Em participação no programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Jonathan Jaworski, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda (7), a analista de marketing e comunicação da Unimed PG, do setor de Responsabilidade Social, falou sobre o projeto “Linda de Lenço”, que inspirou a produção do documentário “O Câncer não me define”, elaborado pelo publicitário Diego Azevedo e pela jornalista Veridiane Parize, ambos também produtores audiovisuais.
Segundo a analista de marketing e comunicação da Unimed PG, encarregada do setor de Responsabilidade Social da entidade, Cristiane Schwab, o documentário “O Câncer não me define” nasceu dentro do projeto “Linda de Lenço”, iniciativa que surgiu a partir da ideia de uma cooperada da Unimed, a médica radiologista Lucimara Maeda, em 2019. “Uma amiga dela teve o diagnóstico de câncer de mama e aí ela fez a quimioterapia e perdeu os cabelos”, conta.
Cristiane aponta que o tratamento de câncer em mulheres carrega o estigma da perda do cabelo – signo cultural bastante associado à feminilidade em si – e a mulher fica na dúvida sobre que recurso adotar, se peruca, lenço ou outro acessório. De acordo com Cristiane, a médica que iniciou o “Linda de Lenço” é também artesã. “Ela confeccionou um lenço que fosse de tecido fresco e que não fosse áspero, para não machucar a cabeça das pacientes”, explica.
O design do lenço criado pela médica Lucimara Maeda é adaptado para facilitar para as pacientes de tratamento de câncer poderem fixar o lenço com amarrações – lenços comuns têm o problema de serem escorregadios.
No primeiro ano do projeto “Linda de Lenço”, a Unimed confeccionou 800 lenços e fez uma ação com funcionários e funcionárias, que usaram o acessório uma vez na semana, a fim de demonstrar empatia e, justamente, buscar entender o ponto de vista de quem enfrenta o câncer.
O publicitário Diego Azevedo, um dos responsáveis pela produção do documentário “O Câncer não me define”, comenta que, antes do projeto “Linda de Lenço”, muitos dos colaboradores ainda não tinham vivenciado ou convivido com amigos, familiares ou pacientes que tivessem passado por um tratamento oncológico. Usar o lenço e conhecer o projeto os aproximou da realidade experimentada por mulheres que precisam lidar com essa questão que tanto afeta a autoestima durante o tratamento. “Passamos a imaginar, até porque não conseguimos nos colocar 100% no lugar, mas conseguimos ter uma noção”, diz.
“O lenço é muito importante, até teve uma das entrevistadas, que comentou que o diagnóstico de câncer dela foi no começo da pandemia e ela ficou mais em casa. Mas, quando ela tinha que sair na frente de casa, passava muita gente, ela pensava: ‘poxa, vou ter que colocar alguma coisa e ela colocava o lenço, para se sentir um pouco mais tranquila para sair”, cita a jornalista Veridiane Parize, também produtora visual do documentário.
A pandemia impediu que a Unimed PG realizasse as ações internas do projeto “Linda de Lenço”, conforme Cristiane e, nesse intervalo, foram confeccionados e doados 500 lenços em 2020 e outros 500 em 2021. “Neste ano de 2022, voltamos à ação com nossas colaboradoras e usamos os lenços nas terças-feiras do mês de outubro e fizemos mais 800 lenços”, frisa. Do início do projeto até hoje, foram confeccionados 2,6 mil lenços.
Cristiane destaca o impacto que o uso dos lenços pelas funcionárias ocasiona em clientes e pacientes, tanto da operadora do plano de saúde, quanto dos laboratórios e do hospital. “Quando a paciente chega e vê a colaboradora com o lenço, ela se sente muito acolhida”, enaltece. Conforme a analista de marketing, a iniciativa é interessante não apenas para que o colaborador tente se colocar no lugar da paciente, mas também para agir diferente com as pacientes.
Documentário
Diego e Veridiane relatam que, até iniciarem a produção do documentário “O Câncer não me define“, ainda não tinham vivenciado uma experiência próxima de pacientes com câncer. “Já imaginávamos que é doloroso para uma mulher perder o cabelo, mas não imaginava que tem outro lado: que são mulheres que, quando perdem o cabelo, até se sentem mais jovens e pode até melhorar a autoestima, em alguns casos. Mas não tínhamos consciência disso, antes de ter conhecido a Sheila, a Geraldine, a Natalie e a Bárbara, que são pessoas que participaram e ajudaram muito para que o documentário acontecesse”, menciona Diego.
O documentário apresenta relatos de três pacientes que ainda estão em tratamento oncológico, outras três que já passaram pelo tratamento e estão em remissão e dois médicos que tratam essa pacientes. O vídeo tem um pouco mais de uma hora de arte e apresenta tanto os depoimentos das pacientes quanto explicações técnicas dos oncologistas.
“Uma coisa que trazemos [no documentário], com os doutores, é que o mais importante na oncologia é o fator tempo: quanto antes você descobre, é melhor o tratamento. Trouxemos casos de algumas pacientes que já tinham casos na família e outras, não. Sentiu uma dorzinha, um incômodo e já foi procurar. Isso ajudou muito na quimioterapia, porque aí pôde fazer a quimio e se recuperar e hoje está bem, que é o caso da Bárbara, que descobriu o câncer aos 21 anos”, aponta Veridiane.
Segundo a jornalista e produtora visual do documentário, foi uma fala de Bárbara inspirou o título do projeto audiovisual. “Ela diz que o câncer não é algo com que ela se identifica, nem algo que a define”, aborda Veridiane, que conheceu a entrevistada ainda no curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Bárbara era veterana de Veridiane.
“Essas mulheres são muito mais do que um cabelo, do que uma perna, do que um seio. Elas são muito mais do que isso. E foi exatamente o que queríamos mostrar no documentário, desde o começo. Queríamos contar essas histórias de uma forma real, de uma forma verdadeira, sem sensacionalismo e de uma forma leve e muito sensível também”, define a jornalista.
Confira a entrevista na íntegra: