O painel de especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) aprovou por unanimidade a aplicação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 em crianças com idade entre 5 e 11 anos. Cerca de 2 horas depois, Rochelle Walensky, diretora do órgão, deu também sua permissão para que a imunização pudesse ser iniciada no país. Assim, a vacinação de crianças pode começar já na manhã desta quarta-feira (3) nos EUA.
Com isso, a vacinação de crianças pode ser iniciada ainda nesta semana. Na última sexta-feira, a agência de alimentos e medicamentos do país (FDA) já havia feito a mesma aprovação para uso emergencial. A medida é considerada essencial já que o país está perto de entrar no inverno e teme novo surto da doença, especialmente em áreas com baixa vacinação de adultos.
A dra. Walensky apareceu rapidamente no início da reunião e disse que aquele era um dia que “muitos de nós estávamos ansiosos para ver”, mas que é apenas uma parte do combate à pandemia. “É importante que continuemos a vacinar o maior número possível de adultos para proteger as demais crianças nas comunidades”, disse ela, referindo-se aos menores de 5 anos.
Segundo o jornal New York Times, o governo federal americano preparou um programa com mais de 20 mil pediatras, médicos de família e farmácias para aplicar as vacinas. Cerca de 15 milhões de doses já estão sendo preparadas para distribuição.
As crianças vão receber um terço da dose autorizada para os maiores de 12 anos e adultos, em duas doses com intervalo de três semanas. Essas vacinas serão armazenadas em ampolas menores e aplicadas com agulha própria.
Os especialistas consideram a época do ano crítica porque, após semanas de queda nos números da doença, as reuniões familiares de feriados como o Dia de Ação de Graças e o Natal, realizadas quase sempre em locais fechados por causa do tempo frio, podem voltar a causar surtos de Covid-19.
Cerca de 2 mil escolas em todo o país precisaram ser fechadas após a reabertura, entre agosto e outubro, por causa de surtos localizados da doença.
Segundo o CDC, os dados dos testes realizados mostram que os benefícios da imunização superam os riscos em potencial. Durante a discussão, os especialistas analisaram informações sobre a possibilidade de o imunizante causar uma inflamação no coração, a chamada miocardite. Os testes mostram que o risco é maior entre homens de 16 a 29 anos, mas a grande maioria se recupera e a possibilidade de apresentação do problema cai bastante na faixa entre 12 e 15 anos.
No entanto, uma forma muito mais preocupante de miocardite pode acontecer em casos graves de Covid, segundo os estudos, e o CDC não conseguiu detectar nenhuma morte por miocardite causada pela vacina. “Pegar Covid traz muito mais risco ao coração do que a vacina”, disse um dos cientistas do CDC, Matthew Oster.
Segundo o CDC, cerca de 8,3 mil crianças entre 5 e 11 anos chegaram a ser internadas por Covid (e um terço delas precisou de terapia intensiva) desde o início da pandemia e pelo menos 94 morreram. O número é proporcionalmente mais baixo que o observado em outras faixas etárias, mas no auge do último surto, após a reabertura das escolas, crianças dessa idade responderam por 11% dos casos registrados, na semana de 4 a 10 de outubro.