Nos últimos dois meses, 30 policiais militares foram presos no Paraná por suspeita de ajudar contrabandistas vindos do Paraguai com itens como perfumes, eletrônicos, armas e drogas. Áudios obtidos pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria da PM mostram que havia um esquema de cobrança de propinas para a liberação de cargas e desvio de mercadoria. A suspeita é que os policiais envolvidos no esquema tenham faturado mais de R$ 10 milhões com propinas e venda de mercadorias.
O capitão Rodrigo dos Santos Pereira, comandante da quarta companhia da Polícia Rodoviária do Paraná, foi preso na ação e, segundo as investigações, ele recebia pagamentos mensais para encobrir o esquema e ajustar a escala dos patrulheiros no posto policial.
De acordo com as investigações, os policiais preenchiam os boletins de ocorrência das apreensões de forma incompleta e com informações imprecisas para não levantar suspeitas. Apenas uma parte do que era apreendido era apresentada à Receita Federal. Além disso, dois policiais chegaram a abrir uma loja para vender os eletrônicos desviados, mas a maioria era repassada a comerciantes da região por preços mais baratos que o do mercado.
A cobrança da propina era feita dependendo do tamanho do veículo e do que era transportado. Em uma das gravações obtidas, os policiais pediram R$ 200 mil reais para liberação de uma carga de cigarros e o acerto ficou em R$ 150 mil, com a garantia de escolta da carga com as próprias viaturas da polícia.