Em live do Quinta com Café, promovida pelo Sindicato Rural de Ponta Grossa, na noite desta quinta-feira (24), o presidente Gustavo Ribas Netto recebeu Lisiane Rocha Czech, presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares, vice-presidente do Sistema FAEP, e Aline Sleutjes, ex-deputada federal do Agro e ex-presidente da Comissão de Agricultura, para um bate-papo sobre a força da mulher no Agro.
Lisiane e Aline são duas mulheres que dão exemplos de liderança no setor do Agro no Paraná. Sleutjes conta que atualmente está morando em Brasília e agora atua como consultora do IPA, o Instituto Pensar Agro. “Continuo minhas tarefas, um pouco diferentes das que eu já tinha, mas obviamente ligadas a todo trâmite da Câmara, todos os projetos de interesse do nosso segmento, hoje trabalhando como consultora do IPA, que é o Instituto Pensar Agro, onde 51 instituições do segmento do Agro fazem parte e sou a ponte entre os projetos de interesse do segmento e a votação na Câmara Federal, buscando líderes, informações, trazendo suporte e trabalhando para que a gente consiga votar essas pautas significativas para o nosso agro”, conta.
Além das atribuições regionais, Lisiane também está à frente da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP “com o intuito de maneira alguma de ser um movimento feminista, nós queremos valorizar a família, fazer as propriedades ficarem melhores, sustentáveis, esse é um dos nossos propósitos. Esse mês foi bem intenso, com muitas ações nos sindicatos, teve muita reunião com mulheres, porque eu acho que a mulher merece ser valorizada”, pontua.
Desafios
Quando questionada sobre os desafios enfrentados pela mulher no Agro, Lisiane cita uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio que indica que “o principal fator é os funcionários e colaboradores não aceitam ser mandados por uma mulher e o segundo fator que também é um dos relevantes nesta pesquisa, é que os esposos, filhos e pais, não acreditam na capacidade da mulher”, diz.
Entretanto, como a pesquisa citada é de 2016, a presidente do Sindicato de Teixeira Soares opina que “a mulherada está indo atrás de conhecimento”, inclusive acrescenta que a Federação de Agricultura oferece várias oportunidades de profissionalização. “A gente tem todas as ferramentas pra isso, é só ela [a mulher] querer”, completa.
Já Aline Sleutjes destaca que as mulheres passam por dificuldades, não somente no Agro, mas em todas as situações, profissões e setores. “Porque a gente tem que acumular funções e a gente não deixa de ser a mãe, a esposa, a funcionária, profissional e isso impacta. Tem estudos que comprovam que 30% das mulheres desistem ou precisam desistir dos seus empregos quando ganham seus bebês, porque não tem vaga na creche, não tem quem cuide, ou porque o dinheiro que ela ganha não comporta de pagar uma pessoa para ficar na casa cuidando dos filhos para ela ir trabalhar. Enquanto só 7% dos homens têm que parar de trabalhar por causa dos filhos, isso já é uma situação que dificulta”, pondera.
No Agro, segundo a ex-deputada, o cenário está mudando e as conquistas estão evoluindo. “Temos mostrado nossa competência, os nossos valores, inclusive, a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) tem algumas pesquisas que nos deixam felizes, em que a gente já consegue visualizar o crescimento do número de mulheres administrando os negócios e principalmente no número de mulheres participando das cooperativas, que já são 38% e das mulheres trabalhadoras dentro do sistema cooperativista, já passamos os homens e somos 52%. O cooperativismo reconhece a força, o trabalho, o mérito, qualidade e competência profissional das mulheres”, observa.
Embora existam tantos desafios pelo caminho, Lisiane cita um estudo que aponta que 90% das mulheres são positivas quanto ao futuro delas no Agro. “A gente tem todas essas dificuldades, jornada tripla, salários diferentes, todos os problemas que a gente vê, mas a mulher é muito otimista, quando vemos nos grupos que estão agora brotando nos sindicatos do Paraná todo. Nós somos 6% apenas diretoras de sindicatos e presidentes. Nas cooperativas, me falaram que tem apenas uma mulher presidente de cooperativa de agronegócio no Brasil, isso é muito pouco. Temos um campo muito grande para crescer”, afirma.
“Estamos na luta para inspirar. Queremos que as mulheres saibam que elas têm em quem confiar, estamos formando redes de apoio em quase todos os sindicatos do Paraná, se ela tem dificuldade em um assunto, tem com quem contar, ou sabe quem pode dar o caminho”, completa Lisiane Rocha Czech.
Sleutjes acrescenta que deseja ser exemplo, motivar e provar para as mulheres que é possível “chegar lá”. “Se a mulher tem desejo de liderança, indiferente de qual seja, na política, cooperativa, se for numa escola, advogada, empresária, médica, como doméstica, não interessa onde ela queira estar, precisamos enfatizar a importância da participação feminina e mostrar como podemos estar inseridas em tudo isso. Eu vejo que esses desafios provocam a todas nós a crescermos, estudarmos e nos dedicarmos cada vez mais”, conclui.
Confira a live completa: