Quarta-feira, 09 de Outubro de 2024

Medo e imunidade; médica explica a relação entre esses dois fatores na saúde

2022-01-24 às 14:50

O início da pandemia trouxe inúmeros problemas e colocou as pessoas diante de um cenário de incertezas. Em alguma medida, todos tivemos inseguranças em algum aspecto da vida, seja o profissional, financeiro, amoroso e, é claro, o da saúde. Não só o medo de uma possível contaminação, mas a privação de proximidade com outras pessoas teve um impacto muito grande no psicológico humano. Todos esses fatores, por sua vez, acentuaram um cenário onde a imunidade sofreu uma queda e problemas psicológicos se tornaram cada vez mais comuns, especialmente quando se fala de ansiedade, depressão e stress. Segundo estudo publicado pelo periódico científico The Lancet, divulgado em outubro de 2021, foram registrados 53 milhões de novos casos de depressão e 76 milhões de ansiedade logo após o início da pandemia.

Para a médica Acylina Barros, estamos vivendo uma outra epidemia além da Covid-19: a do medo. “As pessoas estão apavoradas. Diante das circunstâncias é preciso continuar a ter cuidado, mas não se pode deixar o medo tomar conta. Ele tira as pessoas de si e traz problemas não só para o sistema imunológico como para o funcionamento do corpo como um todo”, afirma. Entre os problemas mais comuns que o medo em excesso pode causar estão sentimento de angústia, mal estar, digestão alterada, queda de cabelos e alterações no sono, mas esses sintomas podem variar. “Cada caso é um caso e muitas vezes problemas já existentes no organismo do paciente são agravados com toda essa tensão gerada”, conta a médica.

O temor em excesso, por sua vez, tem reflexos diretos no sistema imunológico humano, conforme Acylina. “O sistema nervoso se divide em simpático e parassimpático. O primeiro é ativado em situações de stress e o segundo em circunstâncias de relaxamento. Os dois são importantes. O estresse faz parte e é necessário, mas na medida adequada. Da maneira como estamos vivemos o sistema simpático está constantemente ativado, sem dar chances para o parassimpático agir e alterando todo o funcionamento do organismo, incluindo o sistema imunológico, que fica mais vulnerável nesse cenário”, afirma.

Entre os possíveis tratamentos para esse problema, a médica recomenda acima de tudo informações que facilitem o autoconhecimento, manter uma alimentação saudável, com muita ingestão de líquidos, um sono regular e o uso da medicina integrativa, que contempla o ser humano de maneira integral, abordando corpo, mente e espírito. Acylina destaca que o primeiro passo para combater o medo é a consciência. “Todo o processo de interpretação da realidade pode alterar o sistema imunológico, a consciência da pessoa em processar as informações tem impacto direto na imunidade. É preciso trazer a pessoa para o momento presente, conectá-la com a sua verdadeira essência e assim atenuar o medo do futuro”, finaliza.