Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024

Morre aos 82 anos o professor Laertes Larocca

2020-12-22 às 20:43

Morreu nesta terça-feira (22), aos 82 anos, o professor Laertes Larocca. Bacharel em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa, Larocca era professor aposentado da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e imortal da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG).

O velório acontece na capela Luto Santana, e o sepultamento está marcado para as 13h30 desta quarta-feira (23), no cemitério São José.

Em 2015 a revista D’Ponta fez uma reportagem com o professor, que, aos 75 anos, estreava na literatura com o livro Contos dos Campos Gerais. Confira a matéria na íntegra:

 

Na ladeira da memória

Professor aposentado da UEPG e tradutor, Laertes Larocca estreia na literatura aos 75 anos, mesclando ficção, realidade e passado – o seu e o de Ponta Grossa 

 

Depois de ter traduzido três livros de contos de autores franceses – André Maurois, Prosper Mérimée e Guy de Maupassant –, o professor aposentado da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), imortal da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG) e tradutor Laertes Larocca, de 75 anos, estreia na literatura de ficção com Contos dos Campos Gerais, conjunto de 11 narrativas breves.  

Larocca, no entanto, questiona o termo “literatura de ficção” e diz que seus contos são uma mescla de ficção e realidade. “É ficção e não é ao mesmo tempo. Alguns [dos contos] são lembranças do que aconteceu, não são totalmente ficção; algumas das histórias se passaram comigo, mas eu não deixo isso transparecer; e alguns dos meus personagens eu conheci pessoalmente, outros eu inventei.”

Entre os assuntos que aparecem na obra, o autor aponta a religião, os costumes e suas mudanças, o adultério e o amor na terceira idade. “O que eu gosto é de abordar os problemas cotidianos relacionados a essas questões”, explica ele, que iniciou sua atividade literária por volta de 2007, quando se aposentou da universidade e “o tempo sobrou”. “Até então, eu era apenas professor, leitor e tradutor amador.”

A respeito do espaço literário que seus contos exploram, Larocca observa que são dois: Tibagi, onde nasceu, e Ponta Grossa, para onde se mudou, na década de 50. “O espaço de Tibagi é muito influente em mim, porque eu nasci e passei muitos anos lá, e também a Ponta Grossa da década de 50. Eu me lembro muito bem do espaço e das pessoas que moravam na cidade nessa época.”

Fluente em cinco línguas – o francês, que aprendeu primeiro, mais o português, o espanhol, o italiano e o inglês –, o contista considera os franceses os maiores expontes do conto mundial, mas o que o influencia na prática são os contistas mineiros – Fernando Sabino, Autran Dourado, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, entre outros. “Pode-se dizer que Minas Gerais é o berço do conto brasileiro”, explica.

Confessando, porém, que gostaria de escrever como um gaúcho e um carioca – Moacyr Scliar e Carlos Heitor Cony, respectivamente –, Larocca não é apreciador do curitibano Dalton Trevisan, considerado por muitos um dos maiores contistas do país. “Os contos dele são sempre a mesma coisa. Ele teve a sua época de apogeu, ali por volta de 1965, mas não tenho admiração por Dalton Trevisan.”

Sua preferência pela forma breve está relacionada ao seu tamanho e facilidade. “É um gênero mais fácil de praticar e que eu leio muito. Além disso, o que me atrai no conto é a sua brevidade. A pessoa lê e depois de três ou quatro páginas já está no final. É uma narração curta, que prende a atenção do leitor. E, geralmente, o conto aborda assuntos mais simples, o que não quer dizer que sejam vulgares.”

Leia a seguir “A Velha Carolina”, segunda narrativa de Contos dos Campos Gerais