Terça-feira, 20 de Maio de 2025

Motoboys narram desafios e curiosidades da profissão

2022-11-16 às 16:28

De uns anos para cá, temos adquirido cada vez mais produtos online, sejam compras em sites ou pedidos de entrega de comida, mercadorias ou medicamentos via aplicativo. Quase tudo isso chega até nossas casas através dos entregadores de moto. Antes dos sites e aplicativos, eles já faziam parte do nosso dia a dia quando os pedidos eram por telefone: para entregar um lanche, um buquê de flores, levar ou buscar um documento.

Em participação no programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta (16), os motoboys Luís Henrique Barbosa de Souza e Christofer Pontes Soares, da RM Express e Flash Motos, relataram experiências, curiosidades, riscos e desafios da profissão.

Luís Henrique, também conhecido como “Mineirinho”, está no “corre” há sete anos, enquanto seu colega, Christofer, trabalha há um ano. Christofer tinha um emprego com carteira registrada durante o dia e começou a fazer corridas como motoboy à noite para fazer uma renda extra. Mais experiente no ramo, Luís Henrique disse que Christofer logo tomaria gosto pelo novo trabalho e ia deixar o emprego registrado e trabalhar o dia todo como motoboy.

Mineirinho afirma que o trabalho como motoboy garante ganhos financeiros aliados à liberdade que um emprego registrado não provê. Ele diz que não trocaria a atual profissão por uma oferta para trabalhar, por exemplo, num banco, com uma jornada fixa em local fechado, pelo mesmo salário.

Em sete anos como motoboy, Luís Henrique afirma que, felizmente, nunca sofreu um acidente que comprometesse sua integridade física, mas que já se envolveu em colisão frontal contra uma Blazer. “Ela estava vindo e eu indo, ali perto do Meneleu [Colégio Estadual Meneleu de Almeida Torres, na Vilela]”, comenta.

Christofer afirma que pilota a moto de forma mais prudente e comedida, enquanto Luís Henrique admite “dar umas aceleradas”, mesmo sabendo dos riscos. “Às vezes, uma acelerada que vai te custar R$ 6, pode também custar uma perna ou um braço”, analisa o moto-entregador.

Ao longo desses sete anos, Mineirinho diz que já aprendeu a não dar sorte para o azar e que recomenda a toda a “piazada” que se cuide no trânsito. “Tem muito amigo nosso, por exemplo, no ‘disque’, tem gente sem perna ou que não consegue nem dobrar um braço”, comenta, sobre os colegas que já se acidentaram durante as corridas. Um amigo deles perdeu os movimentos do pé que aciona as marchas e deu um jeito de se adaptar. “Ele fez um furo no tênis e puxa a marcha pelo tênis”, explica. Outro colega deles precisou reconstruir metade da face, em função de um acidente sofrido.

“A união entre os motoboys [mesmo os de outras empresas] é extraordinária. Tem ‘cara’ que faz pelos outros coisa que, muitas vezes, nem a família faz pela gente”, diz Mineirinho.

Uma das diferenças mais notáveis entre a época que começou a atuar como motoboy e hoje em dia, segundo Luís Henrique, é o impacto da tecnologia no dia a dia da profissão. Segundo ele, quando era novato, a tecnologia do GPS no celular ainda era pouco acessível e a única referência que o motoboy tinha para fazer a entrega era um mapa afixado na parede do disque-motos.

“Era tipo batalha naval. A pessoa ligava, falava o nome da rua ou, quando tinha que buscar a entrega, já perguntávamos o nome da rua. Ia lá [no mapa], estava por ordem alfabética o nome das ruas e, no final, tinha ‘B-12’. Era um monte de quadrados, num mapa de Ponta Grossa inteira. Aí procurava o B e o 12. Naquele quadradinho, não tinha só aquela rua, mas mais umas quatro ou cinco. Anotávamos um ponto de referência e contava o tanto de ruas até chegar”, comenta.

Com o tempo, Mineirinho foi memorizando nomes de ruas, trajetos e atalhos e o mapa mental foi se formando, ainda que recorra, eventualmente, ao GPS. Christofer, por sua vez, já pegou uma situação mais “mamão com açúcar”, com os celulares com GPS já fazendo parte do dia a dia. No trânsito, vemos algumas motos com os celulares acoplados em suportes instalados no painel.

Quanto ao dia mais perigoso para se estar nas ruas de Ponta Grossa, Mineirinho aponta que é a hora do rush na sexta-feira que, historicamente, tem a maior concentração de congestionamentos nas ruas de maior movimento do Centro. Segundo ele, esse horário, perto das 18h, costuma ter mais acidentes.

Christofer atribui a culpa da maior parte dos acidentes envolvendo motoboys aos motoristas dos carros. Mineirinho diz que a maioria ocorre porque os carros furam a preferencial. “Se você está de moto e freia, não segura na hora, ela vem derrapando”, emenda Christofer.

Ambos mencionam que a sinalização do trânsito em Ponta Grossa é bem feita, mas que algo que tem atrapalhado bastante sua rotina são os buracos nas ruas, especialmente na região do Jardim Carvalho.

A RM Express faz entregas, coletas e viagens. Para acionar os serviços, a empresa dispõe três números de telefone: (42) 99916-6037 / (42) 99961-5548 e (42) 2702-0752.

Confira a entrevista dos motoboys na íntegra: