Em entrevista ao programa Manhã Total com João Barbiero, na rádio Lagoa Dourada, nesta segunda-feira (7), o Delegado Chefe da 13ª Subdivisão Policial, Dr. Nagib Nassif Palma, falou sobre a criminalidade no município de Ponta Grossa. Nagib, que é delegado da Polícia Civil há 20 anos e recordista em número de chefias de subdivisões em cidades do interior do Estado, comenta sobre a onda de homicídios registradas no município nos últimos meses e explica em ordem cronológica dos fatos o que pode ter colaborado para a situação. "Hoje em dia já está bem monitorada esta situação, mas nós passamos, especialmente no ano passado, um aquecimento brutal nos homicídios. Nós tínhamos baixado muito a estatística do ano passado, então assusta um pouco mais", pontua. O delegado detalha. "É um cenário assim: Ponta Grossa tinha homicídios, é uma cidade grande, tem suas diferenças sociais, econômicas e o tráfico aqui é bastante pulverizado, é um tráfico mais 'doméstico', que fomenta um furto mais 'doméstico', mas tem outras complexidades. Mas como é doméstico, vem de tudo quanto é lugar", explica. Desestruturação do tráfico de drogas Após um trabalho de grande impacto envolvendo 'bocas de fumo' no ano de 2019, Nagib conta que a Polícia Civil, em conjunto com as demais forças policiais, desorganizaram a sistemática de tráfico e criminalidade que ocorria em diversos bairros de Ponta Grossa. "Primeiro ponto, a Polícia desestruturou o sistema de mercados tomados, 'esculhambamos' o mercado. Segundo ponto veio a pandemia e travou o crime. Porque as pessoas estavam isoladas, baixou tudo, furto, roubo", aponta Nagib Em 2020, durante a pandemia, também houveram solturas de presos, de acordo com o delegado. "Pega esse cenário todo e o que aconteceu? Está vindo meio que um efeito tsunami e começou a voltar os crimes. Represou tudo e começou a voltar, isso era meio previsível", declara. Nagib afirma que a maioria dos homicídios são de pessoas ligadas direta e indiretamente com o mundo do crime. "Lembra que eu falei que nós desestruturamos a rua? Então o que aconteceu: briga por mercado. Começaram outras organizações a lutar pelo mercado", diz. "Começamos a mapear essa situação, nós nos organizamos, identificamos as questões, e junto com as outras forças, fizemos uma força tarefa que começou a funcionar nesse ano", completa. Segundo Nagib, já houveram 11 prisões e foram apreendidas diversas armas de fogo. "Vai parar os homicídios, Doutor? Não sei, deu uma desaquecida, mas não tem como afirmar isso. O que eu posso afirmar é que as policias já sabem o que está acontecendo e está agindo, está ocorrendo essas prisões, agora é uma questão de caça gato e rato", finaliza. Confira a entrevista na íntegra: