Sexta-feira, 11 de Outubro de 2024

Mãe e padrasto de autista morto em PG são indiciados por homicídio, tortura e cárcere privado

2022-02-28 às 08:39
Foto: Arquivo

A Polícia Civil de Ponta Grossa indiciou o padrasto e a mãe do jovem autista Rômulo Luiz Fernandes Borges, de 19 anos, pela prática dos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e cárcere privado.

As investigações do caso tiveram início no dia 18/02, quando equipes do SAMU deram atendimento a uma chamada em que o padrasto de Rômulo informava que a vítima estava tendo um ataque convulsivo. Após chegarem ao local e constatarem o óbito, os profissionais do SAMU acionaram a polícia, dando início às investigações do caso.

De acordo com as provas obtidas no curso das investigações, foi comprovado que a vítima era mantida em cárcere privado em sua residência, em um banheiro desativado insalubre, onde era mantido amarrado e amordaçado.

Contradições nos depoimentos do casal

No dia do crime, as investigações comprovaram diversas contradições no depoimento do casal. Uma das principais divergências identificadas foi o fato de que, embora o padrasto tenha afirmado em interrogatório que, após constatar que a vítima teria tido uma crise convulsiva, teria iniciado massagem cardíaca e ligado imediatamente para a mãe da vítima, sem que parasse de realizar o procedimento até sua chegada, foi comprovado que o padrasto mentiu, pois foram captadas imagens de câmeras de segurança que demonstraram que no horário em que este afirmou que estava tentando salvar a vida de Rômulo, este permaneceu no telefone, no quintal da residência, apresentando sinais de nervosismo.

Pelos sinais existentes no corpo da vítima, no momento da chegada do médico do SAMU, no momento das ligações a vitima já estaria morta. As investigações demonstraram ainda que, antes de acionar o socorro, a cena do crime foi adulterada.

Foi obtida, ainda, a ligação realizada pelo padrasto ao SAMU, onde este afirmou que teria tentado fazer respiração na vítima, diferente do que ele teria alegado no interrogatório.

Conclusão do caso

Na casa da vítima, chamou a atenção dos investigadores o fato de não ter sido encontrada nenhuma fotografia de Rômulo, mas terem sido encontrados quadros e pôsteres pendurados com fotografias dos outros filhos do casal, indicando que a vítima era indesejada na residência.

De acordo com o delegado Luis Gustavo Timossi, as provas coletadas indicam que o padrasto agrediu a vitima de forma violenta, o que resultou em sua morte. As diligências indicaram que os primeiros relatos de agressão ocorreram no ano de 2018, quando a mãe de Rômulo iniciou seu relacionamento amoroso com o padrasto.

Em uma das ocasiões, que resultou em denúncias da escola para os órgãos competentes, a mãe de Rômulo teria sido chamada na escola após os profissionais verificarem marcas de cinta e fivelas na vítima, que repentinamente apresentou também grande perda de peso. Após as denúncias, Rômulo abandonou seu tratamento na escola, não tendo sido mais permitido visitas dos profissionais à residência da família. Como a vitima não era verbal, ele não tinha qualquer chance de denunciar os abusos sofridos.

Embora os investigados tenham sido indiciados, por ter o delegado do caso afirmado que os elementos constantes dos autos são firmes na indicação da prática de homicídio triplamente qualificado, cárcere privado e tortura, foi pedido um prazo adicional para realização de diligências complementares que permitam compreender a exata dinâmica do crime.

O delegado esclareceu ainda que, embora a mae de Rômulo não estivesse no local do crime no momento em que a vítima foi agredida e morta, ela foi responsabilizada pela omissão em seu dever de garantir a segurança do filho e permitido que a vítima fosse sistematicamente agredida.

Informações: 13ª SDP

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