representante do cidadão
Okazaki afirma que, nos Estados Unidos, qualquer cidadão tem acesso fácil para reivindicar os interesses da comunidade junto aos políticos, seja um senador, um congressista ou, até mesmo, um governador. “Aqui, não, aqui vira astro. O cara se elege vereador e acha muito importante e esquece que tem que prestar serviço”, compara. “Tem que inverter a coisa: o cidadão é quem manda no político, não o contrário”, emenda.
PCDs
Outra pauta do candidato é a questão das pessoas com deficiência (PCDs). Segundo ele, os empresários estão tendo dificuldades para atender a uma lei que determina que, a partir de certo número de funcionários, há um percentual que deve ser PCD. “Acho ótimo darmos empregos aos PCDs. Buscando-se brechas na lei, acaba-se dando a vaga para pessoas que têm formas leves de deficiência, mas temos os cadeirantes, que precisam também”, aponta.
Okazaki nega a pecha que a direita tem de ser uma orientação política que não luta pelo social. “Isso é mentira. Inclusive, a Michelle Bolsonaro hoje tem um lema que é transformar o Brasil num exemplo de inclusão de deficientes para o mundo”, diz.
Agricultura familiar e inovação no campo
Outra pauta defendida pelo candidato é o apoio do agricultor familiar. “75% das propriedades do Paraná – não do território, mas das propriedades – são da agricultura familiar. Temos o maior número e podemos resolver um problema muito interessante de emprego, através disso. Porém, muitas famílias ainda não veem sua propriedade pequena, agricultável, como um agronegócio”, comenta.
Em sua caminhada pelo Sudoeste do Paraná, onde predominam as pequenas propriedades, o candidato observa uma nova onda de êxodo rural, em que o jovem, filho de pequeno agricultor familiar, não quer dar continuidade ao negócio da família e procura a cidade grande em busca de curso superior e outra carreira. “O filho vai para fora, estuda, o pai acaba chegando ao fim da vida dele, os filhos vendem a propriedade a preço de banana para um latifundiário e acaba esvaziando o meio rural”, ilustra.
O candidato buscou inspiração num projeto desenvolvido em Piracicaba (SP) para tentar mudar esse cenário. “Eles transformaram a região de Piracicaba e toda aquela região, de agriculturas familiares, no ‘Vale do Silício’ da agricultura familiar”, relata. Okazaki pretende estabelecer uma parceria com esse pessoal de Piracicaba para desenvolver um projeto similar para o Paraná. “É fazer com que o filho entenda que ali há um baita de um negócio. Só está precisando de inovação no campo”, acrescenta.
A ideia é permitir que o filho do pequeno produtor tenha uma formação voltada à tecnologia, mas que permaneça no campo para aplicar esse conhecimento, a fim de ampliar a produtividade das áreas de agricultura familiar, através de recursos de inovação.
Confira a entrevista de Beto Okazaki na íntegra: