Sábado, 14 de Dezembro de 2024

Professor Everson Krum alerta sobre queda na cobertura vacinal contra a pólio

2022-09-02 às 11:57

O programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), recebeu nesta sexta (2), o professor Everson Krum, que destacou a alarmante queda na cobertura vacinal registrada pela campanha contra a paralisia infantil (poliomielite), entre as crianças de um ano a quatro anos, 11 meses e 29 dias, pois apenas de 27% o público-alvo teria sido imunizado.

Krum lamenta a pouca procura, ainda que tenha ocorrido campanha de multivacinação ao longo do mês de agosto, em todas as unidades de saúde e com um posto móvel – o Ônibus da Saúde. Krum destaca, ainda, que a vacina está disponível nas salas de imunização ao longo de todo o ano, basta procurar o postinho. Anualmente, a campanha de vacinação ocorre em junho, com dose de reforço em agosto.

“É preocupante, porque não temos casos de pólio desde 1989 e, agora, o vírus começou a circular novamente na América do Sul e nos Estados Unidos. Uma criança acometida pela pólio pode se tornar cadeirante, depender de ajuda, sendo que temos uma arma extremamente poderosa, disponível e gratuita. Está à disposição, é só ir lá tomar a vacina”.

Dependendo do ciclo, nos primeiros meses, a criança toma a vacina através de injeção e, depois, o reforço é feito com as gotinhas. “É fundamental que aumente o nível de vacinação contra a pólio. O risco que estamos correndo é de o vírus circular e termos, no futuro, crianças, adolescentes e adultos com deficiência”.

Devem ser vacinadas todas as crianças a partir dos seis meses de idade e menores de cinco anos. É importante ressaltar que o reforço deve ser aplicado todo ano, até a criança completar cinco anos de idade.

“Pais, mães, avôs, avós têm que levar as crianças para vacinar, precisamos subir esse índice. Com menos de 33% [de cobertura] o vírus circula, não tem proteção”, frisa.

Viroses infantis

O professor abordou algumas viroses que têm atingido crianças ao redor do mundo, como a recém-descoberta febre do tomate. “Uma revista científica divulgou casos ocorridos na Índia, que eles chamaram de gripe ou febre do tomate, porque a bolha que forma na pele das crianças evolui e fica avermelhada, lembrando um tomatinho. Por isso deram o nome de gripe ou febre do tomate”, diz.

A doença, que acomete geralmente crianças de até cinco anos, é causada por um vírus que ocasiona problemas estomacais e diarreia. Na Índia, começou a se manifestar em número maior entre crianças, que podem transmitir a virose para idosos e adultos, aumentando a circulação do vírus. Entretanto, Krum aponta que a taxa de letalidade da doença é baixa.

Na China, o vírus Langya henipavirus (LayV), que registrou cerca de 35 casos até o início de agosto, já está sob controle, de acordo com Krum. A infecção ocasiona sintomas como febre, fadiga, tosse, perda de apetite, dores musculares e vômitos. Pesquisas sugerem que sugerem que o musaranho (um pequeno mamífero parecido com um camundongo) pode ser um reservatório natural do henipavírus Langya.

Já a chamada varíola dos macacos continua tendo aumento de casos, porque já deixou de atingir a um grupo específico e começou a se proliferar e passou a ser transmitida, também, para crianças. “Vai parar só na hora que tiver vacinação [em massa]”, explica.

Amplitude térmica e imunidade

Krum comentou, ainda, sobre como a sucessão das estações do ano e a amplitude térmica observada na região, com oscilações térmicas e quebras bruscas de temperatura, interferem na nossa saúde. Frequentemente, as pessoas se resfriam em função dessa temperatura variável ao longo de um mesmo dia.

“Quando acontecem essas variações de temperatura e, principalmente, quando diminui a temperatura, algumas medidas que são não-farmacológicas – que não são medicamento – deixam de ser tomadas. Quando a temperatura está boa, não existe nada melhor do que a janela aberta. Quando esfria, as pessoas fecham as janelas e ficam próximas umas das outras. Temos, no nosso organismo, vírus e bactérias. Quando as pessoas ficam mais próximas, sem a devida proteção, começa a transmissão”, compara.

No caso de um choque térmico, por exemplo, quando a pessoa sai de um banho quente e, na rua, faz frio, também há risco de ficar resfriado. “Você tem uma variação térmica e teu organismo demora a se adaptar, aí o vírus toma conta, se estivermos com a imunidade desprotegida. Funcionamos sob boas condições. Na hora que varia isso, leva um tempo até o organismo se adaptar, que é coisa pequena”, afirma. Segundo Krum, um vírus latente aproveita esse momento de menor cuidado para se manifestar.

Piso da enfermagem

Krum também comentou a aprovação do piso nacional para os enfermeiros, pela Lei 14.434/2022, e a dificuldade que entidades e municípios enfrentam para se adequar ao valor estipulado: R$ 4.750 para enfermeiros e R$ 3.325 para técnicos (70% do piso dos enfermeiros).

“Uma outra Comissão na Câmara aprovou também o piso para fisioterapeutas e, ainda, está em discussão em outra Comissão da Câmara um piso para farmacêuticos. Essas classes estiveram, durante muito tempo, pleiteando e batalhando para que tivesse um piso, porque em alguns determinados locais, muito específicos, o valor que eles recebem é menor”.

O professor acredita que a questão toca nas fontes de financiamento dos hospitais e, entre elas, a necessidade urgente de atualização da tabela do SUS. “Vemos agora alguns candidatos discutindo sobre isso, mas tem que ser uma discussão muito aprofundada, porque a situação é seríssima. Acessei os dados do Ministério da Saúde para ver qual o valor que nosso país investe no SUS e, em específico, nos hospitais e, a cada ano, diminui o valor investido”, diz.

Confira a participação de Everson Krum na íntegra: