Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta (24), o médico tricologista Leandro Mauro e o cirurgião plástico Gustavo Mauro debateram algumas das maiores preocupações no que diz respeito à estética masculina atualmente: calvície e sobrepeso.
A busca pela perfeição plástica é algo inerente ao ser humano, mas a exploração constante da imagem nas redes sociais tem intensificado esse processo. “Acho que nos últimos 10 anos, com a popularização da internet e o advento das redes sociais isso chegou a um ponto realmente que está pegando fogo, está muito alto. Em nosso consultório, conversamos muito com o paciente para desenhar essa linha do que realmente é necessário e o que é excessivo. Há uma linha tênue entre o ótimo e o estrago”, pontua o cirurgião plástico.
“A estética é um espelho da saúde. Se você está bem de saúde, provavelmente, teu corpo vai estar bem. Se a tua estética não está legal, no caso da barriga, especialmente, muito provavelmente, tua saúde não está legal”, adverte o cirurgião plástico Gustavo Mauro.
Conforme o cirurgião, se a barriga está “globosa”, é provável que o paciente tenha gordura visceral, que está atrás do músculo, entre as vísceras. “É uma gordura que nem com cirurgia alcançamos, só se perde através de reeducação alimentar”, aponta. Esse tipo de gordura indica que o indivíduo possui maior risco cardiovascular – de sofrer um infarto ou AVC, alerta.
Barriga
Pesquisas médicas indicam, claramente, que se alguém quer perder gordura, mais importante do que o exercício é a dieta, de acordo com o cirurgião plástico Gustavo Mauro. “No caso do homem, também, o que se bebe, porque a bebida de álcool é muito calórica, como a cerveja. Não estou sendo contra, só estou dando a informação. Do ponto de vista não-cirúrgico, mais importante do que o exercício, é o que você come, é a reeducação alimentar, a qualidade mais do que a quantidade do que se come”, explica Gustavo.
O cirurgião plástico recomenda o que chama de “regra 80×20”: 80% do tempo você adota uma dieta regrada, equilibrada e variada e 20% do tempo para “chutar o balde”. Mas adverte: essa regra só vale para quem quer manter a forma como está. Quem pretende melhorar o físico, deve adotar uma “regra 95×5”.
Ele também sugere exercícios físicos como a caminhada e a musculação, especialmente para quem passou dos 40 anos. “Quem tem mais de 40 anos vai perdendo massa muscular e quem faz musculação, que tem um músculo mais hipertrofiado tem um gasto calórico maior que uma pessoa de mesmo peso com menos músculo”, explica Gustavo.
Harmonização facial
Sobre a proliferação de procedimentos de harmonização facial e preenchimento, praticados por outros profissionais da saúde, o cirurgião plástico considera que se está “vendendo receitas de bolo. Você dá a receita de fubá e começam a vender bolo de fubá para todo mundo”, adverte Gustavo.
O especialista, aliás, desacredita do efeito de ácidos, como o ácido desoxicolato (Lipostabil) – que promete a redução de gordura subcutânea. “‘Aplica isso que vai reduzir gordura’. Não funciona assim, não foi personalizado teu atendimento, você não tem indicação disso. Se tem indicação, vai ser feita uma lipo nessa região, com lifting de pescoço”, comenta o cirurgião, sobre dentistas que estão usando o ácido com a promessa de reduzir papada nos pacientes.
Para Gustavo, cabe ao paciente julgar se é certo ou não recorrer a esses procedimentos fora das clínicas de cirurgia plástica ou dermatologia. “Eles sabem a formação que tivemos. Depois da faculdade, foram mais seis anos para poder operar sozinho. Quem tem que julgar são os próprios pacientes, mas o que acontece é que você abre o Instagram e vê venda de curso de aplicação de botox e de preenchimento de face online, que causa até distorções de face”, ilustra.
Calvície
A tricologia é uma área específica da dermatologia que trabalha a anatomia e função dos pêlos no corpo humano – hoje, com foco mais voltado aos cabelos. “Meu estudo original é na área da dermatologia e, desde 2010, meu foco é o trabalho com a parte de cabelo, de transplante capilar e tratamento para queda de cabelo”, conta o especialista em implante capilar Leandro Mauro.
Leandro explica que não existe, necessariamente, um processo de “cair cabelo”, pois o cabelo se renova: cai e cresce de novo. Mas ele perde densidade. “O que nos faz ficarmos carecas é que o cabelo, durante esse processo, através de alguns hormônios, vai afinando ao ponto de deixar de existir”, detalha.
Mesmo sendo tricologista e tendo um início de calvície, Leandro ainda não recorreu ao implante e optou pelo tratamento para queda. “Meu pai é muito calvo. Até considero que estou bem, em meio à genética que herdei dele. Meu pai não tem praticamente nenhum cabelo. Para mim, foi muito rápido, nos últimos três anos avançou muito minha calvície”, diz.
Segundo o especialista, a calvície é mais grave e mais acentuada enquanto somos mais jovens. “Temos mais ação desse hormônio que afina o cabelo. É quando mais temos cabelo e por isso que não notamos. Por isso, quanto mais cedo tratar, melhor”, esclarece.
O hormônio responsável por esse afinamento é o DHT (di-hidrotestosterona), que vem da testosterona, cuja produção se reduz com o avanço da idade. “Entre todos os lados negativos, o único positivo é que a velocidade de afinamento do cabelo diminui. Por isso que, quando o homem chega aos 50 anos com um tanto de cabelo, a tendência é que vá para o resto da vida. Até os 30, 40 anos, quando a testosterona está lá em cima, esse afinamento é mais rápido”, comenta.
A calvície genética é chamada de alopecia androgenética. Costumava-se dizer, antigamente, que era herança genética da mãe, mas hoje essa falácia foi superada. “É igual ao olho azul. Tem o pai com o olho azul, a mãe com o olho castanho e sai com o olho verde. A calvície é mais ou menos assim. Mistura, deu sorte de pegar os genes mais agressivos, você vai ficar careca”, compara.
Confira o bate-papo na íntegra: