Quarta-feira, 06 de Novembro de 2024

Morte por COVID-19 mesmo com teste negativo? Entenda como é possível

2020-09-29 às 15:23

Ponta Grossa já registra 101 mortes por coronavírus, dessas, três testes feitos apresentaram resultado negativo

Na noite de segunda-feira (28), a Prefeitura de Ponta Grossa confirmou três mortes em decorrência da COVID-19, fato este que fez com que o número de mortes chegasse a 100. No entanto, as três vítimas haviam realizados testes para detecção da doença e os mesmos haviam dado resultado negativo, sendo três testes PCR e dois testes rápidos.

De acordo com a médica infectologista atuação em Ponta Grossa, Juliana Schwab, esse tipo de situação pode existir devido ao tempo em que o exame foi coletado e também pelos testes não terem uma confiabilidade de 100%. “Não há 100% de confiabilidade, por exemplo, se a sorologia foi feita em um tempo que não é hábil, o resultado pode dar negativo ou falso negativo”, afirma.

Em casos como esses, a doutora explica como identificar então se o paciente morreu ou não pela COVID-19. “Aí a avaliação será finalizada pelo critério clínico e epidemiológico, o diagnóstico se dá através de tomografia, que apresenta diversas características detalhadas do paciente, evolução clínica, entre outros fatores. Mas esse procedimento só acontece quando os exames não conseguem identificar o vírus, pois o mesmo não foi coletado no melhor momento”, esclarece.

Sobre o tempo de realização dos exames, tanto o PCR quanto o rápido/sorológico, a médica informa que se feita a coleta fora de um tempo hábil a detecção pode não ser tão eficaz. “Mesmo com o exame PCR, o vírus pode não ser detectado se feito fora do tempo hábil, ele pode estar ainda no nariz, por exemplo, mas não ser identificado em 100%. Já sobre o teste rápido, sorológico, se coletado numa fase muito precoce, pode não ter dado tempo da pessoa ter anticorpos ainda, por isso dá resultado negativo”, detalha.

Modo e tempo de realização dos testes

Segundo Jaqueline Rosa, proprietária de um laboratório de análises clínicas, cada teste é único, tem objetivos diferentes e deve ser observado as datas, sobretudo em sintomáticos. “Existem as indicações de períodos de infecção. Se a pessoa tem sintomas, é indicado a coleta do teste PCR a partir do terceiro dia de sintoma, lembrando que o PCR deve ser feito do terceiro ao sétimo dia em pacientes sintomáticos. O exame pesquisa o DNA do vírus, por isso o vírus tem que estar ativo no organismo para aparecer. Além disso, após esse período, existe o teste sorológico para ver se a pessoa desenvolveu anticorpos contra o vírus”, relata.

Sobre casos semelhantes ao ocorrido no município, Jaqueline revela que não teve vivência com nenhum caso desse até o presente momento. “Que tenha chegado até nós, não teve nenhum caso desse, e veja que nossa média de testes é de no mínimo 20 por dia”, conta.

Exames de imagem e laboratoriais

Segundo informou a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, a avaliação é feita também com exames de imagem e não somente com os exames laboratoriais. “A investigação é composta pela avaliação de exames laboratoriais e de imagem, vínculo epidemiológico com caso confirmado e clínica do paciente”, descreve.

Por: Matheus Fanchin/Foto: Reprodução