Para solucionar o problema de acúmulo de palha no campo, o IST em Celulose e Papel criou painéis que podem ser utilizados na construção civil para substituir peças fabricadas com madeira de reflorestamento. Desde que a queima da palha de cana-de-açúcar foi proibida por lei, em 2002, foi necessário encontrar um novo destino para o resíduo. Pensando nisso, a equipe do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel se uniu à Empresa Brasileira de Pellets (EBP) para resolver a questão. Ao final da pesquisa, em 2019, o grupo não apenas encontrou uma solução para o problema como desenvolveu um novo produto sustentável para colocar no mercado. Segundo Adriane de Fátima Queji de Paula, coordenadora do IST Celulose e Papel, além de garantir preços mais acessíveis e utilização de resíduos causadores de danos ambientais, o produto ainda pode ser usado para outros fins, como embalagens e revestimento acústico.
Roberto Felipe Gomes, engenheiro químico da EBP, esclarece que a grande vantagem do produto é o fator ambiental, já que a produção não requer a destinação de nenhuma nova área agrícola. Ao longo da pesquisa, a partir dos volumes gerados de palha pela colheita mecanizada da cana, a empresa passou a procurar aplicações que agregassem valor econômico e ambiental para o resíduo, sendo a fabricação dos painéis de partículas aglomeradas o projeto escolhido. “Em qualquer que seja a aplicação, construção civil ou outro, teremos como importante diferencial um produto com impacto florestal zero em relação aos painéis disponíveis atualmente”, esclarece Gomes.
Outra aplicação de inovação no segmento ambiental é o uso de Inteligência Artificial (IA) e Visão Computacional na cooperativa paranaense Cocamar. Com a implementação, a instituição pôde acelerar e padronizar a classificação de grãos de soja. Neste caso, o HUB de Inteligência Artificial do Senai no Paraná desenvolveu um aparato que captura imagens de amostras de grãos de soja, extraindo informações e treinando um algoritmo para monitorar o nível de acidez e a concentração de clorofila.
O processo de classificação dos grãos é crucial na negociação da produção agrícola. É o que conta Guilherme Bulla Zago, especialista de projetos da Cocamar. “É por meio dessa classificação que os grãos são avaliados para compor o preço de compra que a Cocamar oferecerá ao produtor. Com a transformação desse processo, que hoje é parcialmente manual, para a classificação por imagens utilizando a Inteligência Artificial como ‘cérebro’ da operação, o objetivo é ganhar agilidade. Em momentos de safra, a quantidade de caminhões que passam pelo processo em um espaço pequeno de tempo é muito grande e, neste momento, qualquer minuto perdido pelo produtor tem grande impacto. Por isso, nós, enquanto cooperativa, precisamos ajudar o produtor nesta etapa”, explica o especialista.
Para Muriel Mazzetto, consultor do programa de Residência em Inteligência Artificial do HUB de IA do Senai, a Inteligência Artificial permite entender melhor como o plantio evolui em toda a sua cadeia, desde a modificação dos grãos, produção, colheita, armazenamento, e cadeia do alimento. “Ao compreender melhor o processo e ter um histórico como base, é possível prever o comportamento e corrigir com antecedência, o que fará o agronegócio melhorar ainda mais sua produção e qualidade de produto”, analisa.
Os ODS e o Sistema Fiep
Os ODS são parte de uma agenda proposta pelas Nações Unidas e pactuada por 193 países, inclusive o Brasil. O compromisso é de alcançar metas arrojadas em cinco áreas essenciais para o desenvolvimento sustentável: pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias. Isso, até 2030. Desde 2003, com o propósito de impulsionar o desenvolvimento sustentável das indústrias paranaenses, o Sistema Fiep promove ações, projetos e programas que incentivam o engajamento do setor e da sociedade nas temáticas sociais, ambientais e econômicas.
São eventos, capacitações e prêmios, como o Congresso Sesi ODS, o Selo Sesi ODS, o Prêmio Sesi Peça por Peça, Prêmio Sesi Indústria Parceira da Escola e o Prêmio Sesi Indústria Parceira da Educação, que fazem parte da estratégia de mobilização. Há ainda as ações do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE), que envolvem cerca de 290 organizações, e o trabalho realizado em parceria com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (UNITAR) para a promoção de capacitações e cooperações técnicas pelo CIFAL Curitiba.
O Sistema Fiep também atua para levar informação a toda sociedade sobre as metas e indicadores dos ODS por meio do Portal ODS (www.portaldods.com.br): uma plataforma com os indicadores de todos os municípios brasileiros e que oferecem informações que podem orientar todos os setores da sociedade no planejamento e execução de projetos sociais, econômicos e ambientais. Recentemente, em parceria com o Pacto Global, lançou o HUB ODS Paraná, que visa aumentar o impacto regional nos ODS no estado por meio da troca de ideias, de tecnologia e de conhecimento entre empresas e organizações.
Informações: Agência FIEP
Imagem: AEN