O Padre Claudemir do Nascimento Leal, pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, participou de bate-papo durante o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero na Rádio Lagoa Dourada FM, nesta terça-feira (14).

Aos 55 anos de idade, o padre tem como trabalho principal a coordenadoria da Faculdade de Teologia e Filosofia para seminaristas e leigos, em Ponta Grossa, além do trabalho pastoral como pároco na igreja do Perpétuo Socorro há 18 anos e por muito tempo foi o único sacerdote negro da Diocese. “Eu sou conhecido na cidade como padre casamenteiro, fiz mais de mil casamentos. Quando eu comecei a fazer casamentos, na São José, eu entrava, já vestia o paramento e ia lá na frente pra verem que o padre era negro. Mas eu via claramente uma diferenciação. O racismo tem muito de vir junto com a gente mesmo, a discriminação existe, é fato, mas no convívio social é importante se impôr. Eu sou uma pessoa bem resolvida, tive dificuldade por muito tempo, mas me aceito como eu sou”, afirma.

Narcóticos Anônimos

Padre Claudemir conta que neste ano, a paróquia acolheu o projeto ‘Narcóticos Anônimos’, que tem como objetivo auxiliar pessoas em processo de recuperação das drogas. “Duas vezes por semana, eles se reúnem na quarta-feira à noite e no sábado à tarde, para fazer aquele processo de cura, que acontece sempre com a partilha, falando da vida, do dia a dia, das dificuldades”, pontua.

Para ele, ajudar ao próximo é fundamental já que, muitas vezes, o problema é estrutural e depende de muitos outros fatores, como no caso das drogas. “Eu moro na periferia, a gente vê as notícias de muitos jovens morrendo por causa de droga. É uma realidade triste. Para mim, a base é a educação, mas aí depende de outras políticas, não só da gente, não depende da igreja”, opina. “A gente fica julgando as pessoas, ‘aquele é preguiçoso, não quer trabalhar’ e isso nos coloca em uma omissão a respeito de ajudar alguém. O Padre Julio Lancelotti fala assim: “A misericórdia é ajudar quem precisa, não quem merece”. Se fosse por merecimento, ninguém fazia nada nessa vida”, completa.

Confira a entrevista completa: