O Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) e o Instituto Água e Terra (IAT) passam a integrar o Monitor de Secas, instituído pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Formalizado em julho deste ano, o programa faz o acompanhamento regular e sistemático da escassez hídrica no país.
A plataforma apresenta a condição da seca ocorrida no mês anterior e subsidia as políticas públicas de enfrentamento em cada Estado. Todo mês é produzido um mapa, em escala regional, classificando a seca nas zonas monitoradas em seis categorias segundo o grau de severidade: ausente, fraca, moderada, grave, extrema e excepcional.
Essa classificação adota o conceito de seca relativa, que considera o regime de chuvas característico do local. O produto também indica se a seca é de curta, média ou longa duração. “Essa iniciativa compartilhada em âmbito nacional constitui um avanço para o monitoramento e a gestão desse tipo de desastre ambiental no Paraná e no País por sistematizar e integrar os dados da seca no território”, afirma o diretor-presidente do Simepar, Eduardo Alvim Leite.
Os principais beneficiados são os setores agrícola, energético e de saneamento. “A importância do Monitor de Secas reside em subsidiar a tomada de decisões dos gestores públicos e fornecer à população uma visão clara das condições hidrológicas”, explica o diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro,
ESTRUTURA E METODOLOGIA – O Monitor de Secas é composto por instituições federais e estaduais com atuação nas áreas de previsão, monitoramento, pesquisa e resposta aos eventos de seca. A rede é composta pela instituição central – a ANA -, as autoras, validadoras, observadoras e provedoras de informação, operando de forma interativa e cooperativa.
A metodologia consiste em coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do mapa e validação. “Como instituições validadoras, o IAT e o Simepar avaliam os rascunhos relativos ao Paraná feitos pelas autoras ANA e a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), propondo eventuais ajustes, com base em dados de chuva e nível dos rios, abastecimento público (rodízio), perdas de safra agrícola, distribuição espacial e temporal das chuvas”, esclarece o chefe do Setor de Hidrometria do IAT, Paulo Eduardo Cavichiolo Franco.
Uma vez consolidada, a versão final do mapa é divulgada na Internet em www.monitordesecas.ana.gov.br. O aplicativo Monitor de Secas está disponível gratuitamente na Apple Store e Google Play. Também pode ser baixado fazendo a leitura do QR Code em monitordesecas.ana.gov.br/aplicativos.
TECNOLOGIA E EXPERTISE – O engenheiro hidrólogo e pesquisador do Simepar, Arlan Scortegagna, destaca a tecnologia de ponta e a expertise do órgão como ativos determinantes para produzir uma boa avaliação qualitativa dos estados da seca que leve em conta as particularidades do Paraná.
“No processo de validação, são utilizadas informações consolidadas de monitoramento hidrometeorológico provenientes das medições pluviométricas e fluviométricas nos principais rios paranaenses, bem como dados obtidos de radares e de uma constelação de satélites”, explica. Esses fatores são processados por computação de alto desempenho e interpretados pela equipe técnica do Simepar, produzindo conhecimento.
Para realizarem esse trabalho, os profissionais receberam o treinamento virtual ofertado pela ANA e ministrado por técnicos da Fundação Cearense de Meteorologia e a Funceme, instituição que desenvolveu a metodologia.
CENÁRIO ATUAL – No mapa lançado em 18 de setembro, o Paraná apresenta a situação mais crítica dentre as 19 unidades da Federação monitoradas. Todo o território paranaense está sendo atingido, com os maiores percentuais de seca grave (61,14%) e extrema (8,60%).
Segundo Scortegagna, esta é a pior seca observada na Região do Alto Iguaçu desde que começou o monitoramento em 1931 em União da Vitória. “As ocorrências mais expressivas foram registradas em 1963, 1985-86 e 2006”, explica.
Por estar localizada na cabeceira da Bacia do Rio Iguaçu, a Região de Curitiba é muito dependente da água dos reservatórios Passaúna, Iraí, Piraquara I e II. Devido aos baixos volumes disponíveis para abastecimento, o Simepar e o IAT propuseram aumentar o grau de severidade da classificação de grave para extrema. Já na faixa central do Estado – que vai do Oeste até o Litoral – a situação é classificada como grave. No extremo Norte, no Sul e no Sudoeste, a seca relativa é moderada.
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Imagens/informações: AEN.