Com o fim de ano se aproximando, os consumidores já aproveitam para planejar os banquetes das festividades de Natal e Ano Novo. Durante esse período, uma preocupação que se deve ter é sobre a qualidade e a procedência dos alimentos de origem animal. Isso porque, esses produtos, quando não inspecionados e mal conservados, podem ser fontes de doenças para os seres humanos, as chamadas zoonoses.
Em 2020, o Sistema de Inspeção Municipal (SIM), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Prefeitura de Ponta Grossa, apreendeu 1.273 quilos de produtos de origem animal e 2.024 ovos, por serem comercializados de forma irregular. Do total apreendido destacam-se as carnes e os embutidos, como linguiças, presuntos e bacon. Os queijos também possuem um número expressivo. Somente em novembro, 528 quilos do produto foram encontrados de forma clandestina nos estabelecimentos comerciais da cidade.
Em Ponta Grossa, as denúncias de má conservação de alimentos e também da venda de produtos clandestinos podem ser feitas pelo telefone 3220-1000, ramais 1469 ou 1459; e também pelo 156. Todos os dias há vistorias realizadas pelo SIM nos mercados e mercearias da cidade. Quando os produtos são apreendidos, eles são descartados para evitar o consumo.
O secretário da SMAPA, Bruno Costa, explica os procedimentos realizados caso sejam encontrados os produtos de origem animal vendidos de forma clandestina.
“Quando há a verificação de grande quantidade de produtos não inspecionados em determinado estabelecimento, ou quando há reincidência na prática da venda clandestina dos alimentos, o responsável pela empresa é sujeito a multas, pois ele comercializa os produtos de forma irregular e promove riscos para a segurança alimentar dos cidadãos. Por isso é necessário que os empresários tenham a consciência de se adequarem às normas sanitárias e de inspeção para que não fiquem no prejuízo e também para que os consumidores não sejam afetados. A importância do SIM, nesse caso, é assegurar que os alimentos sejam comercializados de forma legal, sem riscos para a população”, destaca Bruno.
Quando os produtos de origem animal são considerados clandestinos?
De acordo com o médico veterinário responsável pelo SIM, Marcos Aleixo, os produtos são considerados clandestinos quando suas origens e características são duvidosas. Algumas das especificidades das carnes, por exemplo, que passam pelo processo de verificação da qualidade de forma legal são a marca de um carimbo da inspeção; a presença do prazo de validade, origem e data do abate na nota fiscal do produto.
“É necessário que os comércios tenham nota fiscal do frigorífico que abateu a carne para verificar prazo de validade, origem, quando o animal foi abatido, se a carne é resfriada ou congelada; e também a embalagem original, que indica que veio de um frigorífico. Se o responsável pelo estabelecimento não souber e não ter em mãos esses detalhes, provavelmente o animal tenha sido abatido no mato, em chácara ou de qualquer jeito. Por isso, damos a orientação também para o consumidor frequentemente perguntar nos estabelecimentos a origem de determinado produto e se atentar para verificar se vem de um local duvidoso, que possa ser considerado clandestino”, sustenta Marcos.
Importância da inspeção
A inspeção é feita geralmente em um frigorífico por um médico veterinário. É esse profissional que verifica possíveis alterações que tornem os alimentos impróprios para o consumo humano. Segundo Marcos, quando os alimentos não passam por esse processo, não se tem uma análise técnica sobre as características dos produtos e, dessa forma, há maiores riscos de transmissão de zoonoses (doenças infecciosas) aos seres humanos.
Um outro fator que também deve ser observado pelos comerciantes é a conservação dos produtos. Conforme Marcos, para evitar a transmissão de zoonoses, essa característica é tão importante quanto a realização da inspeção. “Por exemplo, se for alimento resfriado, é necessário observar a temperatura limite de até 7 graus. Se for ovo, precisa estar dentro do prazo de validade. Se é refrigerado, o consumo é em até 30 dias, se não é até 15 dias. O acondicionamento dentro do estabelecimento também é importante para evitar doenças”, afirma.