As constatações são alarmantes. Os pesquisadores afirmam categoricamente que o aquecimento dos oceanos é gravíssimo, e em quinze anos, poderemos ter extinção em massa de corais e diversos tipos de invertebrados e algas marinhas. Com isso, a produção de novos medicamentos humanos, e a maioria da biodiversidade dos oceanos podem ser gravemente comprometidas. Estudos realizados por pesquisadores de diversas universidades e discutidos após novos levantamentos de campo em Fernando de Noronha em meados de setembro, reforçam essas previsões.
“As melhores evidências nos colocam o ano de 2040, como um momento que podemos chegar no aquecimento de mais dois graus celsius na temperatura global. Se nós mantivermos queimando combustível fóssil como carvão e petróleo, da forma que fazemos agora, adicionando gases estufa na atmosfera, poderemos ser os causadores da sexta extinção em massa em nosso planeta", aponta o professor PHD, Tito Lotufo, do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), um dos pesquisadores que esteve em Fernando de Noronha.
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“Esses resultados, revelados por estudos recentemente publicados, foram publicizados nas discussões que tivemos aqui em Fernando de Noronha, na expedição viabilizada pelo Programa Ecológico de Longa Duração (PELD ILOC), e pelo Projeto Coral Vivo, entre outras instituições e colaborações", confirma o professor PHD, Paulo Horta, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O alarme já disparou
O fato é que impondo aos nossos ecossistemas mais aquecimento e acidificação do oceano, isso compromete a saúde de corais, algas calcárias, e problemas em série para outros animais e plantas que dependem da estabilidade climática e da biogeoquímica, para sobreviver, para prosperar.
“As evidências científicas convergem que esse processo de aquecimento pode levar já em 2040 a um desaparecimento de até 70% dos nossos sistemas recifais, chegando aos 99 ou 100% no final desse século, ou seja, em 2100", alerta Paulo Horta, caso o aquecimento seja de 2 graus ou mais.
Impactos na vida humana
Além da produção de medicamentos, da produção de pescados, da purificação do ar e da água, outros fatores impactam diretamente na vida humana ao destruirmos os recifes de corais e as florestas marinhas.
“Esses sistemas recifais protegem nossas cidades costeiras da erosão. Se continuarmos com o aquecimento global, praias de todo o mundo, conhecidas por suas belezas, serão erodidas. Todo o processo de urbanização, toda a infraestrutura urbana, será comprometida. Tudo isso depende dos sistemas recifais para se manter literalmente de pé", aponta Paulo Horta.
Esses sistemas de fato filtram a água do mar, removendo poluentes e patógenos de todo o tipo, portanto as nossas praias por exemplo, que hoje são próprias para banho, poderão deixar de ser.
Alimentação e renda dependem de oceanos saudáveis
Não só a beleza da vida marinha está em risco. Se mantivermos o ritmo de destruição chegaremos num ponto de inflexão. “Se hoje os sistemas, apesar de suas fragilidades, e já estarem combalidos, ainda fornecem alimento para milhões de pessoas, em breve isso poderá deixar de existir", alerta o professor Paulo Horta.
“Alimento e renda, é importante dizer. Porque sim, o turismo, a pesca, a maricultura, são atividades econômicas, que dependem de sistemas recifais. Essas florestas são construídas por animais e plantas. Todos nós, assim como os animais marinhos e plantas, dependem dessas florestas saudáveis", destaca.
As florestas marinhas produzem oxigênio e absorveram milhares de milhões de toneladas de dióxido de carbono, e exportaram tudo isso para o oceano profundo.
Holocausto climático - Esses sistemas são fundamentais para a vida no planeta. No entanto, “desgovernos em diferentes escalas, municipais, estaduais, e claro, planetárias, estão alimentando o holocausto climático", afirma o professor.
“Para termos governança planetária, governança do oceano e para que nós tenhamos ações implementadas em todos os mares, propusemos, discutimos aqui em Fernando de Noronha o programa ‘Florestas Marinhas para Sempre’.
Esse programa pretende garantir financiamento não só para diagnóstico mas para ações contundentes, emergentes e urgentes, de saneamento, de tudo aquilo que seja tratamento para sistemas recifais, sistemas marinhos costeiros adoecidos, para que eles eles possam ser devidamente e urgentemente restaurados, garantindo suas contribuições para a própria natureza, e para as nossas sociedades, hoje e sempre", conclui Paulo Horta.
Das assessorias.