Nas últimas semanas, o assunto ‘endometriose’ repercutiu nas redes sociais após a cantora Anitta revelar aos fãs que passaria por uma cirurgia para o tratamento da doença, que é “muito comum em milhões de mulheres no mundo, mas não tão falado quanto deveria ser”, disse a artista no Instagram.
Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (27), a médica ginecologista Dra. Cristiane Schnekenberg explicou que a endometriose é uma doença crônica que causa uma condição inflamatória provocada pelo crescimento anormal de células do endométrio fora do útero, em locais como os intestinos, ovários e trompas, por exemplo. “Toda vez que a mulher menstrua, aquele endométrio certinho cresce e descama. Já aquele endométrio que está no lugar errado, ele vai proliferar e vai causar uma irritação dentro da pelve da mulher, por isso dá uma cólica intensa, porque é como se ela tivesse uma irritação na pelve intensa toda vez que ela menstrua”, explica.
Sintomas
O fator determinante para a suspeita da endometriose é a cólisa menstrual intensa. “É quando toda menstruação é um sofrimento, cólica intensa, a paciente passa mal, não consegue trabalhar, dor pélvica que vai se instalando, mas sempre tem dor na relação, uma dor mais profunda, é uma dor que chama atenção pela intensidade, constância, pela frequência”, explica Dra. Cristiane.
A médica ainda ressalta que a endometriose também é uma das causas de infertilidade. “As trompas podem ficar obstruídas, claro que tem vários recursos que podem resolver a dificuldade que possa surgir pra engravidar. Mas não só pela obstrução da trompa, mas pela inflamação crônica da pelve por si só, já é motivo para atrapalhar a gravidez”, diz.
A ginecologista ainda alerta para que as mulheres que sintam um desconforto “fora do aceitável” durante a mestruação, busquem ajuda médica e investiguem a causa da dor.
Causas
Quanto às causas que provocam a endometriose, a médica relata que ainda não são desconhecidas pela Medicina. Uma das teorias é de que a pessoa pode nascer com células do endométrio em locais errôneos, que se proliferam quando a mulher começa a menstruar. “Outra hipótese é que a menstruação pode, ao invés de só sair pelo lugar certo, do útero para a vagina, que o endométrio saia pela trompa, que a menstruação saia pela trompa e se instale para fora da pelve”, completa.
Diagnóstico
Como os sintomas se confudem com aqueles do dia a dia da mulher, como cólica menstrual, dor na relação sexual, desconforto urinário ou ao evacuar, o diagnóstico correto da doença pode ser demorado e levar de 7 a 12 anos para ser definido. “Mas hoje a proposta é não esperar essa confirmação diagnóstica. O diagnóstico acaba sendo presumido, ou seja, precisa se pensar mais na possibilidade de endometriose e considerando isso, conversar com a paciente, orientar sobre esse possível quadro que a paciente seja portadora, buscar exames mais simples que podem ou não identificar”, pontua a médica.
Tratamento
A endometriose não tem cura, mas tem tratamento, o que promove uma maior qualidade de vida para a mulher. “A doença tem controle, para que não gere aderências na pelve prejudicando o intestino, a bexiga, e também a fertilidade”, defende Dra. Cristiane. O tratamento é realizado com medicações, que geralmente suprimem a menstruação, ou até mesmo com cirurgias, quando a dor já não é mais controlada com remédios.
Confira a entrevista completa: