Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda-feira (6), o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos, Mauro Cesar Carvalho Pereira, falou sobre a paralisação das atividades da empresa Itesapar Fundição LTDA, em Palmeira.
Segundo Mauro, a empresa está localizada no Condomínio Industrial de Palmeira e produzia peças para o setor automotivo, área que foi fortemente afetada pela pandemia da Covid-19. “De lá pra cá, a empresa divulgou uma nota falando sobre as dificuldades, retirada de algumas máquinas, intervenção do poder judiciário e acabou suspendendo as atividades temporariamente. Só que a coisa é mais grave do que isso, porque são em torno de 300 trabalhadores, já foram notificados, já fizeram avisos, rescisão, mas não receberam nem saldo de salário, trabalharam 19 dias de janeiro, não teve depósito de FGTS, de 2018 para cá”, afirma o sindicalista.
O prejuízo será grande, segundo Mauro. “O fechamento, além de trazer o prejuízo para os trabalhadores, ele ainda traz uma questão econômica, tributária, geração de empregos, que é muito nocivo para o município. O trabalhador perde o emprego, muitas vezes vai ter que recorrer até a Justiça do trabalho, mas para o município fecha uma porta grande com a geração de empregos diretos e indiretos. Estamos falando de 350 empregos diretos e os indiretos, acreditamos que chega a 1000 trabalhadores, em um município onde não tem tanta atividade industrial presente. Isso é um prejuízo”, destaca Mauro Cesar.
Do ponto de vista sindical, o secretário geral afirma que foram todas as medidas cabíveis antes do anúncio do fechamento. “Nós tomamos a providência do ponto de vista jurídico e legal. Tem a questão da prescrição dos cinco anos, antes de atingir a prescrição propomos uma ação coletiva, antes a gente tentou uma conversa com a empresa para tentar estabelecer alguns pontos e a responsabilidade da empresa, mesmo que fosse estabelecer um cronograma, um parcelamento, isso é possível. Até novembro de 2022 havia o parcelamento, mas não havia o pagamento”, diz.
Segundo o Mauro, o Sindicato propôs uma comissão de trabalhadores para que fossem discutidas outras ações juntamente à empresa, porém, como não havia atraso de pagamento por três meses consecutivos ou alternados até o mês de outubro de 2022, os trabalhadores teriam postergado esta decisão. “A gente estava acompanhando, mas sempre respeitando a vontade do trabalhador. Não tem como impor”, pontua.
Agora, com cerca de 300 funcionários desempregados, a empresa tem, segundo o sindicalista, máquinas que estão “penhoradas” para fazer o pagamento ao trabalhador. “Só que esse é um processo lento e moroso, e pode demorar um certo tempo para que o trabalhador receba o que ele tem direito: FGTS atrasado, saldo de salário, férias, indenizações. Todos esses trabalhos estão sendo discutidos no âmbito da Justiça do Trabalho”, aponta.
Em nota divulgada à imprensa no dia 26 de janeiro, a Itesapar afirma que optou por “paralisar a sua operação momentaneamente, visando mitigar os efeitos sobre seu patrimônio, bem como a quitação do seu passivo mediante os credores”. “A medida em questão já estava prevista quando da distribuição do seu pedido de Recuperação Extrajudicial que se deu em 14/12/2022 através dos autos de nº 0001530-68.2016.8.16.124, em trâmite perante a Vara Cível da comarca de Palmeira, Estado do Paraná, medida menos gravosa com o escopo de reorganização de todo o seu passivo”, diz a nota.
Confira a nota na íntegra:
“A ITESAPAR FUNDIÇÃO LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 17.578.354/0001-10, estabelecida e sediada a Rua Padre Anchieta, nº 112, Vila Vida, CEP 84.130-000, no Município de Palmeira, Estado do Paraná, vem, pelo presente, em atenção a boa-fé e transparência, COMUNICAR que, diante dos últimos acontecimentos que acabaram por impactar o regular exercício da atividade empresarial, optou por paralisar a sua operação momentaneamente, visando mitigar os efeitos sobre seu patrimônio, bem como a quitação do seu passivo mediante os credores.
A medida em questão já estava prevista quando da distribuição do seu pedido de Recuperação Extrajudicial que se deu em 14/12/2022 através dos autos de nº 0001530-68.2016.8.16.124, em trâmite perante a Vara Cível da comarca de Palmeira, Estado do Paraná, medida menos gravosa com o escopo de reorganização de todo o seu passivo.
Isso porque, tal medida também visa o pagamento de débitos que não estão sujeitos ao procedimento recuperacional, tais como o pagamento das rescisões dos trabalhadores e demais verbas rescisórias referentes as últimas demissões que ocorreram, incluindo-se as verbas oriundas do FGTS dos trabalhadores. Esclarece, por fim, que a movimentação observada no último dia 25/01/2023 com remoção de parte dos maquinários do parque fabril da ITESAPAR decorre de ordem judicial emanada em processo movido pelo Grupo WHB, autuado sob nº 0002640-05.2022.8.16.0124, no qual de discute a propriedade dos equipamentos, ressaltando que a ITESAPAR vem empregando todos os esforços necessários para reversão da decisão”.
Com informações da Rádio Ipiranga
Confira a entrevista completa: