Domingo, 17 de Novembro de 2024

Exclusivo: Médico ponta-grossense ajuda pacientes a recuperarem olfato e paladar após COVID-19

2020-10-29 às 11:23

A perda marcante do olfato e paladar é um dos sintomas mais intrigantes da contaminação pelo coronavírus. Estima-se que cerca de 50% dos pacientes com teste positivo para COVID-19 deixam de sentir cheiros e 40% também não conseguem sentir gostos. Em Ponta Grossa, o otorrinolaringologista Gustavo Murta é um dos médicos capacitados para diagnosticar e apresentar um tratamento individualizado para ajudar na recuperação do olfato e paladar.

Gustavo explica que, por se tratar de um vírus novo, o mecanismo responsável pela perda de olfato e paladar ainda não é completamente entendido. “Alguns estudos recentes indicam que quem contrai a COVID-19 sofre uma lesão no epitélio olfatório e também nos bulbos olfatórios. Resumidamente, o epitélio olfatório é um revestimento especial dentro do nariz responsável pela captação das partículas de odor e os bulbos olfatórios são estruturas do Sistema Nervoso Central localizados dentro do crânio”, detalha. Ele acrescenta que essa lesão seria a grande responsável por fazer com que os pacientes deixem de sentir cheiros e gostos.

De acordo com o otorrinolaringologista, a perda de olfato e paladar costuma ser prolongada. Normalmente, em cerca da metade dos pacientes ela pode persistir por até 15 dias sem nenhuma intervenção médica. “Os demais podem demorar ainda mais tempo para voltarem a sentir cheiros, inclusive há casos de pessoas que apresentaram uma perda olfativa parcial ou total definitiva”, alerta.

Atualmente, existem algumas opções de tratamento disponíveis para a recuperação do olfato e paladar, mas Gustavo destaca que, primeiramente, é preciso estabelecer o diagnóstico e analisar caso a caso para traçar a estratégia mais eficaz. “O tratamento será sempre individualizado dependendo do tempo que existe a queixa e doenças associadas. Neste momento, um otorrinolaringologista com experiência no estudo do olfato pode fazer a diferença”, afirma.

Embora não exista um tratamento único, o médico reforça que o chamado ‘treinamento olfatório’ é uma estratégia que tem se mostrado muito eficaz em vários pacientes. “Trata-se de estímulos olfativos específicos que vão melhorar o funcionamento da via olfatória atuando como se fosse uma fisioterapia”, diz. Ele enfatiza que, em alguns casos, algumas medicações podem ser usadas para acelerar o tratamento.

Gustavo Murta
Gustavo Murta é formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná desde 2003. Fez residência em Otorrinolaringologia no CEMA de São Paulo em 2007, ano no qual também obteve título na Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. Realizou seu doutorado em olfato pela Universidade de Dresden em 2018 na Alemanha e atualmente é Preceptor de Rinologia (estudo do nariz e seios da face) no Hospital Universitário Regional.

Imagens: Pedro Ruta