O relatório divulgado pela Secretaria de Políticas Públicas Para as Mulheres, nesta semana, aponta que Guarapuava não teve casos de feminicídio nos quatro primeiros meses de 2020, mas registrou aumento de casos de violência de 12,8%, em comparação com o mesmo período do ano passado. O documento, produzido em conjunto com a Patrulha Maria da Penha do 16º Batalhão da Polícia Militar e o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência) também contém os boletins de ocorrência do período, incluindo informações sobre violência doméstica e familiar, além de ameaças e descumprimentos de medidas protetivas.
Boa parte do aumento de registros ocorreu durante o período de isolamento social, exigindo a intensificação do trabalho da rede de proteção à mulher. Houve o estreitamento da comunicação entre os projetos e entidades, o que permitiu, além do levantamento prévio dessas informações, uma resposta mais rápida às demandas. A Polícia Militar, por exemplo, encaminha diariamente ao CRAM as ocorrências de violência.
“Algumas atitudes foram estratégicas para a eficácia do atendimento, como a disponibilização de celulares e notebooks para a equipe do CRAM que passou a atender também via internet. Isso foi aproximador e resolutivo. A produção diária de registros e estatísticas para enxergar o aumento ou decréscimo das ocorrências de violência contra as mulheres durante a pandemia nos permitiu o aperfeiçoamento do atendimento”, explicou a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Priscila Schran.
A denúncia é a principal ferramenta usada pelas vítimas de violência para obter auxílio e punir os agressores. Durante o período de isolamento social, com a maior convivência familiar, houve um acréscimo de cerca de 20% nos boletins de ocorrência. Em todas elas, a equipe do CRAM procurou manter contato telefônico com as vítimas e, quando isso não foi possível, fez visita domiciliar.
“A intensificação do registro de boletins de ocorrência não significa diretamente o aumento da violência contra as mulheres, mas também transparece uma maior procura pelos serviços de segurança, já que muitas tem medo de denunciar. Os dados mostram que as vítimas não estão se calando diante da violência, mas buscando solucionar esse problema social e todas as diversas ações são uma forma de mostrar que as mulheres não estão sozinhas. Neste período de isolamento, em que há menos contato social, elas têm a quem pedir ajuda e serão atendidas”, enfatizou Priscila.
Graças à ampliação das ações de monitoramento com contato telefônico e também via WhatsApp, o CRAM conseguiu atender e/ou oferecer os serviços de assistência social, apoio jurídico e psicológico para 79% das mulheres que registraram B.O (boletim de ocorrência) pelo 190, durante os 60 dias de isolamento social, além de atender outras 60 mulheres via aplicativo. As demais não foram encontradas por contato telefônico ou nas residências por terem mudado de endereço, possivelmente devido à violência.
Em Guarapuava, o protocolo de atendimento durante a pandemia mantém os serviços considerados essenciais da Rede de Enfrentamento à violência contra as mulheres, como a Patrulha Maria da Penha, que monitora as mulheres com medidas protetivas; a Casa Abrigo, que acolhe mulheres em risco iminente de morte, o CRAM, que passou a fazer a triagem via telefone dos Boletins de Ocorrência; a Delegacia da Mulher para o requerimento de medidas protetivas; e o Poder Judiciário para a concessão dessas medidas.
“Todos têm como prioridade à cessação da situação de risco de morte das mulheres em situação de violência, priorizando as medidas de segurança e proteção. E nesse período, conseguimos cumprir nosso principal objetivo que é não ter feminicídios em nossa cidade”, finalizou Priscila.
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SERVIÇO
Neste período de isolamento social, o CRAM atende presencialmente os casos de maior risco, das 13h às 17h, porém tem feito orientações jurídicas e atendimentos/encaminhamentos sociais, e ainda atendimento psicológico via telefone, das 8h às 17h. A Delegacia da Mulher está atendendo, das 14h às 17h, e o Poder Judiciário tem expedido as Medidas Protetivas em 24 horas.
Demais atendimentos e dúvidas podem ser tiradas no CRAM pelo telefone (42) 98405-6206. Em caso de emergências, também estão disponíveis os números 190, da Polícia Militar e 193, da Delegacia da Mulher.
Informações/Imagem: Prefeitura de Guarapuava