Em entrevista ao Programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (16), o professor Flavio Madalosso Vieira debateu questões relacionadas à Linguagem Neutra.
Alvo de polêmicas, esta linguagem faz parte de um fenômeno político e de inclusão para que a comunidade LGBTQIAP+ se sinta representada. É a substituição dos artigos feminino e masculino por um “x”, “e” ou “@”. Assim, palavras como “todas” ou “todos” são usadas da seguinte forma: “todes”, “todxs” ou “tod@s”.
Professor na UTFPR, membro da Academia de Letras dos Campos Gerais e autor de mais de 9,5 mil crônicas, Vieira é categórico ao dizer que a Linguagem Neutra não existe. “Eu sou radicalmente contra a implantação da Linguagem Neutra, porque não encontra respaldo nas normas cultas. A Linguagem Neutra não existe, foi uma tentativa de se praticar o politicamente correto”, enfatiza.
Para ele, a tentativa de abranger em uma única palavra todos os segmentos da sociedade acaba por discriminá-los. “Devem ser respeitados, obviamente que sim. Mas com todo respeito, a norma culta da Língua Portuguesa diz que numa sequência de substantivos, de gêneros diferentes, o plural se dá pela predominância do termo masculino ou pela designação dos artigos. Isso é o que diz a norma culta, que é o que devemos praticar no exercício da língua padrão e da língua culta”, argumenta.
“A Língua sofre mutações ao longo do tempo, há 400 anos falávamos em ‘vossa mercê’ e hoje falamos ‘você’. É um fenômeno chamado metaplasmo da linguagem. O que acontece é que a Linguagem Neutra não encontra respaldo na norma culta, que é regida por um conjunto de regras gramaticais. Isso não se muda de um dia para o outro”, defende.
Para que esta mudança na Língua Portuguesa fosse aceita formalmente, o professor explica que o processo é longo. “Uma mudança não tem que ter só aceitação social, mas também toda uma legislação. Para se mudar alguma coisa na Língua Portuguesa deve passar pelo crivo do Congresso Nacional e pela sanção presidencial, mas antes disso pela Academia Brasileira de Letras e antes pela Academia Portuguesa de Letras, que é a nossa língua mãe”, completa.
Confira a entrevista completa: