A Santa Sé divulgou nesta segunda (21) o boletim médico oficial, que atesta que o Papa Francisco sofreu um acidente cardiovascular (AVC), seguido de coma e colapso cardiovascular irreversível. Neste ano, o pontífice lutou contra uma infecção que resultou em um quadro respiratório grave.
Francisco morreu na residência Santa Marta, onde ele morava, às 7h35 (horário local), e 2h35 (horário de Brasília). Foi o que confirmou o professor Andrea Arcangeli, diretor da Direção de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano, no relatório de óbito publicado pelo Vaticano.
A morte foi determinada por registro eletrocardiotanatográfico. O atestado de óbito afirma que Francisco entrou em coma antes de sua morte. O quadro de saúde foi agravado pelo episódio de pneumonia, hipertensão e diabete tipo 2. O documento informa, ainda, que o Papa apresentava histórico clínico de insuficiência respiratória aguda.
O papa permaneceu internado por 37 dias, antes de receber alta hospitalar. Apesar da recomendação médica de ficar em repouso, Francisco manteve aparições públicas, ao decidir abrir as celebrações da Semana Santa no Domingo de Ramos, no dia 13 de abril e conversou com fiéis sem auxílio de oxigênio suplementar. Na Quinta-Feira Santa (17), data que a Igreja Católica celebra no Lava Pés a instituição da Eucaristia, do Sacerdócio e da Igreja em si, Francisco esteve com 70 detentos em uma prisão de Roma.
Fiéis foram surpreendidos com aparições de Francisco na Basílica de São Pedro em dois dias seguidos. No sábado (19), cumprimentou fiéis, enquanto se deslocava numa cadeira de rodas. A última aparição em público foi no domingo de Páscoa (20), quando ele apareceu na varanda para abençoar os fiéis e desejar uma Feliz Páscoa.
Ainda nesta segunda (21), o corpo do Papa Francisco deve ser depositado no caixão em que ficará exposto por três dias na Basílica de São Pedro. O Colégio dos Cardeais ainda deve definir a data do funeral.
O Vaticano também divulgou nesta segunda (21) a íntegra do Testamento deixado pelo pontífice, escrito em 2022. Leia abaixo:
“Miserando atque Eligendo
Em Nome da Santíssima Trindade. Amém.
Sentindo que se aproxima o ocaso da minha vida terrena e com viva esperança na Vida Eterna, desejo expressar a minha vontade testamentária somente no que diz respeito ao local da minha sepultura.
Sempre confiei a minha vida e o ministério sacerdotal e episcopal à Mãe do Nosso Senhor, Maria Santíssima. Por isso, peço que os meus restos mortais repousem, esperando o dia da ressurreição, na Basílica Papal de Santa Maria Maior.
Desejo que a minha última viagem terrena se conclua precisamente neste antiquíssimo santuário Mariano, onde me dirigia para rezar no início e fim de cada Viagem Apostólica, para entregar confiadamente as minhas intenções à Mãe Imaculada e agradecer-Lhe pelo dócil e materno cuidado.
Peço que o meu túmulo seja preparado no nicho do corredor lateral entre a Capela Paulina (Capela da Salus Populi Romani) e a Capela Sforza desta mesma Basílica Papal, como indicado no anexo.
O túmulo deve ser no chão; simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus.
As despesas para a preparação da minha sepultura serão cobertas pela soma do benfeitor que providenciei, a ser transferida para a Basílica Papal de Santa Maria Maior e para a qual dei instruções apropriadas ao Arcebispo Rolandas Makrickas, Comissário Extraordinário do Cabido da Basílica.
Que o Senhor dê a merecida recompensa àqueles que me quiseram bem e que continuarão a rezar por mim. O sofrimento que esteve presente na última parte de minha vida eu o ofereço ao Senhor pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos.
Santa Marta, 29 de junho de 2022″