Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2025

“Este governo vai ter a difícil tarefa de colocar os ânimos no seu lugar correto”, afirma professor Pedro Miranda

2023-01-10 às 06:43
Foto: José Amilton

Quais as perspectivas e desafios do Governo Federal para 2023? Para debater sobre esta questão, o professor Pedro Fauth Manhães Miranda participou do programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (9).

Miranda, que é doutorando em Direito, mestre em Ciências Sociais Aplicadas, bacharel em Ciência Política e professor de Direito e Sociologia, considera que o governo Lula terá a “difícil tarefa de colocar os ânimos no seu lugar correto”, em uma análise sobre a crise institucional que o país vive, o que as diferentes ideologias defendidas pelo Legislativo e Executivo podem dificultar.

“Estamos vivendo uma crise institucional, mas ela não começa hoje. Vale dizer que ela não é de responsabilidade apenas, ainda que seja compartilhada, do Governo Bolsonaro. Essa crise institucional eu coloco como início a partir de 2013, mas claro que já vem de antes”, pondera.

Em 2013, as manifestações iniciaram de forma democrática, com o pedido de melhorias de serviços públicos, segundo Miranda. “Mas você tem, a partir de 2013, uma resposta muito débil do governo. O Governo Dilma não respondeu de forma decente, inclusive na época ela demorou muito a dar uma declaração, deixou-se aquilo crescer até o ponto de ficar incontrolável”, explica. Agregado a isso, o professor defende que ainda há o fato de que a “estrutura institucional” já possuía dificuldades para absorver as pautas populares.

Como serão os próximos anos do governo Lula?

O professor acredita que deve haver uma “grande contrariedade” da população, com relação ao governo Lula. Porém ele destaca que a democracia se fundamenta em opiniões divergentes, “desde que realizadas sob aspecto democrático, desde que respeite o adversário”.

“Vale lembrar, os dois primeiros governos Lula, principalmente o segundo, foi uma tranquilidade muito grande. Podem até discordar, mas o fato é o seguinte, contra fatos não há argumentos e isso é um fato muito bem colocado, o presidente Lula sai do governo com uma popularidade de 80%, sai com o Congresso Nacional do lado dele. Hoje você tem quase metade da população contrária ao governo Lula, porque votou no Bolsonaro, claro que boa parte se absteve de votar, mas boa parte que votou no Lula não votou porque gosta dele, mas porque odeia o Bolsonaro. E vice-versa. Veja a que ponto chegamos, você vota em alguém porque você odeia o outro”, afirma.

Além da sociedade civil, a contrariedade da sociedade política também ficará em destaque na gestão de Lula. “Tivemos uma eleição enorme do PL, que é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Vai ter uma contrariedade muito grande, vai ser difícil para ele governar, mas o fato é: até agora ele se mostrou muito aberto, coisa que o Bolsonaro nunca fez. O presidente Lula se mostrou aberto ao diálogo e levou para o seu governo pessoas que pensam diferente, como exemplo a Simone Tebet que não tem várias similaridades com o governo, tem muitas discordâncias”, completa.

Confira a entrevista na íntegra: